A exposição internacional reúne em Porto Alegre , entre 5
de dezembro e 4 de março de 2014, obras de um dos mais marcantes movimentos de
vanguarda do século XX
Em dezembro, a Fundação Iberê Camargo recebe a mostra ZERO,
uma reunião de obras do movimento homônimo que, por meio de arranjos pictóricos
dispostos em série e estruturas de luz vibratórias, alterou de forma decisiva a
arte da Alemanha pós-guerra e se espalhou por diversos países, inclusive pelo
Brasil. O novo conceito buscava um recomeço para as artes visuais e se
transformou em uma das mais marcantes correntes de vanguarda do século XX. Com
curadoria da historiadora de arte de Colônia, Heike van den Valentyn, a
exposição apresenta uma coletânea com trabalhos de 24 artistas europeus e
latino americanos e reflete a convergência de influências entre nomes de ambos
os continentes, como Yves Klein, Günther Uecker, Otto Piene, Heinz Mack, Lucio
Fontana, Almir Mavignier, Abraham Palatnik e Jesús Rafael Soto. A mostra itinerante,
que já passou pelo Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba, inaugura na Fundação
Iberê Camargo no dia 5 de dezembro e poderá ser visitada pelo público de 6 de
dezembro a 4 de março de 2014, com entrada franca e patrocínio da Gerdau, Itaú,
Vonpar, De Lage Landen e Allianz. De abril a junho do próximo ano, poderá ser
vista também na Pinacoteca do Estado de São Paulo.
Manifestação do Grupo ZERO |
A exposição integra o calendário da "Temporada Alemanha
+ Brasil 2013-2014" e conta com a parceria do Goethe-Institut, da
Alemanha, e o apoio do Ministério NRW e Pro Helvetia. As obras se concentram,
na sua maior parte, no início da formação do ZERO, no final da década de 1950,
até a sua dissolução em meados da década de 1960. Os modernos modos de
pensamento e de trabalho do grupo são revisitados em espaços reinstalados
especialmente para a mostra.
Instalações de espelhos, como a do suíço, Christian Magert,
ou a Chuva de Luz de Günther Uecker, feita com tubos de alumínio e luzes de
neon, são alguns dos trabalhos que irão transportar o visitante para um mundo
de sensações e movimentos lúdicos. Ambientes como o Espaço de Luz, de Otto
Piene, que apresenta uma instalação em plástico, luzes e motor, e o Espaço
Elástico, produzido com elásticos fluorescentes que se movem e criam uma
animação eletromecânica, iluminando um local escuro, também compõem a mostra
ZERO. Muitas das peças convidam o espectador a interagir, movimentando ou
mudando a sua estrutura de maneira manual ou eletromecânica. Dessa forma, o
público pode vivenciar a exposição com todos os seus sentidos. Em outros
trabalhos, por meio da experimentação de novas técnicas e materiais, os
artistas deixaram-se levar pelo acaso e pelas forças da natureza para dinamizar
a superfície da imagem, como as instalações e relevos do francês Yves Klein -
todas elas no pigmento de azul vivo criado pelo artista. Materiais como pregos,
rolhas, algodão, esponjas e outros objetos do cotidiano, também entram em cena
na mostra e provocam a ruptura de telas, transformando a imagem em objeto.
ZERO se organiza de maneira que as peças dialoguem entre si,
uma opção da curadora para representar a conexão inconsciente entre europeus e
sul-americanos, que criavam obras semelhantes na mesma época, nem sempre
sabendo da existência uns dos outros. Essa particularidade fez com que o
movimento se tornasse bastante flexível e não homogêneo.
Grupo ZERO
A formação do grupo ZERO em 1958 por Heinz Mack e Otto
Piene, assim como as obras dos artistas, aos quais dois anos depois juntou-se
também Günther Uecker, pretendiam ser uma virada, uma renovação para substituir
a "sobrecarregada arte pós-guerra". ZERO designou um novo começo em
termos históricos e artísticos por ter deixado princípios da arte para trás. Na
sequência de experiências opressivas da guerra e em distinção do expressionismo
abstrato europeu de pintura gestual, o informalismo, o grupo elaborou
conscientemente uma linguagem monocromática pictórica repleta de luz.
Otto Piene - Historia de incêndios |
O grupo foi fundado
em Düsseldorf, porém provocou desde o início a incorporação de uma cena
dinâmica que transcendeu as fronteiras nacionais. Em paralelo surgiram outros
agrupamentos de artistas na França, Itália, Japão e Países Baixos. Estreitas
ligações e um intercâmbio intensivo e inspirador se originou também entre
alemães e vários artistas sul-americanos.
Artistas de renome internacional, como o brasileiro Almir
Mavignier ou o venezuelano Jesús Rafael Soto pertenciam igualmente a esse
estreito círculo, assim como o artista argentino Lucio Fontana.
Serviço
Exposição "ZERO"
Abertura: 5 de dezembro, das 19h às 21h
Visitação: de 6 de dezembro a 4 de março de 2014
Local: Fundação Iberê Camargo - Av. Padre Cacique, 2000,
Praia de Belas - Porto Alegre - RS -
Entrada franca.
Curadora: Heike van den Valentyn
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