Marselha: Portal do Mediterrâneo

Localizada na região da Provença, no sul da França, Marselha possui o mais importante porto do mar Mediterrâneo. A origem da cidade remonta a 600 a.C., ano em que os gregos, então empenhados no desenvolvimento colonial do país, fundaram o entreposto comercial que recebeu a denominação de Massília. Com o decorrer dos séculos, já dependente da França, ficaria conhecido como Marseille.

A Catedral de Marselha
A exemplo do que ocorreu com outros povos na antiguidade, os marselheses não desfrutaram de muita paz depois da fundação da cidade, e, a partir da decadência da Grécia, viram-se atacados pelos etruscos e, mais tarde, pelos cartagineses. Para poder resistir às sucessivas investidas destes, foram forçados a assinar um tratado de aliança com Roma, a implacável inimiga de Cartago, fato propício ao desenvolvimento do burgo e que lhe proporcionou muitos anos de tranquilidade. Infelizmente, tendo tomado o partido de Pompeu na guerra civil contra Julio César, Marselha sofreu as consequências da derrota militar do primeiro. E César, depois de cercá-la, não teve a menor dificuldade para lhe infligir severo castigo. O domínio Romano continuou até a época da fragmentação do império. Seguiu- se um período de instabilidade política até o ano de 736, quando Carlos Martel, em sua investida no sul da França, ocupou Marselha sem que tivesse encontrado grande resistência da parte dos habitantes da cidade.
Um século mais tarde, Marselha via-se atacada pelos sarracenos que, depois de consumada a conquista da Península Ibérica, procuravam estabelecer novas cabeças de ponte em outros países da Europa. No entanto, a cidade não demorou a ficar livre desses seus novos invasores.
Quando decidiram libertar Jerusalém - a Cidade Santa - que permanecia nas mãos dos infiéis, os cristãos organizaram as cruzadas, que contaram com o apoio de vários monarcas europeus e provocaram, a princípio, grande entusiasmo nos países cujos fiéis obedeciam à orientação do papa. Marselha tornou-se naquela época o ponto de partida ideal para o embarque dos soldados da Cruz em demanda da Terra Santa. O porto encheu-se de embarcações de diversas nacionalidades e os comerciantes aproveitaram a ocasião para vender mantimentos, agasalhos e armas aos soldados.
Anexada à França em 1481, Marselha já disputava com Gênova, há vários anos, o domínio comercial do Mediterrâneo. Seu fastígio, contudo, ficou seriamente comprometido a partir do início da Revolução Francesa(1789).
Um corpo de combatentes recrutados na região e enviados para Paris, em 1792, para colaborar com os revolucionários, adotou como hino (e espalhou na capital francesa) o Canto de Guerra do Exército do Reno, o qual, composto na cidade de Estrasburgo, destinava-se a levantar o ânimo das tropas que deviam combater os austríacos, depois de cruzarem a fronteira assinalada pelo Reno. De tal forma o Canto de Guerra e o entusiasmo dos que cantavam agradaram os parisienses que aquela melodia se transformaria no hino nacional francês, logo após a proclamação da República, ficando conhecida, daí por diante, pela denominação de A Mersalhesa. Proibida posteriormente, sob o Império e a Restauração, a canção voltaria, após a queda do Segundo Império, à condição de hino da França.
A proclamação da República Francesa, a que se seguiu o advento do Primeiro Império, provocou forte reação militar por parte da Inglaterra, que, com sua poderosa marinha de guerra, bloqueou os portos franceses, prejudicando a economia de Marselha. Felizmente, depois da derrota de Napoleão em Waterloo e com a volta de Louis XVIII ao trono francês, normalizou-se a situação nos diversos portos do país.
Seguiu-se depois o início da expansão colonial da França, com a conquista da Argélia, em 1830, e de outros territórios no continente africano, além da anexação da Indochina, na Ásia, completada em 1885. O comércio com essas colônias era feito, em sua maior arte, através da utilização do porto de Marselha, para onde afluíam comerciantes e exportadores não só franceses como de outras nacionalidades.
Outro fator importante que ajudou Marselha foi a abertura do Canal de Suez em 1869, que teve como principal resultado o encurtamento da rota marítima para o Oriente, o que fez com que o porto passasse à privilegiada condição de escala praticamente obrigatória dos navios que faziam o transporte de passageiros e mercadorias que se destinavam não só aos países asiáticos, como também às colônias européias estabelecidas na África oriental.
A navegação a vapor, que se intensificara em todo o Ocidente a partir da segunda metade do século XIX, forçava as embarcações a fazer escalas em vários portos, a fim de que pudessem ser renovadas suas provisões, tanto de combustível (carvão) como de água e mantimentos. Marselha foi assim sensivelmente beneficiada, graças à sua localização geográfica, e as principais companhias de navegação francesas aí estabeleceram suas sedes, além disso, a cidade ainda abrigava numerosas agências de empresas estrangeiras cujos navios utilizavam seu porto como parada.
Na segunda década do século XX teve início a Primeira Guerra Mundial. O porto de Marselha, a salvo dos ataques da marinha de guerra alemã, tornou-se a mais segura base para o abastecimento da França. Tal fato já não ocorreria durante o segundo conflito, em virtude de a situação se ter modificado inteiramente. Com a capitulação francesa em 1940, a cidade passou a integrar o território sujeito ao governo de Vichy, condição que fazia com que ela fosse considerada zona de guerra inimiga pela poderosa marinha de guerra inglesa que, dominando o Mediterrâneo, efetuava rigoroso bloqueio a todos os portos localizados no sul da França.
Em novembro de 1942 os nazistas ocuparam Marselha, situação que perdurou até 1944, quando Paris foi tomada pelos exércitos aliados. Seguiu-se, então, um período de grande atividade para o porto de Marselha. A população da cidade aumentou consideravelmente e houve grande desenvolvimento econômico e cultural. Cercada ao longe por várias montanhas e localizada perto do delta do Ródano de um lado, e das principais cidades da Cote d'Azur do outro, Marselha, em sua condição de maior cidade da Provença é ponto de parada para todos quantos desejam conhecer não só o progresso como também as belezas naturais, monumentos e construções históricas dessa região da França meridional.

Igreja de Notre Dame (Notre-Dame de la Guarde) vista no alto de uma colina
 Notre-Dame de Marselha
Notre-Dame de la Garde (literalmente Nossa Senhora da Guarda), é a igreja basílica de Marselha. Foi construída no estilo Neo-bizantino pelo arquiteto Henri-Jacques Esperandieu sobre as fundações de um antigo forte localizado no ponto mais alto natural em Marselha, a 149 metros de um afloramento calcário no lado sul do Porto Velho. É um importante marco da cidade e local de uma peregrinação anual popular que acontece no dia 15 de agosto.
A basílica foi consagrada em 05 de junho de 1864 e substituiu a igreja de mesmo nome, construída em 1214 e restaurado no século XV. Foi serguida sobre as fundações de uma fortaleza do século XVI construída por Francisco I de França para resistir ao cerco de 1536 pelo imperador Charles V . A basílica é composto de uma igreja inferior ou cripta, no estilo românico esculpido na rocha , bem como uma igreja superior. no estilo Neo- bizantino, decorada com mosaicos. A praça da torre do sino de 41 metros, encimada por um campanário de 12,5 metros, suporta uma monumental e pesada estátua da Nossa Senhora com o Menino feita de cobre dourado com folha de ouro.
Os habitantes de Marselha tradicionalmente vêem a Notre-Dame de la Garde como o guardião e protetor da cidade. Os moradores geralmente se referem a ela como la bonne mère ("a boa mãe").

Catedral de Marselha
A Catedral de Marselha (Cathédrale Sainte-Marie-Majeure de Marseille ou Cathédrale de la Major) é uma igreja construída em uma enorme escala no estilo românico- bizantino. Começou a ser construída 1852 e finalizada em 1896, com mármore e rochas, o que deu um aspecto diferente comparado às outras catedrais. É a sede da Arquidiocese de Marselha. Ainda restam algumas estruturas modestas da catedral mais antiga que foi em grande parte demolida. O compositor Charles Desmazures foi organista da Sé Velha.
A Catedral de Marselha é um dos principais pontos turísticos da cidade, está localizada um pouco fora do centro, próximo ao porto.

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