Museu de Arte Sacra expõe peças da coleção do casal Grieco

O Museu de Arte Sacra de São Paulo - MAS/SP, inaugura a exposição “Memória, Devoção e Brasilidade - Coleção Ruth e Paschoal Grieco”, com curadoria de Beatriz Vicente de Azevedo, exibindo 93 peças, entre imaginária, talhas, mobiliário, pinturas e prataria.

Salva de esmola e Culto do Divino, final do séc. XVIII - Rio Grande do Sul
"Os bens culturais que Ruth e Paschoal, com rigor e critério, reuniram ao longo de mais de quatro décadas são testemunhos "sólidos" e relevantes da memória e da identidade brasileira. O mobiliário, prataria, imaginária e pinturas desta exposição foram criados e utilizados em outras épocas, e, é necessário imaginação ou conhecimento de história para conseguir ter uma pálida ideia do que era o século XVII e XVIII na atual cidade de São Paulo. O sentido religioso do casal que reuniu esta coleção vai ao encontro da devoção que permeava os séculos anteriores. A fé católica, o amor ao Brasil, o respeito pelo passado e a consciência da importância de preservar estes verdadeiros tesouros são evidentes" - comenta Beatriz Vicente de Azevedo sobre os objetos em exibição". E continua:
"Ao se deparar com uma coleção como esta, é impossível não ser tomado pela admiração, mas o sentimento mais forte que este encontro provoca é a gratidão, em nosso nome, mas principalmente em nome das gerações futuras. Cada peça que integra a coleção passou pela lupa, pelo estudo de publicações e pela pesquisa minuciosa". Funcionalidade e simbolismo são marcas de cada uma das peças pertencentes ao núcleo de prataria sacra cristã desta coleção, reunida pelo casal Grieco, tais como navetas, turíbulos, caldeiras para água benta, sinetas, âmbulas, cálices, galhetas, bacias, gomis, luminárias, candelas e castiçais. Entre os destaques da exposição estão a coroa, o bastão e a salva encimada por uma pomba, objetos utilizados na tradicional Festa do Divino Espírito Santo.

Par de lanternas de procissão Prata batida e cinzelada. Sem marcas - Final do século
XVIII Rio de Janeiro - 45 cm (cada lanterna) - 193 x 23 cm (cada lanterna com vara) -
Peso: 5.540 g (par de lanternas - sem as varas)
A prata não era um material fácil de obter no Brasil colonial e imperial. Ela era trazida das minas de Potosí (Bolívia) através do Rio da Prata, do México e da Espanha. Era também fundida por ourives a partir de objetos estragados ou fora de moda. Uma outra alternativa foi o uso das moedas circulantes, devido, inclusive, à qualidade da liga de cunhagem. O uso das moedas para a produção de objetos em prata foi tão intenso que, para se ter ideia, o dinheiro na colônia tornou-se escasso. Após inúmeras tentativas de se fiscalizar metais e pedras preciosas em circulação pelo Brasil, foi promulgada em 1766 a Carta Régia, que proibiu terminantemente o ofício de ourives no país, lei esta que vigorou até 1815. Durante esses 49 anos os ourives continuaram a atuar e, ao que tudo indica, em maior número. Peças desse período revelam um aprimoramento técnico desses artistas perseguidos.

Naveta com colher – Prata Sem marcas - século XVII - Bahia
12 cm x 20 cm - peso: 413 g
Um dos objetivos da mostra é reafirmar a enorme importância que as coleções particulares possuem para a preservação de patrimônios culturais. "Após o contato com o objeto, tem início uma inquietação, um desassossego que se traduz em muita observação, pesquisa, estudo e crítica. O casal Grieco é extremamente rigoroso nas escolhas, apesar de ser encantado com a força e o sabor da arte brasileira do período colonial e imperial", avalia a curadora.

Friedrich Hagedorn (1814- 1889) - Vista do Rio de Janeiro
século XIX - guache sobre papel - 50 x 70 cm
"Nossas viagens sempre incluíram visitas a museus, antiquários, compra de livros, enfim, queríamos aprender mais e mais. No decorrer de quatro décadas juntos - ainda que nem sempre com decisões unânimes, mas sempre respeitando as preferências um do outro, e como fruto de muita pesquisa, análise e determinação em nossas escolhas, organizamos um conjunto de peças, que incluem imagens sacras, prataria, móveis, leques, porcelanas e algumas curiosidades. Tudo com referência ao Brasil, e continuamos buscando, sempre com entusiasmo, algo inédito. As imperfeições e a simplicidade da arte brasileira constituem reputados sinais de originalidade e superioridade. Usufruímos cotidianamente do prazer estético que esta coleção nos proporciona, entendemos e passamos para nossos filhos e netos, que aqui temos, além da plasticidade impressa em cada peça, um registro da cultura, dos hábitos e costumes, das raízes de nosso país e do nosso povo." (Ruth e Paschoal Greco).
Além dos objetos em prata, será exibida uma seleção de pinturas, móveis e imagens, também da coleção Ruth e Paschoal Grieco.

Joseph Brüggemann (1825-1894) - Vista de Florianópolis, 1866
óleo sobre tela - 74 x 105 cm
O museu
Mantido pela Secretaria de Estado da Cultura, o Museu de Arte Sacra de São Paulo é uma das mais importantes instituições do gênero no país. É fruto de um convênio celebrado entre o Governo do Estado e a Mitra Arquidiocesana de São Paulo, em 28 de outubro de 1969, e sua instalação data de 28 de junho de 1970. Desde então, o Museu de Arte Sacra de São Paulo passou a ocupar ala do Mosteiro de Nossa Senhora da Imaculada Conceição da Luz, na Avenida Tiradentes, centro da capital paulista.

Cadeira de escritório madeira (Jacarandá), assento
de tecido - Último terço do século XVIII - 92 x 80 x 50 cm
A edificação é um dos mais importantes monumentos da arquitetura colonial paulista, construído em taipa de pilão, raro exemplar remanescente na cidade, ultima chácara conventual da cidade. Foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, em 1943, e pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico e Arquitetônico do Estado de São Paulo, em 1979.

Santa Bárbara madeira policromada e dourada. Início do século XVIII
Pernambuco - 40 cm
Tem grande parte de seu acervo também tombado pelo IPHAN, desde 1969, cujo inestimável patrimônio compreende relíquias das histórias do Brasil e mundial. O Museu de Arte Sacra de São Paulo detém uma vasta coleção de obras criadas entre os séculos 16 e 20, contando com exemplares raros e significativos. São mais de 14 mil itens no acervo. O museu possui obras de nomes reconhecidos, como Frei Agostinho da Piedade, Frei Agostinho de Jesus, Antonio Francisco de Lisboa, o "Aleijadinho" e Benedito Calixto de Jesus. Destacam-se também as coleções de presépios, prataria e ourivesaria, lampadários, mobiliário, retábulos, altares, vestimentas, livros litúrgicos e numismática.

Nossa Senhora da Conceição - barro policromado - Início do século
XVIII - Bahia - 31 cm

Serviço
Memória, Devoção e Brasilidade - Coleção Ruth e Paschoal Grieco
Abertura: 14 de maio de 2013, terça-feira, às 19h
Período: 15 de maio a 07 de julho de 2013
Horário: terça a sexta das 9h às 17h, sábado e domingo das 10h às 18h
Local: Museu de Arte Sacra de São Paulo
www.museuartesacra.org.br
Avenida Tiradentes, 676 - Luz, São Paulo
Tel.: (11) 3326-5393 - visitas monitoradas
Ingressos: R$ 6,00 (estudantes pagam meia); grátis aos sábados

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