Museu Egípcio do Cairo

Por Maria Helena Avena



 Fachada principal do Museu Egípcio do Cairo

As recentes manifestações políticas no Egito atingiram o Museu Egípcio do Cairo, que fica na praça Al Tahrir, o centro dos protestos contra o regime de Hosni Mubarak. Um grupo de pessoas saltou os muros do museu e entrou no recinto, dirigindo-se imediatamente para a loja, onde peças de joalharia moderna foram roubadas. Os assaltantes entraram precisamente numa das salas onde estão expostos os objetos do célebre túmulo de Tutancâmon e partiram uma das vitrinas. Não chegaram, contudo, à sala contígua, a número três, que guarda os maiores tesouros do jovem faraó, entre os quais a sua máscara de ouro. Uma das peças roubadas é uma estátua adornada do faraó Tutancâmon. Em comunicado, o ministro afirmou que 70 peças do museu foram danificadas durante os protestos, mas que todas poderiam ser restauradas.

O Museu de Antiguidades Egípcias, também conhecido como Museu Egípcio do Cairo, é um dos mais fantásticos museus do mundo, onde estão expostos tesouros da história, dos costumes e da arte da grandiosa civilização egípcia. Na realidade, o Museu Egípcio do Cairo é um dos maiores museus em todo o mundo em termos de quantidade de objetos expostos.
Segundo estimativa, o museu possui cerca de 120.000 objetos expostos, datados desde a Pré-história até o período greco-romano. Entre eles, artefatos de tumbas de faraós, monumentos de 50 séculos atrás e a múmia de Ramsés II - além do fabuloso tesouro de Tutancâmon, com 1.700 peças (há mais 1.800 que não estão expostas), revelando ao mundo a maravilhosa capacidade mental, criatividade e habilidade artística do homem àquela época. Além disso, há mais de 100.000 objetos conservados nos armazéns, para serem avaliados, catalogados, restaurados etc.

Salão principal da entrada do museu

O museu é um edifício imenso de dois pavimentos, com cerca de 10 mil m2, em cor encarnada e cercado por belíssimos jardins. No jardim da frente há um espelho d'água onde crescem as plantas aquáticas papiro e lótus, símbolos do Egito, adornado com epígrafes e esculturas antigas, a maioria delas datando do período do Novo Reino (1570-1080 a.C. aprox.). O papiro era o símbolo do Baixo Egito (O norte), enquanto o lótus era o símbolo do Alto Egito (O sul). A flor de lótus era o símbolo de ressurreição e inspirou os arquitetos antigos para decorar as colunas e capitéis dos templos e casas.

Cercado por guardas, normalmente o Museu recebe cerca de 10 mil turistas de todo o mundo por dia. Guias locais falam diversos idiomas e nenhum estrangeiro caminha sozinho nas suas dependências. A entrada no museu é cercada dos maiores cuidados: seguranças e funcionários revistam todos os visitantes, sendo proibido fotografar, a não ser com autorização. "Fazemos isso para proteger a nossa indústria turística", afirma o guia egípcio Said Mahamoud.



O MUSEU
No pátio externo, em frente ao portal de entrada, estão hasteadas três bandeiras: a Bandeira Nacional, a que representa o Ministério de Cultura, e a do Supremo Conselho das Antiguidades Egípcias, órgão que cuida de todas as relíquias existentes no país, incluindo as pirâmides, esfinges, museus etc.

Príncipe Rahotep e sua esposa Nofret, dinastia Medûm

Na parte superior da fachada estão inscritas duas datas, a primeira é 1897, que se refere à data do início das obras de construção do museu, e a segunda, 1901, indica o fim das obras. No entanto, o museu foi inaugurado em 1902, sob a direção de Gaston Maspero. Há, também, duas letras iniciais ao lado direito e ao lado esquerdo do nome do governante que comandou o Egito de 1892 a 1914, são as letras "A" e "H", que indicam o nome de Abbas Helmi.

No centro da fachada encontra-se a cabeça da deusa Hathor, importantíssima segundo as crenças egípcias, considerada uma das mais famosas e antigas deusas. Teria sido ela quem amamentou o deus Hórus, quando este era bebê, durante a ausência da sua mãe Ísis, segundo conta a lenda de Osíris. Hathor era a deusa de amor, alegria, música e maternidade. Era representada em três formas; a primeira, na forma de uma vaca; a segunda, numa forma híbrida, com corpo de mulher e cabeça de vaca; e a terceira, em forma de mulher, mas com dois chifres de vaca em cima da cabeça e o disco solar entre eles.

Na fachada do prédio a cabeça de Hathor está representada com cara de mulher, dois cornos e o disco solar. Nos dois lados, à direita e à esquerda, há uma representação da célebre deusa Ísis, a esposa de Osíris, e mãe de Hórus. Ísis foi uma das divindades que desempenhou um papel importante na Teologia Egípcia Antiga. É a deusa da maternidade, fidelidade e magia.Ísis está representada numa forma greco-romana e não egípcia tradicional, devido ao estilo da sua peruca e, também, ao seu vestido com nó, que é romano. A fachada do museu é no estilo greco-romano em razão da existência de duas colunas jônicas , característica desta época. Os nomes de reis egípcios antigos estão escritos dentro de medalhões.

Estátua em pedra de um escriba com um rolo de papiro, 4ª / 5ª dinastia.

O museu possui cerca de 100 salas expositivas. O primeiro piso, dedicado à escultura e aos sarcófagos, é dominado pelas estátuas colossais de Amenothep III e da rainha Tie, colocadas ao fundo do grande átrio. No térreo os visitantes encontram uma extensa coleção de papiro e moedas usadas no mundo antigo. Os papiros são geralmente fragmentos, devido ao desgaste que o material, delicado, sofre com o tempo. Já as moedas foram forjadas em materiais como ouro, prata e bronze, com inscrições em grego, latim, arábico e hieróglifos. Esse material foi utilizado por pesquisadores para recriar rotas de comércio no Egito Antigo, buscando entender melhor a relação do Império com outros povos.

No piso térreo, também são exibidos os artefatos do Novo Reinado, período entre 1550 e 1070 a.C. Os objetos dessa época, tal como estátuas, mesas e sarcófagos, são geralmente maiores do que os criados em séculos anteriores.

Estátua em madeira dourada de Tutancâmon.

O segundo piso é dedicado, fundamentalmente, para exibir a coleção de peças do faraó Tutancâmon: a máscara e os sarcófagos de ouro, as joias, o trono em ouro, o vasilhame de alabastro, o mobiliário e os objetos do túmulo do casal Yoya e Tuya, e a Sala das Múmias.
A exibição das peças está distribuída, nos dois andares do prédio, segundo uma ordem cronológica, de acordo com a direção do relógio, iniciando-se a partir do Período Pré- dinástico, a Época Arcaica, passando pelo Antigo Reino, o Médio Reino, o Novo Reino, o Período Tardio e terminando pelo início da Época Grega no Egito.

No piso superior também estão os objetos encontrados no lendário Vale dos Reis, pertencentes às duas últimas dinastias do Egito Antigo. Lá estão as joias e tesouros do faraó Amenophis II e da mais famosa rainha egípcia, Hatshepsut.



AS OBRAS

O anão Seneb (VI DInastia) com uma princesa. Seus filhos ocupam o lugar livre por suas pernas curtas.

As obras do museu egípcio impressionam não apenas pelas características mais conhecidas dessa arte, mas também por serem incomuns e inusitadas. É o caso da pintura do anão Seneb com sua família. Apesar de ter sido claramente executada segundo os critérios estabelecidos pela tradição egípcia, que estabelece que os homens tenham a pele mais escura que a das mulheres, que as crianças tenham o cabelo pendendo de apenas um lado da cabeça e com um dedo apontando para a própria boca, é interessante ver a solução que o artista encontrou para manter a harmonia da composição. Já que Seneb é muito baixo e o marido deve ser representado ao lado de sua mulher, e não inferior a ela, dois dos filhos de Seneb foram colocados no lugar de suas pernas

A escultura, em faiança, de um hipopótamo azul também chama a atenção pela atualidade de seu design. No Egito, o animal era temido por seu tamanho e sua voracidade, mas também era símbolo de fertilidade e era venerado através da deusa Taweret. A representação do hipopótamo em azul, com flores de lótus e símbolos de renascimento, remete à arte abstrata atual.

Escultura faiança de um hipopótamo azul

O grande destaque do acervo do museu egípcio é o tesouro de Tutancâmon. O rei-menino, como ficou conhecido, assumiu o trono em um contexto de divergência política e religiosa e, com a sua ascensão ao poder, o país gradualmente reconquistou suas crenças e valores.
Belíssimas joias também estão expostas no museu egípcio. Exímios artesãos, os egípcios tinham uma preocupação extrema com a harmonia do design e com as cores empregadas nas peças. Um exemplo dos belos trabalhos de ourivesaria egípcia é o colar de Neferuptah, formado por uma rede tubular de contas de feldspato e coral. As fileiras são alternadas por finas camadas de ouro, e peças em formato de gota arrematam a parte inferior do colar. De cada lado, uma cabeça de falcão dourada. Esse tipo de colar era o favorito para ornamentar deuses, reis e pessoas importantes, devido a sua capacidade de proteger quem o utilizasse. O exemplar exposto no museu acompanhava a princesa Neferuptah em seu sarcófago.

Máscara de ouro de Tutancâmon



A HISTÓRIA
A história da civilização egípcia é dividida em três períodos: o Reino Antigo (de 2600-2190 a.C), o Reino Médio (de 2040-1710 a.C.) e o Reino Novo (de 1580-1085 a.C.). Os primeiros faraós haviam erguido sobre seus túmulos verdadeiras montanhas de pedra - as pirâmides - já que os egípcios acreditavam que era muito importante que o corpo descansasse em local especialmente preparado para esse fim. Também, tornava-se necessário fornecer à múmia tudo o que fosse necessário a sua viagem para o além, e no caso de personalidades poderosas, ainda se colocavam ricos tesouros. Assim, o próprio fausto do monumento era a causa da sua perdição, pois se tornava objeto de saques e destruição.

A História Antiga do Egito ficou por séculos quase desconhecida e cheia de muita confusão e ambiguidade, até a chegada da Campanha Francesa, liderada pelo celebre general Napoleão Bonaparte ao Egito, em 1798.

A Expedição Francesa trouxe mais de 165 eruditos e cientistas, de todas as especialidades, para estudarem os aspectos da vida egípcia; a geografia, zoologia, geologia, história, religião, tradições, leis etc. Os cientistas estavam ansiosos e entusiasmados para estudar essa civilização milenar, sobretudo a história, a grandeza e a riqueza dos monumentos, os quais foram o maior campo de estudo e pesquisa para alguns desses historiadores e eruditos. Para isso, percorreram quase todas as regiões do território egípcio, sobretudo o chamado Alto Egito. 

Anos mais tarde, um episódio que poderia ser normal mudou o rumo da história egípcia: a descoberta de uma pedra que ficou conhecida como "apedra de roseta", que ajudou a decifrar a língua egípcia antiga (hieróglifos), um acontecimento ímpar na história da humanidade. Dessa forma, as escrituras gravadas nas paredes dos templos e nos túmulos puderam ser traduzidas e, assim, resgataram-se as informações sobre a história, civilização, religião, costumes e arte dessa civilização milenar.

Pintura da Tumba do rei Tutmosis III

No início da 18ª dinastia, não existia no Egito uma só tumba real que não tivesse sido violada, o que representava um problema para o faraó que desejasse planejar sua última morada. Por isso, Turmés I (1545-1515) resolveu recorrer à discrição. Para tanto, foi escolhido o Vale dos Reis, onde à sombra de uma montanha com a forma de pirâmide se escondeu o primeiro túmulo escavado em rocha viva, pelo arquiteto Ineni, que assim relatou sua tarefa nas paredes da capela funerária: "Supervisionei os trabalhos da tumba de Sua Majestade; só eu, ao resguardo de todos os olhares, ao resguardo de todos os ouvidos." Provavelmente esses trabalhos foram realizados por prisioneiros de guerra, os quais eram executados logo após o término das obras. Tutmés lançara uma nova moda funerária, e os monarcas de sua dinastia, bem como os da 19ª e os da 20ª, foram todos enterrados nesse vale.

O Vale dos Reis transformou-se, dessa maneira, numa das maiores necrópoles do mundo, encontrando-se aí o templo mortuário de Hatshepsut, o Ramesseu e o templo de Medinet Habu. No último século antes da era cristã, o geógrafo grego Estrabão visitou o Vale e mencionou a existência de quarenta túmulos. Mas, em 1743, o viajante inglês Richard Pococke observou quatorze túmulos abertos e se queixou dos bandidos tebanos, que infestavam as tumbas e as cavernas das montanhas da região e faziam de uma visita ao Vale dos Reis uma aventura perigosa. Além disso, consta que os habitantes de Qurna são ladrões de tumba, numa tradição de pai para filho, desde o século XIII a.C.

Cabeça da rainha Nefertitis, XVIII dinastia

Historiadores, arqueólogos, aventureiros e caçadores de tesouros vieram para o Egito encantados pela sua história e cultura e começaram a escavar em diferentes locais. Obviamente, entre eles existiam aventureiros que careciam da honestidade; assim, foram roubados muitos monumentos e objetos, e de imediato surgiu na Europa um grande mercado de antiguidades egípcias.

Como naquela época os egípcios não tinham consciência do valor verdadeiro dos monumentos do patrimônio do país e nem havia controle sobre este setor cultural nem sobre as antiguidades, os objetos egípcios ficaram sujeitos ao roubo, tráfico, contrabando, desleixo e descuido por quase 50 anos, até o final do reinado do governador Mohamad Ali (1805-1849), o pioneiro da modernização do Egito, que mandou conservar os monumentos e objetos descobertos em um edifício dentro da cidadela de Saladino, no Cairo, proibindo o tráfico dos monumentos para fora do país.

Para terminar de vez com a dissipação do patrimônio nacional, em meados do século XIX o governo egípcio, depois de proibir a exportação dos achados arqueológicos, decidiu construir um museu onde seriam conservados e salvaguardados os tesouros do Antigo Egito. O egiptólogo francês Mariette Pacha (1821-1881) estabeleceu o Serviço das Antiguidades Egípcias pela primeira vez. Em 1857, Mariette fundou o primeiro museu verdadeiro, no bairro de "Bulaq", no Cairo. Era um pequeno edifício composto de quatro quartos, onde ficavam expostos os objetos e antiguidades egípcias. Entretanto, uma cheia do Rio Nilo obrigou a mudança de local e os objetos foram transferidos para um anexo do palácio real do governador egípcio Ismael Pacha, na cidade de Gizé.

O rei Micerino entre duas deusas, Dinastia Guizet


O atual Museu Egípcio do Cairo é consequência de grandes esforços, disposição e vontade para preservar e conservar o patrimônio egípcio antigo. Anunciou-se um concurso internacional entre as empresas européias no final do século XIX para a sua construção, e uma empresa da Bélgica foi a vencedora. Por essa razão o desenho da fachada do museu, infelizmente, não é egípcio. O projeto do museu foi realizado pelo arquiteto francês Marcel Dourgnon, segundo o modelo neoclássico. Em 1897 as obras de construção começaram, e terminaram em 1901, mas apenas a 15 de novembro de 1902 o museu foi inaugurado oficialmente, durante o governo de Abass Helmi (1892-1914).

Grupo de soldados, XII dinastia



A tumba de Tutancâmon
O tesouro de Tutancâmon é considerado o mais importante do museu, porque foi a única tumba foi descoberta praticamente intacta, sendo considerada o maior achado da arqueologia. O inglês Howard Carter, desenhista do Egypt Exploration Fundation, começou a trabalhar em escavações com Lorde Carnarvon, promotor da arte egípcia, em 1906. A proveitosa colaboração entre os dois durou dezesseis anos de trabalhos difícies, coroados com a descoberta do túmulo de Tutancâmon. 

Apesar de vários especialistas terem afirmado que no Vale dos Reis não havia mais nada a encontrar, as escavações comandadas por Lorde Carnavon, com a ajuda de Howard Carter, continuaram. Eles acreditavam que havia certos lugares que não tinham sido examinados corretamente. As escavações continuaram sem êxito até 1922, quando no dia 4 de novembro foi encontrado um degrau esculpido em rocha viva ao pé da tumba de Ramsés VI. Era aquele degrau o início de uma escada e, no dia 5 de novembro de 1922, já haviam descoberto dezesseis degraus que levavam a um corredor que acabava em uma porta selada. Como Carnavon estava na Inglaterra, Carter esperou sua chegada para então abrirem a porta da tumba. Isso aconteceu no dia 24 do mesmo mês, e encontraram um corredor cheio de entulho que levava a outra porta. Assim relatou Carter: "O dia 26 de novembro devia tornar-se o mais belo de minha vida... A dez metros da primeira porta tinha aparecido uma segunda, selada também... Os selos eram de Tutancâmon e da necrópole real... Com as mãos trêmulas, abri um pequeno buraco no canto superior esquerdo. Lá introduzi uma barra de ferro que não tocava em nada... alarguei o buraco e olhei..."

Trono de ouro do faraó Tutancâmon

Nunca antes na história da arqueologia alguém tivera o privilégio de contemplar uma visão tão espetacular. Havia um aposento abarrotado de objetos luxuosos: ouro cintilando, estátuas e centenas de peças cuja descrição ocupa cerca de sessenta páginas do livro de Carter. A exploração dos quatro aposentos da tumba durou sete anos. O momento mais dramático veio no dia 17 de fevereiro de 1923, quando se abriu a porta da câmara mortuária e "tivemos uma visão fantástica, pois aí, a menos de um metro da porta e estendendo-se por todo o espaço visível, bloqueando a entrada, havia o que parecia um muro de ouro maciço..." Era a parede frontal de um imenso sacrário dourado, a qual possuía uma porta com dois batentes na outra extremidade. No total, havia quatro sacrários, um dentro do outro, todos cobertos com ouro em folha e o último contendo um esquife de quartzo medindo 2,75 por 1,50 m de altura. Dentro dele estavam três sarcófagos antropomórficos, representando Tutancâmon, um dentro do outro, mostrando o bonito rosto do faraó; o mais interno era de ouro puro, e nele estava o corpo do faraó, coberto com uma máscara de ouro e lápis-lazúli.

O espantoso luxo do tesouro de Tutancâmon, cujo túmulo é pequeno e feito às pressas, e no qual somente a câmara mortuária é decorada com afrescos, convida a especular sobre as inimagináveis riquezas perdidas nas tumbas dos grandes faraós: o túmulo de Amenófis II tem sete aposentos encontrados quase vazios, e o de Séti I, dez aposentos.




Tutancâmon e a XVIII Dinastia



O antigo Egito conheceu uma das épocas mais brilhantes da sua história durante o governo dos faraós da 18ª dinastia, entre os anos de 1580 e 1340 a.C. Fundador dessa dinastia, o faraó Amós expulsou os hicsos do país e reuniu os dois Egitos - Tebas e o Delta do Nilo. Amenófis I, que governou entre 1558 e 1530 a.C., subjugou a Núbia, e Tutmés I conquistou o território que ia da Núbia até o Sudão. Na Ásia, levou o domínio egípcio até as fronteiras da Mesopotâmia.

Quando o faraó Tutmés morreu, deixou duas filhas legítimas e um filho ilegítimo, que se casou com uma das meio-irmãs, Hatshepsut, e reinou como faraó usando o título de Tutmés II. Não teve uma vida muito gloriosa, pois sua enérgica mulher declarou-se co-regente e governou como se fosse o rei, assumindo todos os encargos reais. Após a morte do casal, Tutmés III destruiu todas as inscrições e monumentos referentes ao antecessor e guerreou na Palestina e na Síria, levando as fronteiras do seu domínio até o Rio Eufrates.


Máscara funerária em ouro de Tutancâmon

Amenófis III, que reinou entre 1405 e 1370 a.C., mandou erguer os enormes monumentos de Lúxor, Karnac e Tebas, sendo sucedido por Amenófis IV (1370-1352 a.C.). Este, coroado aos 24 anos, introduziu, no lugar da antiga religião, a adoração ao Sol - Áton - e mudou seu nome para Aquenáton. A capital foi transferida de Tebas para Tell el-Amarna e o ódio do soberano pela antiga religião o levou a mandar apagar a figura de Amon de todos os monumentos e a perseguir os sacerdotes daquele deus. Aquenatón casou-se com a bela Nefertite, mas seus temperamentos não combinavam e eles acabaram por se separar. Reinou durante 18 anos e, obcecado pela nova religião, descuidou de seu governo.

Nesta época, a situação do Egito não era muito boa, o país tinha perdido as províncias asiáticas e internamente reinava a desordem. Os sacerdotes do culto antigo viam sua própria existência ameaçada; o exército, sem ocupação, mostrava-se propenso a lançar-se em quaisquer aventuras, e o harém, que desde as guerras de conquista estava apinhado de estrangeiras, transformara-se no ninho de intrigas da corte. Na falta de herdeiros masculinos, o interesse da sucessão concentrava-se nas filhas do rei, a mais velha das quais, Merit-Áton, não devia ter mais do que quinze anos na ocasião da morte de seu pai. Seu reinado pouco durou, pois seu marido, Smenkhare, morreu, provavelmente assassinado, logo após a morte de Aquenáton. Assumiu, então, o governo a segunda filha, Ankhsenpaáton, que era casada com Tutancâmon.

Tutancâmon subiu ao poder com nove anos de idade, quase a mesma idade de sua mulher, tendo dirigido o país até os dezenove anos, e reinou até o ano de 1323 a.C. aproximadamente, quando morreu. Foi o 12º faraó da 18ª dinastia do antigo Egito. Em seu governo, a capital voltou para Tebas e a antiga religião retomou o lugar de honra. Por ironia da história, esse faraó, que nada fez de muito importante, tornou-se um nome de grande destaque simplesmente porque morreu, foi enterrado e teve sua tumba descoberta quase intacta. Pouco se sabe da personalidade e dos acontecimentos de seu governo. Existe a possibilidade de Tutancâmon ser filho ilegítimo do rei, o que lhe garantiria certos direitos ao trono, mas o certo é que foi graças a sua mulher, que adotou o nome de Ankhsenâmon, que ele se tornou faraó.



Maria Helena Avena, jornalista de A Relíquia e autora desta matéria, na frente do Museu


4 comentários:

  1. Eu adoro coisas assim Histórias,reliquias etc!

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  2. ótimo,bom trabalho mesmo!

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  3. Eu amo tudo que fala sobre o Egito antigo , meu sonho é conhecer as pirâmides de gize.

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