MNBA reabre a Galeria de Arte Brasileira do Século XIX

Por Litiere C. Oliveira


Fachada do Museu Nacional de Belas Artes


Depois de três anos fechada para reforma, modernização da expografia e restauração de pinturas, esculturas e mobiliário, a "Galeria de Arte Brasileira do Século XIX", do Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, reabriu suas portas em fevereiro passado e volta a oferecer ao público o maior e mais importante acervo de arte oitocentista.

Provavelmente a maior do Brasil, com 2 mil metros² e 8 metros de pé direito, a galeria do MNBA teve seu  espaço  reformulado segundo um novo conceito  crítico e expográfico  para espelhar uma renovada concepção museológica.  Na reforma, a pesquisa realizada buscou os padrões da pintura original, da mesma forma como a recuperação do mobiliário, dos vidros e maçanetas. 

Vitor Meireles - "Primeira Missa no Brasil"(1860)

 A Galeria de Arte concentra, num só espaço, os mais significativos autores e obras produzidas no século XIX no Brasil. A coleção engloba pinturas, esculturas, arte sobre papel e mobiliário, cerca de  230 trabalhos, ou seja, 100 a mais do que a versão anterior, todos restaurados para a mostra.

Entre os destaques estão ícones das artes visuais como "Batalha do Avai", de Pedro Américo (medindo 66 m², datado de 1872/1877); "Batalha dos Guararapes"(com 50 m²,  de 1879) e "Primeira Missa no Brasil"(1860),  ambas de Vitor Meireles. 

Pedro Américo - "A batalha do Avaí'

 Além destas obras monumentais, a mostra está exibindo "Más noticias", de Rodolfo Amoedo (1895);  "Descanso da modelo",  de Almeida Junior(1882), "Gioventu",  de Eliseu Visconti (1898), além de esculturas  como "Cristo e a mulher adúltera",  de Rodolfo Bernardelli (1888); "O rio Paraíba do Sul", de Almeida Reis(1886); e "Alegoria do Império Brasileiro",  de Chaves Pinheiro(1872). Além disso estão presentes trabalhos assinados por Belmiro de Almeida, Debret, Agostinho da Mota, Taunay, Araújo Porto Alegre, Zeferino da Costa, Castagneto, Antonio Parreira, Henrique Bernardelli, Facchinetti, e Estevão Silva, entre muitos outros. 

Jean Baptiste Debret - "Dom João VI em trajes de sua aclamação"

 Algumas curiosidades cercam esta exposição permanente: a tela "São Pedro de Alcantara"(autor desconhecido) pode ser vista pela primeira vez,  enquanto que a pintura "O remorso de Judas",  de Almeida Junior, volta às paredes da Galeria depois de 60 anos. O último segmento da Galeria ganhou um espaço para abrigar obras de arte sobre papel, como aquarelas de Rodolfo Amoedo e de Henrique Bernardelli, por exemplo.
  
O curador Pedro Xexéo lembra que "já de algum tempo está havendo uma revisão conceitual da historiografia artística internacional, sendo assim a arte ‘acadêmica’ produzida no Século XIX tem sido revista e alguns autores estão sendo redescobertos".
Traçando um roteiro da exposição, o museólogo Xexéo afirma: "procura-se esboçar nesta galeria o retrato mais aproximado da evolução da arte produzida durante o século XIX no Brasil”. Desenrola-se um vasto panorama que narra, pouco a pouco, seus capítulos significativos, compreendidos entre a segunda década do século XIX e os anos iniciais do século XX.

Galeria das Esculturas

 Sucedem-se esculturas e pinturas que ilustram não só os estilos tradicionais - o neoclassicismo, o romantismo brasileiro e algumas de suas variantes, como o realismo, o esboço de uma arte simbolista e um exemplar temporão do impressionismo - como também os gêneros típicos da arte oitocentista: aquele inspirado por eventos históricos, o retrato, a cena de gênero, a natureza-morta, a paisagem de ateliê e ainda, sua contrapartida realista, a paisagem ao ar livre, nascida fora das academias.

Serviço
MNBA - Galeria de Arte Brasileira do Século XIX
Horário: terça a sexta, de 10 às 18h;
sábado, domingo e feriado: 12 às 17h
Endereço: Avenida Rio Branco, 199 - Cinelândia – RJ

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