Meandros do mercado de arte

Ricardo Kimad

Como nos demais segmentos, o mercado de arte é constituído por profissionais que o movimenta: os artistas plásticos, marchands, casas de leilões, críticos e historiadores, atuam objetivando elevar a arte junto aos seus apreciadores, (colecionadores, compradores e investidores). Complete às Fundações, Museus e Centros Culturais exporem as obras dos artistas que se destacaram, e a partir daí, construir a hierarquia histórica do mercado e cenário brasileiro das artes plásticas, determinando dessa forma os valores e a importância de suas obras. Atualmente nosso mercado ressente-se da ausência de “Experts”, de cunho oficial, cujo objetivo seria atender as consultas sobre autenticidade e demais dúvidas, e a partir de análises criteriosas, expedir expertises.
Num passado recente, tivemos o professor Edson Motta desempenhando essa atividade, quando este à frente do Museu Nacional de Belas Artes. Profundo conhecedor das artes plásticas brasileiras, era procurado sempre quando surgiam dúvidas sobre autenticidade de obras de arte, e seu parecer era palavra final. Com seu desaparecimento, o crítico e historiador José Roberto Teixeira da Rocha, assumiu discretamente essa função por um período curto, não conseguindo manter por muito tempo a credibilidade que a função exigia, embora não lhe faltassem conhecimento e cultura para tal.
Estabeleceu-se então um vazio, e não mais existe uma palavra oficial, que qualifique uma opinião. Alguns profissionais do mercado se aventuram a emitir pareceres, mas não os assumem publicamente. O resultado de análises superficiais, de pessoas sem erudição e autoridade, pode estigmatizar um trabalho autêntico, ou de outra forma, legitimar obras falsas. Por diversas vezes cogitou-se em formar um grupo de profissionais do mercado de arte, com credibilidade reconhecida junto ao público, que se reunisse regularmente para analisar e opinar sobre as obras de arte duvidosa que circulam no mercado. Infelizmente nunca foi levado adiante. Enquanto isso, circula uma expressiva quantidade de obras falsas, à procura dos incautos e “espertos” compradores, que caem nas ciladas das “oportunidades”.
É importante a criação dessa entidade para moralizar nosso mercado de arte, e dessa forma inibir a ação dos falsários. Enquanto isso não acontecer, aconselha-se ao comprador que seja sempre observada a procedência da obra de arte em que estiver interessado. Estabelecimentos, como Galerias de Arte e Casas de Leilões, com tradição comprovada, serão sempre as melhores opções.

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