Canaletto – Guardi

Os dois mestres de Veneza

CANALETTO - Praça de São Marcos, 1723 - ost 141,5 x 204,5 cm
FRANCESCO GUARDI - Praça de São Marcos, 1785 - ost 35 x 45 cm

Cerca de 50 obras dedicadas a Veneza foram reunidas no museu Jacquemart-André, em Paris. Apesar do título, a exposição não apresenta apenas trabalhos de Giovanni Canal (Canaletto) e Francesco Guardi mas, também, de outros artistas como Gaspar van Wittel, Luca Carlevarijs, Bernardo Bellotto e Michele Marieschi.  Bozena Anna Kowalczyk, especialista em pinturas italiana do século XVIII, reconhecida internacionalmente, é a curadora geral desta mostra que só foi possível graças ao apoio dos principais museus europeus e americanos.


Alfredo Volpi

A alcunha "pintor das bandeirinhas", pela qual Alfredo Volpi é tão conhecido, longe de injustiçar seu talento, define uma das características mais importantes de sua obra: a influência das imagens de sua infância passada no subúrbio paulistano. As ruas enfeitadas nos dias de festa dos imigrantes foram representadas através da vida do pintor e englobadas por todas as suas fases evolutivas. Segundo Lorenzo Mammí, "Alfredo Volpi foi um homem quase iletrado, mas um pintor de grande cultura visual. Num país caracterizado por explosões artísticas de curta duração, produziu por quase setenta anos uma pintura de qualidade. Sua arte nunca deu saltos. Foi nessa digestão lenta, mais do que na indigestão antropofágica, que veio à tona um modelo convincente de arte moderna brasileira. O modernismo de Volpi é um modernismo da memória, afetivo e artesanal, de marcha lenta e voz mansa".
Nascido em Lucca, Itália, em1896, Volpi se transfere com os pais para São Paulo com um ano de idade e passa a viver em um dos muitos subúrbios de população predominantemente imigrante da cidade. Trabalha, a princípio, como pintor de paredes, mas aos 19 anos, autodidata, começa a dar mostras de seu talento executando afrescos nas paredes de várias residências.


Suas primeiras pinturas são simples e têm cores vibrantes. Segundo o livro A Pintura Brasileira, da Abril Cultural, "É o subúrbio paulistano, meio cidade, meio roça, que vive a cada instante na pintura do artista". Porém, é somente perto dos 30 anos que Volpi entra em contato com o ambiente das artes de São Paulo, participando da formação do Grupo Santa Helena, em 1935; do grupo de fundadores do Sindicato dos Artistas Plásticos de São Paulo, no ano seguinte e em 1937 integra a Família Artística Paulista.
O Grupo Santa Helena se formou com a instalação gradual de ateliês de artistas no Palacete Santa Helena, na Praça da Sé, que se tornou ponto de encontro para sessões de modelo vivo e discussões sobre arte. Os "santelenistas" eram, em geral, imigrantes ou descendentes de imigrantes de origem humilde e registraram em suas obras a vida cotidiana da cidade e seus arredores. Dele participaram artistas como Francisco Rebolo, Bonadei, Clóvis Graciano, Mario Zanini e Fulvio Pennacchi.
A Família Artística Paulista, liderada por Rossi Osir e Waldemar da Costa, contou com a participação de vários artistas, dentre os quais os membros do Grupo Santa Helena. Segundo Paulo Mendes de Almeida, a FAP "significou um poderoso estímulo à formação de uma consciência profissional nos jovens artistas brasileiros, especialmente nos de São Paulo, e representou, sem dúvida, um importante passo na evolução da arte moderna no país". O grupo realizou três exposições: em 1937, no Hotel Esplanada, em 1939 no Automóvel Clube, ambas em São Paulo, e em 1940, no Palace Hotel do Rio de Janeiro. Essas mostras, juntamente com o Salão de Maio, eram as principais exposições de arte moderna paulista na época. Entre seus integrantes mais ilustres estavam Anita Malfatti, Candido Portinari, Carlos Scliar e Clóvis Graciano.
Ao lado de alguns dos mais brilhantes artistas paulistanos de seu tempo, o talento de Volpi pôde se revelar e acabou sendo reconhecido. O pintor participou de numerosas exposições, coletivas e individuais e recebeu um Premio de Viagem ao Exterior no Salão Nacional de Belas Artes em 1950.
A oportunidade de sair do Brasil o leva à Itália, onde entra em contato com a arte renascentista, o que iria refletir-se em sua obra. Volpi jamais admitiu a influência de pintores ou movimentos sobre sua arte, mas alguns críticos apontam referências do pintor italiano Ernesto De Fiori em obras do fim da década de 30 e início da década de 40.
A partir da década de 50, passa a executar pinturas que gradativamente caminham para a abstração. É convidado a participar, em 1956 e 1957, das Exposições Nacionais de Arte Concreta e mantém contato com artistas e poetas do grupo concreto. Segundo Olívio Tavares de Araújo, "Do final da década de 40 para frente, a realidade já não surge sequer como estímulo, mas apenas como um repositório de imagens, um repertório iconográfico do qual Volpi retira formas avulsas existentes - portas, janelas, telhados, ruas, pátios, barcos, gradis, linhas do mar ou do horizonte - como se fossem signos abstratos. (...) Daí em diante, começa a série de fachadas; e com elas se abre a porta à pura abstração geométrica". Ainda sobre o tema, Sônia Salzstein diz que "no princípio da década de 1950, surgiram as primeiras pinturas de Volpi projetadas num espaço plenamente bidimensional. Sabemos que desde a segunda metade da década de 40, mesmo antes do advento pleno daquele espaço bidimensional, Volpi vinha lidando com a noção de superfície de uma posição quase solitária no meio de arte brasileira. O campo da representação se revelava reduzido a um repertório de elementos constantes, cuja função narrativa o pintor pacientemente limava, até que no abrir da década de 1950 eles viessem à tona em um jogo de elementos formais móveis e permutáveis, embora nesse processo jamais se perdesse a referência afetiva do subúrbio e não houvesse dúvida de que ali se tratava de uma retratada memória familiar de fachadas e janelas".


Em 1953, na II Bienal de São Paulo, vem a consagração: o prêmio de melhor pintor brasileiro, dividido com Di Cavalcanti. Ainda assim, Volpi continua se transformando: a influência do movimento concretista se faz sentir entre 55 e 57, sem, contudo, apagar as influências de sua origem. "Os retângulos da tela, em forma de xadrez, nada mais são do que uma recomposição das bandeirinhas esticadas ao vento nos bairros paulistanos em dia de festa. O subúrbio permanece e renasce, mesmo sob formas abstratas". Em 1958 recebe o Prêmio Guggenheim e é escolhido como o melhor pintor brasileiro pela crítica de arte do Rio de Janeiro em 1962 e 1966.
As retrospectivas do Museu de Arte Moderna do Rio, em 1957 e da VI Bienal de São Paulo, em 1961, além das participações na Bienal de Veneza, situaram-no como um dos pintores brasileiros vivos mais apreciados pelo público e pela crítica. Está presente no álbum de gravuras editado em 1971 sobre o Grupo Santa Helena. Em 1975, Olívio Tavares de Araújo realiza o documentário Alfredo Volpi. O pintor faleceu em São Paulo, em 1988, aos 92 anos de idade.

Benedito Calixto

Reprodução em cartão postal de uma tela de Benedito Calixto retratando o Porto de Santos com veleiros ancorados em frente ao trapiche em 1882
Muito conhecido como um dos ícones na pintura de marinhas, Benedito Calixto de Jesus também baseou seu trabalho na realização de paisagens, pintura de gênero, retrato, tendo reinventado sua obra na pintura histórica e na pintura sacra. Pintor figurativo, passou pelo Academismo, Realismo e Naturalismo. Em 2013 completa-se 160 anos de seu nascimento e alguns eventos estão previstos para comemorar a data. Nascido em Conceição de Itanhaém, litoral paulista, em outubro de 1853, o artista iniciou sua carreira no interior, na cidade de Brotas, ainda autodidata. Sua primeira exposição aconteceu em 1881, na sede do jornal Correio Paulistano, em São Paulo. Uma de suas obras mais notórias, que perdura até os dias de hoje, foi feita nessa mesma época, no início de sua carreira - a decoração do Teatro Guarani, em Santos.
Por esse trabalho, foi premiado com a bolsa de estudos e a viagem para Paris, feita em 1883. Lá teve a oportunidade de estudar no ateliê Raffaelli e na Academia Julien, onde foi aluno de Gustave Boulanger, Jules Lefebvre e Robert Fleury. Dois anos depois, retorna ao Brasil e fixa-se na cidade de Santos. Retrata esplendidamente a cidade que escolheu para viver e pintar. Suas marinhas ganham grande notoriedade pela riqueza de detalhes. O então recente e grandioso Porto de Santos, principal porta de entrada do Brasil, obtém atenção especial de Benedito. Paralelamente, dedica-se ao magistério.
Benedito Calixto desenvolveu o conjunto de sua obra no momento de transição entre os séculos XIX e XX. Cada tela sua é de suma importância para a documentação histórica da iconografia da cidade de Santos e seus arredores, como Itanhaém e São Vicente, que já despontavam como balneário preferido dos paulistas.  Nas telas de Calixto as ruas da cidade ainda são repletas de casarios remanescentes da arquitetura colonial, cenários muitas vezes irreconhecíveis nos dias de hoje. Telas panorâmicas revelam a natureza em toda sua plenitude. Era comum o pintor se utilizar da fotografia para ajudar a manter a fidelidade de suas telas mas, apesar desse comprometimento com o realismo, o aspecto emocional prossegue mantido, devido à forte relação afetiva que existia entre Benedito e sua cidade, suas praias, criando um paradoxo entre a modernização civilizadora da topografia e a força da natureza.
Um segundo momento importante da carreira do artista é a pintura histórica. Realiza inúmeros trabalhos por encomenda do Estado. Apaixonado pela história paulista, pesquisa e escreve sobre o passado e esse envolvimento se reflete em seus quadros, que passam a contar, plasticamente, uma parte dessa história. Padre Anchieta, Martim Afonso e os índios povoam seus pensamentos, e o pintor chega a realizar teatralmente reconstituições  de cenas históricas para ter uma visão mais profunda daquilo que deseja reproduzir em tela. Muito se comprova hoje em dia com a simples observação dessas telas, como o provincianismo e a vida pacata que se gozava em São Vicente, Santos e até mesmo em São Paulo, que na época já era a maior cidade do país.
Como "abandonara" as rédeas curtas do academismo, na época em que voltou de Paris sem completar seu ciclo de estudos, Benedito Calixto não realizou muitas exposições nem inscreveu seus trabalhos com insistência nos salões de arte. Naqueles em que sua obra se fez presente, sempre teve seu trabalho reconhecido e foi agraciado com medalhas e títulos em honra ao mérito. A maior parte das exposições aconteceu depois de sua morte, em 1927.  Antes disso, no ano de 1924, o pintor recebeu do Papa Pio IX a Comenda e a Cruz de São Silvestre, por serviços prestados à Igreja por meio da sua arte.
Arte Sacra
Muitas igrejas do litoral paulista e de municípios vizinhos foram decoradas com telas pintadas por Benedito Calixto. A arte sacra foi uma de suas paixões por ser também muito ligado às questões religiosas. Dentre as obras que mais se destacam e valem a pena ser vistas de perto estão os murais das catedrais de Santos e Ribeirão Preto e a decoração das igrejas de Santa Cecília, Consolação e Santa Ifigênia, em São Paulo. As últimas obras do artista foram 14 telas feitas na Matriz de São João Batista, em Bocaina. Uma curiosidade sobre essa obra é que ela deveria ter sido realizada na Matriz de Jaú, mas a insistência do vigário José Maria Alberto Soares, que estabeleceu longa e intensa correspondência com o pintor, trouxe o trabalho para sua cidade. Suas cartas relatavam a limitação financeira da paróquia mas reiteravam o desejo de ter telas do pintor em suas modestas instalações. A eloqüência e tenacidade das palavras do vigário promoveram uma verdadeira comunhão entre ele e o artista. Sensibilizado, Benedito Calixto resolveu atender aos apelo do padre José Maria e em setembro de 1923 dirigiu-se para Bocaina a fim de realizar este, que seria seu último trabalho.
Pelas comemorações dos 150 anos de seu nascimento, a Fundação Benedito Calixto  lançou em setembro último, no Jockey Clube de São Paulo, o livro "Benedito Calixto - um pintor à beira mar", que reúne belas imagens de reproduções de telas suas e diversos ensaios para a compreensão de sua obra. Criada para catalogar e desenvolver pesquisas sobre a vida do pintor, a fundação já fez um levantamento de 700 obras autênticas, entre pinturas e desenhos. A última descoberta foi na ocasião do lançamento do livro, uma família da cidade de Amparo que possui 11 quadros de Calixto.
Benedito Calixto de Jesus é apontado como um dos maiores pintores oitocentistas do Brasil e o valor histórico de sua obra é considerado imensurável. Talvez porque não visse as artes plásticas como uma linguagem autônoma, mas uma das inúmeras formas que existem de se contar uma história, de se tecer uma narrativa situada no contexto de uma época.

Dan Galeria apresenta: O Olhar Atual de Amelia Toledo

A galeria paulistana reúne obras conceituadas e criações recentes da aplaudida artista Amelia Toledo. A contemporaneidade da obra de Amelia Toledo acompanhada da sua inquietude de produção é sintetizada no nome da exposição "O Olhar Atual", que entrou em cartaz no dia 24 de novembro, na Dan Galeria.
Obras produzidas nos mais de 50 anos de carreira da artista poderão ser vistas ou revistas em sua diversidade de plataformas, substâncias e experiências. O aproveitamento das diferentes matérias faz do trabalho de Amelia totalmente plural. Desde as suas Joias cinéticas, adornos de metal, pedras ou bronze que lidam com o espaço formado pelo vazio, até O Mundo de Espelhos, instalação que permite o reflexo do entorno e da própria obra em si mesma, a relação entre os materiais e seu encontro é o que sempre intrigou Amelia, pois elas provocam uma série de experiências para aqueles que os observam.
Sem título em amarelo 2010
"Meu trabalho tem tudo a ver com essa diversidade de materiais e a propriedade de cada substância. É o comportamento das matérias, suas técnicas e propriedade que despertam o meu interesse". Para além do olhar, as obras penetráveis de Amelia também permitem a utilização do corpo do espectador, que passa a participar da obra ao passear pela mesma. O movimento dos corpos frente aos enormes tecidos de obras como Oceânico ou Caderno de Terra fazem-nos enxergar diferentes pinturas. Nesse sentido, os penetráveis são "um leque de cores frias", que sugerem o espaço de abertura para o olhar do observador. As obras públicas de Amelia, como a Programação Cromática no viaduto da Avenida 23 de maio, e o Parque das Cores do Escuro na Vila Maria, ambas em São Paulo, também têm a mesma proposição da apropriação da obra pelo espectador, além de trazer ao espaço público os materiais não convencionais àquele lugar. "Obra pública é muito importante, porque fica", acrescenta Amelia, que considera a Paisagem subterrânea, obra na estação Arcoverde de metrô, no Rio de Janeiro, a sua obra pública mais completa.
Sem título em azul 2010
Obras da série Horizontes, uma mescla de pintura e escultura, também estarão presentes na exposição, que fica até 24 de janeiro de 2013. A investigação do espaço da paisagem no espaço pictórico fica evidente em obras como Fatia de Horizonte, formada por chapas que refletem a paisagem produzindo um horizonte vertical e suspenso. A artista autodidata nasceu em um berço que misturava os dotes artísticos de sua mãe e a produção científica de seu pai e foi desta escola que Amelia passou a admirar os materiais e fazer deles obras de arte. Além das consagradas obras produzidas desde a década de 70, a exposição apresentará duas obras inéditas da artista: "A exposição é um conjunto da obra e tem trabalhos novos que estou pensando agora e ainda não fiz. Quero que o espaço se torne uma coisa só".

Serviço
Amelia Toledo - O Olhar Atual
Visitação: até 24 de janeiro de 2013 - de segunda a sexta, das 10h às 18h; sábados das 10h às 13h 
DAN GALERIA: Rua Estados Unidos, 1638, São Paulo
Tel.: 11 3083.4600
De segunda a sexta, das 10h às 18h; sábados das 10h às 13h
www.dangaleria.com.br 

O efeito Cintra

Única galerista carioca participante do comitê de seleção da ArtRio – Feira Internacional de Arte Contemporânea, Juliana Cintra deu uma entrevista a um jornal de grande circulação, onde desancou as galerias de arte do Rio de Janeiro. Disse, entre outras coisas, que as galerias do Rio não tinham nível para participar da feira. Afirmou que muita gente caiu de paraquedas no mercado de arte, chamou uma meia dúzia de mentirosos e outros de semi-analfabetos.

No final das contas, o número de galerias do Rio de Janeiro que participou do evento ficou igual ao número de galerias de São Paulo, o que demonstra que o número de galerias sem nível do Rio, não é assim tão grande. O problema é que, com sua entrevista, Juliana Cintra expôs diversos problemas do mercado de arte que muita gente sabe que existe, mas não divulga. Problemas que vão desde preços inflados, passando por informações erronias, chegando até procedência e autenticidade.

O comitê de seleção da ArtRio foi extinto no primeiro dia da feira, num bafafá não explicado. O que ficou foi a certeza que galerias sem nível realmente existem, não só no Rio, como também nos outros estados e até no exterior, como provam algumas galerias estrangeiras presentes ao evento. Numa delas, um conhecido colecionador brasileiro foi repreendido por jogar um copo descartável de café numa caixa, que ele pensava ser para lixo, mas na verdade era uma “obra de arte”.

Mas, essa “falta de nível” não se resume apenas a obras de arte duvidosas ou superavaliadas. Faltam a muitos donos de galerias de arte competência, conhecimento e capacidade de catalogar, identificar e avaliar obras de arte, e, principalmente, oferecer ao comprador uma “expertise” segura. E são esses, justamente esses, os mais incompetentes, que exibem uma pose característica do mercado, que é o “nariz em pé”. Olham para você com um ar de superioridade tão grande, que você se sente um
inseto.

Lá fora, as casas de leilões, galerias e museus se utilizam dos serviços de profissionais altamente especializados. Um deles é especialista em arte moderna do século XX, o que já é muita coisa, outro em pintura da Escola Veneziana, outro nos Impressionistas, e por aí vai, chegando ao requinte de existir um especialista apenas para um determinado artista. Ou seja, o cara estuda a vida toda para identificar as obras de um único pintor.

Aqui no Brasil, com raras exceções, o marchand ou galerista se arvora a emitir parecer sobre obras de artistas desde a Missão Francesa, pintores viajantes, passando pelos modernistas e outros “istas” até as obras de arte contemporâneas. Se existisse mesmo alguém com essa capacidade, este sim, teria o direito de andar com o “nariz em pé”. Mas não existe. O que existe são práticas condenáveis, como por exemplo, depreciar as obras do concorrente, ou alguém aqui desconhece o famoso parecer: “O quadro não é bom!”; ou então pior: “Não gostei!” Não gostou de que cara-pálida, do estilo, do tema, da paisagem, da técnica, das cores... ? Mas não, esse simples “Não gostei” planta uma dúvida na mente do comprador e às vezes condena sem apelação uma obra de arte.

Claro que aqui existem muitos leiloeiros e galeristas criteriosos, corretos e honestos, que se preocupam em estudar, avaliar e determinar a procedência e a autenticidade das obras de arte antes de colocá-las no mercado. Mas não estamos falando desses excelentes profissionais.

Este artigo é sobre os outros, os galeristas “sem nível” de “nariz em pé”.

Museu particular põe à venda suas obras!

Ermida, oratório de parede-  Med 2,10 X 1,85 m.
Mestre Aleijadinho com pinturas internas do Mestre Ataíde


Sob a realização da Began Antiguidades e comando do leiloeiro e antiquário Luiz Claudio Bez, e organização e coordenação da marchand  Leslie Diniz, estará acontecendo, nos próximos dias 11 e 12 de dezembro, um Grande Leilão Residencial do Museu de Reginaldo e Beth Bertholino.
O leilão contará com grande acervo de arte sacra, móveis, tapetes, pratas, cristais, porcelanas, imagens e livros de arte. Destaques para 4 obras do mestre Aleijadinho; santos e pratas dos séculos XVII, XVIII e XIX (europeus e brasileiros); lampadário Sabará; cômoda papeleira em jacarandá, Séc. XVIII; quadro do grande expoente da pintura internacional A. Lhote, dentre outros.
São José - Mestre Aleijadinho

Reginaldo é um colecionador muito conhecido no mercado há mais de 50 anos.   Sua mansão no Morumbi:  "Museu Reginaldo Bertholino",  abrirá suas portas para o público este mês, dando oportunidade para que este possa apreciar e adquirir a grande coleção de obras de artes deste notável colecionador, garimpadas ao longo de sua vida.
Conforme relato do próprio: ... "Agora com outro projeto de vida, colocamos  à venda esse precioso acervo, para dar lugar a um futuro museu que terá um cunho totalmente social."
Santa Úrsula - Mestre Aleijadinho
Isto significa que, após o leilão, a mansão se tornará o "Museu Scarlett O´Hara", protagonista do clássico "E o Vento Levou", pelo fato de que Beth Barreto sempre foi fã ardorosa  e colecionadora de peças e vestuários do filme e de Vivien Leigh. A mansão também é uma réplica perfeita de "Tara". Nem precisamos lembrar que este evento promete ser um acontecimento único!!!





A. LHOTE (1885-1962)- Le Toit raye
O.S.T - 41 x 33 cm

Invisibilidade

Ricardo Kimaid

Se olharmos para a agenda de realizações ocorridas esse ano, privilegiando as artes plásticas, com exceção da exposição Impressionismo: Paris e a modernidade, Obras-Primas do Acervo do Museu d'Orsay de Paris, França no CCBB, com a maravilhosa coleção de obras impressionistas ainda em andamento, constataremos que as abordagens das demais foram voltadas especificamente para o que chamam de arte contemporânea.
Aliás, não tão somente esse ano, mas também os últimos cinco anos ou mais, as principais feiras e as bienais, entre os demais eventos de maior importância, não reservam o menor espaço para a arte moderna ou a arte acadêmica, para contemplar o público mais exigente, culturalmente falando, mostrando acervos ou coleções importantes, quer sejam particulares, de centros culturais ou de museus.
Negar às novas gerações, o conhecimento sobre a arte precedente a sua época, é torná-la invisível aos olhos dos leigos. Faz parecer um procedimento de discriminação cruel com a arte e artista que movimentaram durante décadas nosso mercado doméstico de arte, uma vez que nos países europeus ainda se preservam tradições.
Quando acenam com eventos pinçando obras de artistas consagrados pelo seu histórico  no secular cenário das artes plásticas, se o fizessem mais repetidamente, poder-se-ia fazer melhor avaliação comparativa sobre a real preferência do público apreciador.
A maior prova disso está nas intermináveis filas que diariamente invadem os espaços onde ocorre a mostra dos modernistas do fim do século XIX e início do século XX no CCBB. Grande parte desses visitantes é jovem, e nota-se que por parte deles há um manifesto de grande interesse em conhecer o histórico sobre os artistas impressionistas: sua obra e sua vida.
Nota-se que, existindo troca entre a obra de arte e o espectador, atinge-se o aspecto crucial que acaba por definir o verdadeiro sentido do que seja arte em toda sua magnitude. Por que tão pouco se investe nessa alternativa?
Eventos dessa envergadura deveriam estar sendo exibido no Museu Nacional de Belas Artes, e repetidamente.
À bem da verdade, nossos museus vivem as moscas, não sei se por falta de verbas, ou despreparo em suas administrações. O fato é que seus dirigentes deveriam relacionar-se com os demais museus mundo a fora, trocando seus acervos temporariamente com exposições diversas, o que, com certeza, dariam maior vitalidade às suas agendas de realizações culturais.
Contribuindo para esse descaso, não temos uma imprensa devidamente preparada para pinçar nas agendas de exposições, o que seria de melhor relevância para apresentar ao público. Ficamos então, ao sabor da mídia, que, sem sair dos seus assentos, não postam realizações que não venham sublinhadas pelas grifes eleitas por suas veiculações.
Por vezes me aventuro em comparecer a algumas dessas feiras para ver se encontro algo de real e novo que justifique a presença de quem aprecia realmente artes plásticas, e saio com a triste constatação que não existe mais espaço para piorar o que já é ruim demais.
Fico imaginando a dificuldade que as colunas da imprensa dedicadas às artes plásticas têm em fazer matérias sobre alguns ícones da pintura brasileira. Nomes como Visconti, Belmiro de Almeida, Castagneto, Fachinetti, Panceti, Guignard, entre tantos outros artistas que construíram para a verdadeira academia de arte. A falta de preparo de seus editores colide com a realidade dos fatos, e, com isso, estão condenando nossos ícones da pintura brasileira ao esquecimento, e lentamente apagando-os da memória cultural do país.
Lamentável!!!
Aos leitores desta revista, ensejo de boas festas, e um feliz ano novo que se aproxima; mais humano, menos virtual. Saúde e Paz para todos.

Ricardo Kimaid
tel. 21 2273-3398

São Paulo: Arte & Estilo

Rommulo Vieira Conceição faz individual em São Paulo 

Rommulo Vieira Conceição - “Entre
Jovem artista que demarcou forte presença em 2011 na 8ª Bienal do Mercosul (Porto Alegre) e em "Agora/Ágora", coletiva de elenco internacional onde seu trabalho SuperCinema foi o núcleo da mostra, realizada pela curadora Angélica de Moraes para o Santander Cultural de Porto Alegre, Rommulo Vieira Conceição chega ao circuito expositivo de São Paulo com um conjunto de peças que frisa com nitidez a qualidade e o frescor de sua produção, em sintonia criativa com as novas linguagens da escultura e da fotografia contemporâneas.
Rommulo foi selecionado no Edital Prêmio Funarte de Arte Contemporânea 2012 para realizar a presente exposição, denominada "Através, Cuidadosamente". O título vem da série fotográfica inédita "CarefullyThrough", iniciada em 2009 na Finlândia e concluída em 2011 na Argentina. A mostra é composta ainda pela inédita escultura/instalação "Estruturas Dissipativas"e pelo objeto "Entre", de 2011, que participou da 8ª Bienal do Mercosul.
A obra de Rommulo é tributária de uma ampla vivência internacional. Desde 1998 ele realiza individuais, coletivas e residências no Brasil, Argentina, Austrália, Japão e Finlândia. Participou de Rumos Visuais Itaú Cultural (2006) e foi premiado pela Funarte (Fundação Nacional de Arte, órgão do MinC) em 2009. Nascido em Salvador (Bahia) e residindo atualmente em Porto Alegre (RS), faz dialogar em seus trabalhos as duas vertentes de sua formação: o doutorado em Geociências e o mestrado em Poéticas Visuais (Instituto de Artes), ambos pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. É representado em São Paulo pela galeria Casa Triângulo
Reunindo arte e ciência, Rommulo investiga os fenômenos de percepção e codificação do espaço em diversos meios: instalação, fotografia, objeto, escultura e desenho. Para sua exposição na Funarte/SP, as curadoras Angélica de Moraes e Bruna Fetter reuniram fotografias, objeto e escultura/instalação cujo eixo é a análise dos fenômenos de percepção ótica e semiótica do espaço. Ou seja, a investigação do modo como o espaço pode ser percebido e representado, assim como a simbologia que gravita em torno dessa percepção, potencializando a leitura e escavando nela uma dimensão poética.
As fotografias investigam a noção de visão panóptica, ou seja, aquele olhar totalizador que consegue abranger, de um único ponto de vista, toda a cena a sua frente. As imagens de interiores obtidas por Rommulo nos sóbrios espaços finlandeses e na atmosfera carregada de memória da Argentina nos provocam a reunir e interpretar indícios da personalidade e da história dos habitantes (nunca representados) daqueles espaços.
O objeto e a escultura/instalação, conforme o texto da curadoria, "promovem um rebatimento dessas questões panópticas para a tridimensionalidade, gerando arquiteturas impossíveis. Nesses trabalhos, observa-se a influência da escultura unmonumental, ou seja, a escultura contemporânea que se faz em oposição aos critérios tradicionais dessa expressão milenar. Não há monumentalidade, não há afirmação de certezas pétreas. As obras de Rommulo refletem a perplexidade com a fragmentação do entendimento de mundo deste século 21".
Assim, o objeto "Entre", ambíguo desde o título, é formado por três portas entreabertas de vidro e madeira laqueada nas cores verde e vermelha, dispostas paralelamente e deslocadas entre si por uma pequena distância. O vidro e a superfície laqueada das portas são capazes de refletir todo o espaço e essas mesmas portas nas suas próprias superfícies. "Neste momento, espaço e objeto se fundem e se sobrepõem num mesmo local, gerando opacidades e indagações".
A peça central da exposição é a escultura/instalação "Estruturas Dissipativas/Balanço". Conforme o texto curatorial, esse trabalho "mistura as fronteiras entre escultura, arquitetura e design de objetos, embaralhando espaço público e privado. A obra é composta por fragmentos de paredes, gavetas, revestimentos diversos e objetos do cotidiano caseiro. O protagonista é um balanço, utilizado pelos visitantes para ampliar o entendimento do que propõe essa máquina de entender o espaço complexo do século 21 e nossa vivência nele, cheia de percepções transitivas, momentâneas".
Rommulo Vieira Conceição é um artista visual que trabalha com diversos meios, como instalação, objetos, escultura, desenho e fotografia, explorando a percepção do espaço contemporâneo e as relações do homem contemporâneo no espaço. Nasceu em 1968, em Salvador/Bahia, onde começou seus estudos em artes sob a orientação da artista Célia Prata, no atelier da artista. Desde 2000 reside em Porto Alegre/RS, onde teve orientação artística de Jailton Moreira, no Espaço Torreão; e onde desenvolveu seu mestrado em poéticas visuais no Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul-UFRGS. Desde 1998 vem realizando exposições individuais e coletivas, além de residências artísticas no Brasil, na Argentina, na Austrália, no Japão e na Finlândia. Em 2006 participou do Rumos Itaú Cultural com o trabalho Quarto-Cozinha (2005/2006) no qual sobrepôs um quarto e uma cozinha, ambos totalmente operacionais. Em 2009 realizou uma exposição individual em Ekenäs, na Finlândia, onde iniciou uma série de desenhos monocromáticos. Entre os anos 2009 e 2010 fez parte do grupo "Pessoal" envolvendo dois artistas Chilenos e uma artista Argentina. Ganhou alguns prêmios, dentre os quais Rumos Itaú Cultural (2006), FUNARTE (2009 e 2012); PIPA (2010, 2011) e foi indicado duas vezes ao Prêmio Açorianos de Artes Plásticas (2010 e 2012). Atualmente, mora e trabalha em Porto Alegre, Rio Grande do Sul e em Salvador, Bahia. É representado pela Galeria Casa Triângulo de São Paulo.


Serviço
Rommulo Vieira Conceição - "Através, Cuidadosamente"
Abertura: 06 de dezembro, às 19h
Período expositivo: 07 de dezembro a 29 de janeiro de 2013
Local: Funarte São Paulo - Galeria Mario Schenberg
Campos Elíseos - Alameda Nothmann, 1058,
tel. (11) 3662-5177. Seg. a dom., 10h/21h.
http://www.funarte.gov.br

ArtRio abre inscrições para a edição 2013

As inscrições para a terceira edição da ArtRio, que acontecerá de 5 a 8 de setembro no Píer Mauá, já estão abertas e vão até o dia 10 de janeiro de 2013. Os galeristas interessados devem acessar o site da instituição (www.artrio.art.br/application2013/), preencher o formulário online e só depois enviar o material necessário pelo correio. Os formulários só serão avaliados mediante a confirmação do pagamento da taxa de inscrição, via cartão de crédito. As inscrição serão aceitas, impreterivelmente, até o dia 10 de janeiro de 2013. Entre os dias 10 e 20 de janeiro de 2013, os formulários de inscrição serão avaliados pelo Comitê de Seleção da ArtRio. A lista com as galerias aprovadas será divulgada no dia 30 de janeiro de 2013, através do portal www.artrio.art.br. Dúvidas são respondidas através do e-mail application@artrio.art.br.
A segunda edição da ArtRio - Feira Internacional de Arte Moderna e Contemporânea - aconteceu de 12 a 16 de setembro no Píer Mauá. O evento reuniu em cinco armazéns e um anexo do Píer o acervo de mais de uma centena de galerias nacionais e estrangeiras, com trabalhos que abrangem desde a arte moderna até novíssimas obras de arte contemporânea - muitas delas inéditas. Foram aproximadamente 18 mil m² de área de feira, com 6.900m² voltados para a arte internacional. O portal www.artrio.art.br conta com circuitos artísticos indicados por personalidades, entrevistas exclusivas e agenda de eventos de arte. A webradio "Artrio Sonora" também está no ar dentro do portal, com programação focada em arte sonora.
Vários eventos paralelos de arte acontecem pela cidade simultaneamente à feira. A ArtRio já é reconhecida pelo mercado internacional como uma das grandes feiras de arte do mundo.

O Impressionismo e a Moda no Museu d’Orsay

ALBERT BARTHOLOMÉ – Madame Bartholomé (1881), ost 233 x 142,5 cm

Vestido de verão de 1880 usado pela sra. Bartholomé

No momento em que a mostra Impressionismo: Paris e a modernidade, Obras-Primas do Acervo do Museu d'Orsay de Paris, França provoca filas imensas, primeiro em São Paulo e agora no Rio de Janeiro, uma maravilhosa exposição acontece no templo da pintura impressionista: O Impressionismo e a Moda.

Abadia de Westminster

Vista da fachada ocidental da Abadia de Westminster

A Igreja do Colegiado de São Pedro em Westmisnter, mais conhecida como Abadia de Westminster (Westminster Abbey), é uma grande igreja em estilo gótico, sendo considerada a igreja mais importante de Londres, e, talvez, de toda a Inglaterra. Ao longo dos séculos a Abadia de Westminster vem sendo utilizada para as coroações dos monarcas britânicos e outras cerimônias religiosas da família real. A Abadia é considerada o coração da nação, estando localizada ao lado do Parlamento e das dependências do governo. É o símbolo da aliança entre a Igreja e o Estado. Serve à nação recebendo chefes de estado e outros dignitários em visita oficial, além de celebrar ofícios especiais para comemorar acontecimentos de júbilo e datas nacionais. Entre 1546 e 1556 obteve status de Catedral e atualmente é uma Royal Peculiar.
Fundada como um grande monastério beneditino, a abadia do west minster (igreja do oeste) ainda conserva muito daquela tradição de vida disciplinada de oração, trabalho e estudo. Foi católica de 1050 a 1534, é Anglicana de 1534 aos dias atuais. Na Abadia se encontram enterrados ou festejados reis, nobres e muitos dos personagens históricos e intelectuais importantes da Grã Bretanha. Lá estão sepultados os corpos do famoso físico inglês Sir Isaac Newton, Charles Darwin, Charles Dickens e do ator Laurence Olivier, entre outros.

Vista da nave da igreja

Não se sabe exatamente quando se construiu a primeira igreja no local onde hoje se ergue a Abadia de Westminster, mas sabe-se que foi há mais de mil anos (atrás). Na época, aquela área era um pântano inóspito. A igreja ficava numa ilha chamada Thorney Island (Ilha de Espinhos), rodeada por afluentes do rio Tamisa. Existem vários mitos e lendas acerca da origem da Abadia. Uma delas diz que o rei Seberto, falecido em 616 d.C., rei dos saxões do leste, fundou esta igreja em 604. No século XIV os monges, convencidos desse fato, desenterraram no claustro o que acreditavam serem os ossos do rei Seberto e os enterraram de novo ao lado do altar mor.

Deixando as lendas de lado, a história conta que em 960 Dunstan, o bispo de Londres, trouxe 12 monges beneditinos de Glastonbury, para fundar um monastério em Westminster. Um século mais tarde o rei Eduardo, o Confessor, assim chamado por ser considerado um homem santo, fundou sua igreja neste lugar. Foi a primeira igreja construída na Inglaterra em formato de cruz.  Eduardo nasceu na Inglaterra em 1005, mas foi expulso pelos dinamarqueses. Dizem que durante o seu exílio na Normandia, Eduardo fez uma promessa de que, se fosse  reintegrado ao seu reino, iria em peregrinação a Roma.
 

O altar mor, tendo à frente o mosaico que foi colocado no século XIIII
Quando finalmente recuperou seu trono em 1042, havia tantos distúrbios no reino, que foi aconselhado a não realizar tão perigosa viagem. O Papa lhe absolveu da promessa com a condição de que construísse ou restaurasse uma igreja em homenagem a São Pedro. A Abadia de Eduardo foi consagrada em 28 de dezembro de 1065, mas o rei não pode assistir porque se encontrava muito doente. Morreu poucos dias depois e foi sepultado diante do altar mor. As tapeçarias de Bayeux representam o cadáver de Eduardo sendo levado à sua igreja para ser enterrado. Também mostram como era a Abadia: tinha uma torre central, cruzeiros, pilares grandes e arcos semicirculares. No telhado se vê um homem colocando um cata-vento, significando que haviam terminado a obra. Os arqueólogos encontraram restos da igreja de Eduardo debaixo da Abadia e concluíram que esta era quase tão grande quanto a atual.
Depois da morte de Eduardo sua reputação de santo se acentuou. Disseram que ocorreram milagres em sua tumba e em 1161 foi canonizado. O rei Henrique III (1207-72) venerava de tal modo O Confessor que decidiu construir um novo sepulcro em uma igreja maior de estilo gótico anglo-francês, com arcos estilizados e janelas maiores. As obras começaram em 1245. No extremo leste a nova Lady Chapel, que havia sido construída apenas 20 anos antes, permaneceu sem alteração, enquanto a nova Abadia continuava a crescer, avançando em direção oeste. O arquiteto de Henrique III foi Henry de Reyns, que pode ter sido francês ou inglês, mas que estudou na França, já que sua obra mostra muitas características francesas. Em 1272 terminaram o presbitério, o coro e a primeira cúpula da nave, mas neste ano morreu Henrique III e as obras praticamente foram paralisadas.

O imenso coro da igreja, onde antes oravam os monges

Durante a maior parte do século XIV a Abadia devia apresentar um aspecto estranho, com uma edificação gótica unida aos restos românicos anglo-normandos da igreja de Eduardo. Em 1376 se colocou a primeira pedra da nova nave, e durante os 140 anos seguintes, com doações de benfeitores ricos – entre eles o Cardeal Simon Langham, um antigo abade – e com a ajuda de Ricardo II e Henrique V, concluíram a nave. Em 1503, no extremo leste, demoliram a Lady Chapel de Henrique III, e começaram a levantar a Lady Chapel de Henrique VII que foi consagrada em 1516. No entanto, apenas 20 anos depois, os monastérios da Inglaterra sofreram uma grave crise. Henrique VIII, conhecido como Tudor Adultério, entrou em confronto com o Papa porque este se negou a anular seu casamento com Catalina de Aragon. O rei então se auto proclamou chefe da Igreja Anglicana, e em 1540 dissolveu os monastérios e confiscou seus bens. A Abadia se saiu melhor que a maioria dos monastérios, talvez devido a seus contatos reais, e em lugar de ser saqueada, foi elevada a catedral.

A nova constituição da Abadia, estabelecida por Henrique VIII, não durou muito tempo, pois em 1553 a rainha Maria Tudor sucedeu ao filho de Henrique VIII, Eduardo VI, e o catolicismo se tornou novamente a religião oficial. Converteu novamente a Abadia em monastério, e os monges regressaram. A agitação social e política continuava, já que sua sucessora, Isabel I, que subiu ao trono apenas cinco anos depois, em 1558, revogou as mudanças de Maria e renomeou a Abadia como Igreja Colegiada de São Pedro em Westminster, agora com um Deão que foi instruído a só prestar contas a ela como soberana. Assim sobrevive a Abadia, sem estar submetida à jurisdição de um bispo, como a maioria das igrejas, mas sob a jurisdição de uma rainha – uma instituição conhecida com o nome de Royal Peculiar.

Durante a guerra civil de 1642-49, que culminou com a execução de Carlos I e o estabelecimento, em 1649, da República de Cromwell, a Abadia sofreu danos quando os puritanos saquearam altares, destroçaram imagens e órgãos e confiscaram as joias da coroa. Queriam desaparecer com todos os símbolos de superstição religiosa, e ainda hoje se pode ver sinais da pilhagem. Durante esta época a Assembléia de Westminster – uma reunião de eclesiásticos e outras pessoas que professavam a Fé Presbiteriana – se reuniam na Abadia.

 

Túmulo do “Soldado Desconhecido”, enterrado ali em 1920
Arquitetonicamente, outro marco importante ocorreu em 1745, quando se levantaram as duas torres ocidentais desenhadas por Nicholas Hawksmoor, aluno de Sir Christopher Wren. A Abadia tinha quase o mesmo aspecto que apresenta hoje, com exceção da fachada norte, que foi reformada no princípio do século XVIII, quando foi destruído o antigo pórtico, e novamente na época vitoriana, quando se construiu o pórtico triplo arqueado, e se redesenhou a roseta.
A Abadia enfrentou um novo perigo durante a Segunda Guerra Mundial, mas milagrosamente sobreviveu aos bombardeios, embora as bombas tenham destruído o telhado do cruzeiro, a maior parte da reitoria, vários salas do Claustro Pequeno e o salão da Escola de Westminster (parte do antigo dormitório dos monges). Depois da guerra, o interior da Abadia estava escuro e sujo, e somente foi limpa na década de 1960, quando se revelou a verdadeira cor de avelã da alvenaria. Em 1995 foi concluída a penosa restauração da fachada e três anos mais tarde colocaram novas estátuas na fachada ocidental, incluindo-se as estátuas dos dez mártires do século XX.


O magnífico teto da Lady Chapel

Os monarcas do Reino Unido têm sido consagrados na Abadia de Westiminster desde a coroação de Haroldo II, (exceto Eduardo V e Eduardo VIII que não tiveram cerimônia de coroação). Poucas vezes um monarca foi coroado fora desta abadia, sendo que Henrique III não pode ser consagrado aqui devido a tomada da cidade de Londres pelo rei Luís VIII de França  e teve de ser coroado na Catedral de Gloucester. Tradicionalmente o monarca a ser coroado toma assento no Trono de Eduardo, o Confessor e quem preside a cerimônia é o Arcebispo de Cantuária.  O Trono de Eduardo está no interior da abadia desde 1308, porém os reis da Escócia são coroados na Pedra de Scone.
O rei Henrique III reconstruiu a abadia em honra de Eduardo, o Confessor, cujas relíquias foram guardadas em seu túmulo no interior da abadia. Henrique III também foi sepultado na abadia onde, posteriormente, os monarcas da Inglaterra foram sepultados, entretanto, alguns foram sepultados na Capela de São Jorge, no Castelo de Windsor. O rei Jorge II da Grã-Bretanha foi o último monarca a ser enterrado na abadia em 1760; desde então os monarcas têm sido enterrados na Capela de São Jorge. No total, 17 monarcas estão sepultados nesta necrópole real convertida em mausoléu nacional com mais de 3.000 túmulos de algumas das figuras britânicas mais famosas em todos os âmbitos. Além da realeza, algumas personalidades destacadas no meio científico e cultural obtiveram a honra de serem enterradas na abadia.

O nosso Grito

“Certa noite eu caminhava por uma via, a cidade de um lado e o fiorde embaixo. Sentia-me cansado, doente... O sol se punha e as nuvens tornavam-se vermelho-sangue. Senti um grito passar pela natureza, pareceu-me ter ouvido o grito. Pintei esse quadro, pintei as nuvens como sangue real. A cor uivava.”

(Edvard Munch)

O Grito de Edvard Munch - 83,5 x 66 cm.
Acervo do Museu Munch - Oslo

A importância do artista norueguês Edvard Munch é tão imensa, que somente uma obra de sua autoria, O Grito, pintada em 1893, foi o tema escolhido por artistas brasileiros para uma exposição realizada no Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro, em 1996. Na época, eram todos artistas contemporâneos (alguns já morreram), e muitos continuam sua produção plástica fazendo sucesso.

Trinta e dois artistas participaram da exposição Grito, entre eles Ivan Serpa, Oswaldo Goeldi, Antônio Dias, Flávio de Carvalho, Rubens Gerchman, Adriana Varejão, Jorge Guinle, Rubem Grilo, Anna Maria Maiolino, Iberê Camargo, Ligia Teixeira, Cristina Salgado, Artur Barrio, Flávio Shiró e Siron Franco.

Ivan Serpa – Cabeça da fase negra, ost 200 x 180 cm

Na última edição de A Relíquia, a matéria de capa foi a exposição Edvard Munch – Um olhar moderno, que estava na Tate Modern, em Londres. O Grito não participou dessa mostra porque ela estava concentrada na sua obra depois de 1900, situando Munch mais como um artista modernista do século XX. O Grito, sua obra mais famosa, é uma pintura expressionista do século XIX. Janda Praia, na época Chefe da Divisão de Exposições do MNBA, escreveu sobre Munch no catálogo da mostra:

Jorge Duarte – Máscara para grito,
acrílica s/papelmoldado, 32 x 22 x 85 cm

“O vigor cromático e a violência plástica de sua produção buscam uma expressividade intensa. Mesmo a paisagem não se limita a ser um mero cenário de fundo, ela assimila o desespero dos protagonistas, transformando-se na extensão da angústia humana. Essa natureza viva, tensa e dramática se constituiria posteriormente numa marca de todo o Expressionismo alemão. Imagens distorcidas refutam o ideal de beleza e harmonia clássica. A simplicidade de traços e uma estrutura clara conduzem o espectador para o tema principal – a tragédia da condição humana.

Rubem Grilo – Grito, xilogravura 16 x 65 cm

Em Munch, a “persona” (máscara) é destruída com radicalidade, revelando a farsa do teatro social. A arte não se coloca como enfeite da vida, alegoria da ordem e da beleza. A arte desnuda a realidade trazendo à tona a angústia, a solidão, a feiúra moral, o absurdo, a injustiça, e a impossibilidade do encontro... No momento em que a impessoalidade, o consciente distanciamento do espectador e a negação da emoção se colocam como tônica na produção plástica de determinadas tendências, a exposição “Grito” – concebida por jovens artistas contemporâneos – ressoa como eco do grito desferido por Munch, reafirmando sua pertinência cem anos depois.”

Marcio Botner –Contrato, mista s/tela, 165 x 225 cm

Janda escreveu isso em 1996, enfocando a contemporaneidade da época. Mas poderia, tranquilamente, ser escrito hoje. No mesmo catálogo, José Thomaz Brum discorre sobre o Grito Plástico. Ele começa citando Lessing, quando este afirma que “a beleza, princípio da arte antiga, é incompatível com a expressão de um homem que grita”; e Schopenhauer, “que considerava o aspecto sonoro indissociável da representação adequada do grito, o grito plástico sendo uma impossibilidade”. Um grito mudo, representado na tela ou na pedra, seria ‘ridículo’, ‘deslocado’.

Siron Franco – Outros Gritos, mista s/tela, 155 x 13 cm

Escreveu Brum: “Ora, no fim do século XIX, em pleno apogeu das metafísicas do sofrimento (Kierkegaard, Nietzsche...) um norueguês melancólico pinta, com uma paisagem tumultuosa ao fundo, um movimento ansioso cheio de cores intensas e agitadas. “O Grito” de Edvard Munch de 1893, é como uma resposta nórdica do século XIX às reservas de Lessing no século XVIII. Se a arte antiga, inspiradora do classicismo alemão, louvou a beleza serena e ideal, a arte de Munch se quer proto-expressionista e cúmplice das distorções paisagísticas do místico El Greco de Toledo. Da visão sublime da serenidade antiga, que é uma idealização do “pathos” heróico, chegamos – com Munch – às misérias de uma vida sem calma nem repouso: a vida que “treme com ansiedade”. Precursor do “impulso expressionista”, Munch pinta, em seu “Grito”, a dor do isolamento, e o transtorno do afastamento. É o retrato de uma alma em convulsão”.

Grito foi uma exposição organizada por artistas contemporâneos da década de 1990, que se referiu ao O Grito, de Edvard Munch. Um painel da arte brasileira fazendo eco ao grito de Munch, exteriorizando a luta, a ansiedade, a perplexidade e a angústia do homem moderno diante da vida. Mudou alguma coisa?

O feitiço da Mona Lisa


Mary Blume
de Paris


O visitante vira à direita na altura da escultura "Vitória da Samotrácia", segue os cartazes que trazem uma seta sobre a face familiar e logo chega à sala superlotada, na qual, de frente para o grande e ignorado "As Bodas de Caná", de Veronese, ela se encontra, embutida em uma parede de concreto e protegida por duas camadas de vidro laminado a prova de balas: a Mona Lisa.
Os grupos sempre têm no mínimo 12 pessoas sem expressão e silenciosas. O silêncio sugere mais vazio do que veneração. Todos já a viram em propagandas, em cartões postais engraçados e em produtos que vão de chocolates a "mouse pads", de forma que não há de fato uma necessidade de olhar o quadro.
Na verdade, o objetivo do visitante - e isso fica evidente - não é apreciar a Mona Lisa, mas poder dizer que a viu. Ela não passa de uma parada em uma rota turística. "Não dá para ver o Louvre inteiro, já que existem mais de 6.000 objetos em exibição. Assim sendo, o turista vê uma única coisa. É como se fosse uma peregrinação", diz o historiador Donald Sassoon, que passou dois meses observando as pessoas que olhavam a Mona Lisa, e um ano e meio escrevendo o livro sobre como ela se tornou a pintura mais famosa do mundo.
Professor de História Comparativa da Europa na Universidade de Londres, Sassoon nasceu no Cairo e estudou na Europa e nos Estados Unidos. Ele esteve em Paris para fazer uma pesquisa sobre a história do capitalismo, lançou um livro sobre Mussolini em dezembro e anos atrás dedicou 1.660 páginas à obra The Culture of the Europeans ("A Cultura dos Europeus"), um projeto de dez anos que descreve o desenvolvimento dos mercados culturais na Europa desde 1800.
Sassoon conta que pretendia dedicar um parágrafo ao marketing da Mona Lisa, que seria um exemplo de como um artefato da alta cultura pode tornar-se popular. O parágrafo virou uma página, duas páginas e, em 2001, acabou tornando-se um pequeno livro, "Becoming Mona Lisa: The Making of a Cultural Icon" ("Tornando-se a Mona Lisa: A Fabricação de um Ícone Cultural").
Ela demorou muito tempo para atingir este status. Mesmo no início do século 19 o valor do quadro era estimado pelo Louvre em 90 mil francos, um preço bem inferior ao de "A Bela Jardineira", de Rafael (400 mil francos). A técnica e a composição revolucionárias de Leonardo, assim como os mistérios que cercam o quadro (Por que não se encontrou nenhum esboço preparatório? Por que Leonardo sempre mantinha a pintura consigo?) foram todos resumidos em um enigma: o sorriso da Mona Lisa.
Giorgio Vasari, um quase contemporâneo de Leonardo, nunca viu a pintura, mas em 1547 mencionou o sorriso ("mais divino do que humano"), dedicando menos espaço a este do que às sobrancelhas da Mona Lisa (cuja pouca espessura surpreenderia mais tarde Stendhal e George Sand). Segundo ele, a modelo seria Lisa, mulher de Francesco del Giocondo. Na França a pintura é chamada "La Gioconda".
Foi a França que tornou "La Gioconda" famosa, embora isso tenha demorado muitos anos. Leonardo levou com ele a pequena pintura (ela mede apenas 77 por 53 centímetros) até a corte de Francisco I, onde morreu, supostamente nos braços do rei (embora François estivesse ausente no momento). Parte da coleção real, a Mona Lisa ficou dependurada em uma galeria lateral modesta em Versalhes. Em 1750, quando os 110 melhores trabalhos da coleção de Versalhes foram exibidos para uma platéia altamente selecionada, a Mona Lisa não estava entre eles.
Com a Revolução Francesa, a coleção real foi transferida para um novo museu no Palácio Louvre, no qual a Mona Lisa tornou-se apenas parte de uma grande quantidade de quadros pendurados nas paredes do Salon Carré.
Se, conforme afirmou Andrés Malraux, os museus não se limitam simplesmente a exibir obras de arte, mas a criá-las, Sassoon acrescenta que é preciso escrever sobre elas, fazer propaganda, a fim de que atinjam uma condição icônica. E, em meados do século 19, na França, mais do que em qualquer outro lugar, homens e mulheres de letras escreviam bastante sobre as artes.
Segundo Sassoon, a Mona Lisa foi reposicionada, poder-se-ia até dizer que renomeada pelo poeta e respeitado crítico de arte Théophile Gautier, que se referiu a ela como sendo uma esfinge perturbadoramente sorridente ("a boca sinuosa, serpentina, voltada para cima nos cantos, em uma penumbra violeta") e a transformou em figura da moda das décadas seguintes: a femme fatale. "Essa pintura me atrai, me comove, me consome, e sigo em direção a ela, apesar de mim mesmo, como o pássaro segue em direção à serpente", afirmou o historiador Jules Michelet.
Do outro lado do canal, Ruskin desprezou Leonardo, chamando-o de autor de "alguns borrões apagados", mas em 1869 Walter Pater escreveu aquela que é sem dúvida a passagem mais famosa da crítica da arte ("Ela é mais antiga do que as pedras sobre as quais se encontra; assim como o vampiro, ela já esteve morta diversas vezes..."), um trecho tão influente que, em 1973, o historiador Kenneth Clark relembrou: "Há 50 anos nós todos já a conhecíamos de cor".
A Mona Lisa não podia mais ser ignorada, mas se ela virou um ídolo, foi somente em 1911 que o quadro tornou-se verdadeiramente popular. O incidente ocorrido naquele ano foi o roubo da obra por um italiano confuso chamado Vincenzo Peruggia, um fato ao qual a imprensa popular em ascensão deu ampla cobertura. O jornal "Le Petit Parisien" (com a sua tiragem de 1,4 milhão de exemplares) alegou que ela era parte da herança nacional francesa. O seu sorriso foi mencionado em quase todas as edições. Houve charges, cartões postais, e até mesmo um curta-metragem que foi visto por Kafka.
Os italianos, que até então não tinham interesse pela pintura, adquiriram subitamente uma consciência a respeito "da sua Mona Lisa" quando Peruggia a deixou na Galeria Uffizi, e ela foi devolvida, com grande cerimônia, ao Louvre, em 1914. No ano seguinte, chegou ao mercado a Gioconda Acqua Purgativa Italiana, um laxante que, segundo se dizia, curaria também a malária.
De acordo com Sassoon, o roubo significou uma grande ascensão na carreira do quadro. O próximo grande passo só ocorreu em 1962, quando ela visitou os Estados Unidos. "À época havia o uso sistemático da propaganda, de forma que o objeto era visto praticamente toda semana e todo mês", diz Sassoon.
A Mona Lisa seguiu para os Estados Unidos de primeira classe no SS France, dentro de uma caixa flutuante e à prova d'água, já que o presidente Charles de Gaulle, devido ao apelo de Malraux, achou que ela suavizaria as perigosas relações franco-americanas. Ao final da turnê norte-americana, a Mona Lisa havia sido vista por 1,6 milhão de pessoas. A seguir houve viagens do quadro à União Soviética e ao Japão, e àquela altura a arte do merchandising já estava a todo vapor no mundo inteiro.
A grandeza da pintura tornou-se secundária em relação à sua fama. "A universalidade não é inata; ela exige um suporte de marketing", argumenta Sassoon. "Isso não quer dizer que a qualidade também não prevaleça. Significa simplesmente que se algo como a Mona Lisa for pintado por um búlgaro e a pintura permanecer na Bulgária, ela não encontrará mercado. O quadro precisa ficar em um lugar como Paris".

A Grande Cidade


O Espaço Ernani Arte e Cultura realizou a exposição“A Grande Cidade – Rio de Janeiro (1922 – 2012)”, com a importância de um verdadeiro registro histórico da última década do século XX e primeiro do século XXI, sob a visão do grande artista Ricardo Newton, em óleo sobre tela em grandes formatos.
Verão de 2010

Aventureiras do cotidiano
Vale ressaltar, ícones representativos de um Rio de Janeiro que não volta mais, como o lendário "Caneco 70", grande ponto de boêmia carioca daquela época, no Leblon; assim como os antigos quiosques de Copacabana, que já foram trocados várias vezes neste pequeno período; a construção da Barra da Tijuca e a cena marcante dos ônibus coloridos que traziam e levavam os moradores de bairros menos favorecidos às praias, e alguns viajavam pelo lado de fora, pendurados e até brincando de surf.
Fim de romance

O Sol
Para sua aberta, o Espaço Ernani Arte e Cultura buscou  transmitir a descontração e estilo carioca retratados nas telas, com ambulantes de mate leão e biscoito  Globo, pipoca e picolé  e construiu um cenário com areia e cadeiras praia.
A origem das espécies

Efeito de luz II
Para encerrar esta incrível mostra, com o período de 16  a 27 de outubro,  o Espaço Ernani Arte e Cultura produziu um Finissage, onde a galeria foi transformada em uma pista de dança, com som e iluminação de boate, para refletir o clima  boêmio carioca, expressado em algumas telas.
Caneco 70
O importante desta exposição é mostrar ao público o quanto essa cidade é mutante, e mesmo com tantas alterações ela continua sendo " A Cidade Maravilhosa " independente da época.
Nesta mostra conseguimos verificar a trajetória e evolução na forma de pintar e se expressar deste artista que também é professor de desenho e pintura da Escola de Belas Artes da UFRJ.