Vista da Ilha de Man; o casario da orla marítima é
tipicamente ingês e não interfere na paisagem montanhosa ao fundo
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Ilha de Man, que faz parte do conjunto geográfico das Ilhas
Britânicas, possui uma história rica e interessante que começa muito antes da
era cristã, com os Manx, uma tribo celta, passa pelos vikings que deixaram as
influências mais importantes, e chega finalmente aos escoceses e ingleses. Sua
atual situação política é muito especial, pois, não fazendo parte nem sendo
domínio estrangeiro do Reino Unido, continua sendo dependência da Coroa
Britânica. A rainha Elisabeth II detém o título de Senhor de Mann (Lord of
Mann) e o representante da coroa na ilha é o Lieutenant Governor. A defesa e as
relações externas são da responsabilidade do governo do Reino Unido.
Graças a essa situação toda especial algumas de suas leis,
moeda, impostos, bandeira e hino nacionais são diferentes daqueles adotados no
resto da Grã-Bretanha, e seu Parlamento de origem viking é tido como o mais
antigo do mundo em funcionamento contínuo. A tranquilidade da ilha é garantida
pelos bons fluídos controlados por curiosos duendes que - acredita-se - se
espalham pela ilha.
Localizada no mar da Irlanda, eqüidistante da Inglaterra,
Irlanda, Escócia e País de Gales, Man é uma mistura única desses quatro países.
Sua área não é muito extensa; no entanto, reúne, nos seus 588 quilômetros
quadrados, uma história fascinante, paisagens indescritíveis e muito lazer.
Barcos ancorados na baía de Ramsay, um dos balneário da ilha
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Seu nome vem dos Manx, a tribo celta que ocupou a ilha por
volta de 2000 a
1500 a .C.
Contudo, o Reino de Man propriamente dito originou-se das incursões vikings
iniciadas há mais de mil anos e durou cerca de três séculos. Assim, orgulhosa
de suas heranças célticas e nórdicas, a ilha de Man - Ellan Vannin ou Mannin,
em gaélico - é rica nas suas ligações com o passado, e onde quer que se vá há
lembranças dos tempos em que era governada pelos celtas, vikings, escoceses e
ingleses.
Partindo-se por mar da Inglaterra, chega-se à ilha de Man
por sua capital, Douglas, e à medida que ela vai aparecendo no horizonte
avistam-se as primeiras montanhas, que ficam atrás da baía de Douglas, e as silhuetas
dos monumentos que dão um toque romântico ao panorama. Desembarcando, não há
quem resista aos bondes puxados a cavalos que trafegam pelas ruas alegres da
cidade ou às lindas praias que se espalham ao redor.
Os tradicionais bondinhos da ilha
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Em Douglas, o museu Manx oferece uma interessante viagem
através da história da ilha, e no porto, além do movimento incessante dos
barcos, pode-se avistar o farol. A House of Keys - câmara alta - é outro ponto
de destaque, e no Parque dos Nobres fica a famosa criação de gatos sem rabo.
Outra atração é o jardim Summerhill Glen, que reúne uma bela amostra de fauna
subtropical. À noite, a cidade explode em luzes, música e entretenimento, com
shows, bailes, discoteca e até um cassino.
Contudo, Douglas é apenas um dos balneários da ilha, e cada
um deles tem suas características próprias. Seguindo a estrada que parte em
direção ao sul, chega-se a Castletown, que até cem anos atrás era a capital da
ilha. A cidade deve seu nome ao bem conservado castelo medieval de Rushen, que
abrigava os reis da ilha de Man. Foram os vikings que, há cerca de nove
séculos, construíram a fortaleza da qual se originou este belíssimo castelo,
testemunho de grande parte da história da ilha. Em Castletown existe ainda um
museu náutico.
As cidades gêmeas de Port Erin e Port St. Mary ficam na
extremidade sul da ilha. Nesta península fica localizado o Museu Folclórico, no
qual se encontram casas de campo e oficinas Manx muito bem preservadas.
Fazenda nas imediações de Castletown
com suas construções
medievais
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Bem no meio da costa oeste fica Pell, chamada cidade do
pôr-do-sol. Suas ruas estreitas parecem quase intocadas pelo progresso, dando à
cidade um aspecto mais Manx do que qualquer outra parte da ilha. O castelo
localizado na ilha de St. Patrick domina a cidade e se liga ao monte Pell
através de uma estrada pavimentada. Construído há cerca de mil anos, o castelo
serviu de residência aos reis da ilha de Man. Dentro das duas muralhas estão as
ruínas da Catedral de São Germano, antiga sede do bispado de Sodor e Man. A
construção em arenito vermelho originou-se provavelmente de um pequeno forte viking,
e todos os verões os habitantes da cidade encenam a invasão nórdica, seguida de
um carnaval noturno.
Descendo em direção ao sul chega-se a Lexey, com sua pequena
baía e os jardins ornamentais. A grande atração do local é Lady Isabella, uma
enorme roda de água - a maior do mundo, com 32 metros de diâmetro -,
usada para bombear água das antigas minas de chumbo, antes do seu fechamento em
1929. É nesta cidade que se encontra o ponto inicial da ferrovia que conduz ao
ponto culminante da ilha, o pico Snaefell.
No norte da ilha há o interessantíssimo Museu Murray, com
sua curiosa coleção de motocicletas, vitrolas automáticas, caixas de músicas,
câmaras fotográficas, espingardas, espadas e bicicletas dos anos vinte.
Além de todas estas atrações, a ilha ainda exibe fortalezas
celtas, sepulturas vikings e muros medievais que, espalhados por todo o
interior, relembram que Man é impregnada de história. Entre os monumentos
antigos não podem ser esquecidos as trinta cruzes pré-nórdicas expostas na
igreja paroquial de Maughold;os cemitérios pré-históricos de Cashtal-yn-Ard e
Meayll Circle; a vivenda celta de Lagny-Killey; o túmulo viking em forma de
barco em Balladoole; as casas celtas e nórdicas em Braaid; a capela medieval de
Castletown, e o forte Derby na ilha de Fort.
Contudo, o local historicamente mais importante da ilha é
Tynwald Hill, situado no campo do antigo parlamento de St. John. É a colina em
que no dia 5 de julho de cada ano os dignitários de Man se reúnem para a famosa
cerimônia de Tynwald, o tradicional Parlamento Manx. Este foi estabelecido
pelos vikings há mais de mil anos e permanece funcionando ininterruptamente,
conservando a sua forma original de trabalho e alterando pouco o cerimonial.
Viajando-se pela ilha depara-se a todo momento com o emblema
nacional Manx - três pernas humanas. Sua origem é incerta, mas acredita-se que
tenha vindo da Sicília, provavelmente no século XIII. No entanto, ele já
aparece nas moedas da época do domínio nórdico, que data do século X. Estes
exemplos mais antigos mostram sempre as pernas correndo na direção dos
ponteiros do relógio, mantendo, portanto, a característica do antigo símbolo
pagão do Sol. As lendas populares, contudo, relacionam-nas com Manannan, deus
celta do mar e do qual se originaria o nome da ilha. Aliás, onde quer que se vá
em Man, escutam-se lendas, quase sempre relacionadas com duendes: os
Mooinjer-ny-gione-veggey são os bondosos, enquanto os Phynnodderees são
travessos e podem causar complicações.
Castelo de Peel e as ruínas da catedral de São Germano
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A ilha de Man é famosa também como centro de competições
esportivas. A partir da Páscoa até setembro há um calendário ininterrupto de
competições nacionais e internacionais, com destaque para o motociclismo. Todos
os anos, no mês de junho, é realizado o International Trophi Race, com provas
de velocidade, motocross e rally disputadas pelos mais destacados corredores do
mundo.
Assim a ilha de Man, sem recursos naturais extraordinários,
aproveitou a paisagem, localização geográfica privilegiada e clima agradável
para transformar o turismo na sua mais importante fonte de renda. Dessa
maneira, no seu reduzido espaço físico a ilha de Man reúne uma extensa
variedade de atrações naturais sustentadas por um bem estruturado complexo
turístico. E, como se isso não bastasse, ela ainda guarda exemplos magníficos
de um rico passado histórico e um folclore povoado de duendes que lhe dão um
toque mágico.
Castelo de Rushen em Douglas
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