Datada do início do século XX, a casa foi construída em um dos terrenos do loteamento da Chácara Palmeiras, de propriedade de Angélica de Souza Queirós Barros, que deu origem a várias ruas do bairro, entre elas a Rua das Palmeiras e parte da Avenida Angélica. Ao lado desta chácara, situava-se a chácara da Dona Veridiana, que originou a rua de mesmo nome.
De cavalete em mãos, Renée pintou várias dessas chácaras com suas alamedas, esquinas e casarões. De acordo com o curador e membro da Associação Brasileira de Críticos de Arte, Enock Sacramento, "a exposição "Via Castelli: A Casa de Renée Lefèvre" privilegia as paisagens dos bairros de Higienópolis e de Santa Cecília, de seu quintal, do interior de sua casa, de vasos com flores de seu ateliê, de pessoas de sua convivência, tais como sua mãe Isaura e a filha de sua empregada, Verinha. Tudo com muita competência e sensibilidade".
Após longas temporadas na França, Renée voltou para São Paulo, e no ateliê instalado em sua casa, continuou recriando, gráfica e pictoricamente, a cidade. De seu bairro até regiões periféricas, revelou muitos aspectos de São Paulo que já não existem mais. Em viagens pioneiras pelos quatro cantos do Brasil, Renée tornou também conhecido muito do que hoje integra o patrimônio histórico e cultural do país.
Casa Antiga da Rua Barão de Tatuí - Óleo sobre tela - 55 x 75 cm – 1981 |
Livro revela a trajetória da artista
Na abertura da exposição, além de apreciar o conjunto das obras, os visitantes adquiriram o livro "Renée Lefèvre", de autoria de Enock Sacramento, que esteve presente para autografá-lo. Com edição luxuosa, 148 páginas e textos em português e francês, o livro apresenta uma pesquisa criteriosa, mostrando as diversas fases e as temáticas da artista, possuidora de uma obra única no âmbito da arte brasileira do século passado.
As pesquisas de Enock Sacramento mostram uma artista à frente de seu tempo, inteiramente dedicada ao trabalho e com intensa atuação no meio artístico, principalmente, nas décadas de 1930 e de 1940. Independente, foi secretária do Sindicato dos Artistas Plásticos de São Paulo, durante a gestão da presidente Anita Malfatti.
Renée Lefèvre não se casou, viajou por várias vezes à Europa e por regiões do Brasil para desenvolver a sua arte. Do interior de São Paulo, seguiu depois pelas estradas de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia, Pernambuco, Paraíba, Maranhão e Ceará, chegando até Belém do Pará, onde realizou uma deslumbrante série de pinturas referenciadas no cais Ver-o-Peso. Acabou transformando-se na desenhista e na pintora do Brasil. "Sua obra atingiu tal nível de qualidade e de conteúdo que o crítico Geraldo Ferraz, do jornal O Estado de São Paulo, chegou a sugerir a aquisição de toda sua produção pelo patrimônio artístico e histórico nacional", afirma Sacramento.
Contraluz (minha mãe) - Óleo sobre tela 49 x 64 cm – 1933 |
Homenagem à artista
Em homenagem à ilustre personagem que habitou seu imóvel, o restaurante Via Castelli aproveitou a abertura da exposição para lançar um novo prato em seu cardápio, o "Filé a Renée Lefèvre", filé mignon flambado com temperos especiais, acompanhado de risoto de aspargos verdes(R$ 56,00).
Alameda, Bairro Santa Cecília - Óleo sobre tela 61x 50cm - 1951 |
Saiba Mais
Curiosidade: O restaurante Via Castelli preserva em seu interior uma jaqueira centenária, plantada à época em que viveu na casa a família de Renée Lefèvre. Esta árvore de tronco robusto, entre as mesas, atravessa o teto e ganha as alturas, conferindo ao ambiente um enorme charme, sobretudo quando dela pendem saudáveis jacas de cor amarelada.
Serviço
Exposição "Via Castelli: A Casa de Renée Lefèvre"
Visitação: até 19 de abril
Horário: De segunda a quinta, domingos e feriados: das 11h às 15h30 e das 18h à 0h30. Sextas e sábados: das 11h até 01h da manhã
Local: Rua Martinico Prado, 341 - Higienópolis - São Paulo, SP. Entrada franca.
Informações: Tel: (11) 3662-2999 / www.viacastelli.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário