Antonio Parreiras na Pinacoteca de SP

A Pinacoteca do Estado de São Paulo apresenta a exposição Antonio Parreiras, pinturas e desenhos com 20 trabalhos realizados entre 1887 e 1929. As obras pertencem aos acervos da Pinacoteca do Estado e do Museu Antonio Parreiras, primeiro museu brasileiro dedicado à obra de um único artista e que este ano, comemora 70 anos de existência. 
Antonio Diogo da Silva Parreiras (Niterói, RJ, 1867-1937) é conhecido como um dos principais paisagistas brasileiros entre o final do século 19 e as primeiras décadas do século 20. A exposição apresentada na Pinacoteca é uma oportunidade única para ver um conjunto de cinco desenhos raramente exposto, com destaque para Cabeça de onça, 1916, Salgueiros em dezembro, 1917, Vieilles Maisons à Sartene [Velhas casas em Sartene], 1918, e Chaumière Saint-Alpinien [Cabana Saint-Alpinien], 1919. Também serão exibidas 16 pinturas de paisagens, marinhas, casarios e figuras, realizadas durante suas viagens pelo Brasil e pela Europa. Deste conjunto, destacam-se, Manhã de inverno, 1894, Dia de mormaço, 1900, Marinha, cerca de 1905, e Tormenta, 1905, entre outros. "Parreiras executou diversos gêneros de pintura. Difícil indicar o número aproximado de obras que realizou. Segundo o próprio Parreiras, em sua autobiografia História de um pintor, contada por ele mesmo (1926), até aquele momento havia feito mais de 850 telas. (...) Elogiado como paisagista; criticado como pintor de temas históricos e de pinturas de gênero - especialmente os nus -, suas obras estão presentes em muitos museus brasileiros e também em coleções particulares. Quando vivo, foi reconhecido como o mais importante pintor atuante pela revista Fon-Fon em 1926", afirma Ana Paula Nascimento, curadora da mostra.
Esta é a segunda exposição de Parreiras na Pinacoteca. A primeira, Antonio Parreiras: pintor de paisagem, gênero e história, aconteceu em 1981. Segundo Kátia de Marco, diretora do Museu Antonio Parreiras, "o temperamento impetuoso e independente de Parreiras, que transparece de modo espontâneo no seu livro de memórias] permitiu que o artista direcionasse seu talento à liberdade expressiva de se preservar das imposições clássicas do academicismo, sem se comprometer com os novos preceitos modernistas surgidos no Brasil nas duas primeiras décadas do século XIX. (...) De alguma forma, tal postura contribuiu para mantê-lo em certo limbo da crítica póstuma e da historiografia escrita pelas lentes modernas, deslocando-o do foco de interesse para um aprofundamento valorativo e merecido, dada a importância de sua obra na história da arte brasileira"

Sobre o artista
Antonio Parreiras (Niterói, RJ, 1860-1937) inicia seus estudos em 1883, como aluno amador na Academia Imperial de Belas Artes, onde frequenta as aulas do professor de paisagem Georg Grimm. Após dois anos, junto a França Júnior, Castagneto, Hipólito Caron e Domingos Garcia y Vasquez, abandona a Academia quando esta proíbe que o mestre dê aulas de pintura ao ar livre. Ainda sob a orientação de Grimm, o grupo pinta paisagens da praia da Boa Viagem, em Niterói. Em janeiro de 1885, em seu ateliê naquela cidade, Parreiras realiza a primeira exposição de sua produção; esses quadros e mais alguns são expostos no mesmo ano na loja A Photographia, no Rio de Janeiro. Em abril inaugura exposição na Casa De Wilde, um dos principais pontos de encontro dos artistas profissionais no Rio de Janeiro, e no final do mesmo ano expõe algumas telas na Glace Élégante. Assim, inicia uma carreira permeada de exposições individuais, não só no Rio de Janeiro, mas, posteriormente, em diversos estados do Brasil, como São Paulo, Pará, Amazonas e Rio Grande do Sul. Realiza uma série de excursões e viagens de estudo por diversas partes do país.
A imprensa no período observa a falta de prática do artista no desenho de figura e, em diversas ocasiões, pronuncia-se incitando o jovem a ir aperfeiçoar-se na Europa. Parreiras executa então a pintura A tarde, para submissão à compra pelo Governo Imperial. Com o dinheiro da venda, viaja pela primeira vez à Europa, desembarcando em Gênova, de onde segue para Roma; por fim, estabelece residência em Veneza. Torna-se aluno livre da Academia de Belas Artes local, onde estuda com FilippoCarcano. Em 1890 retorna ao Brasil e inscreve trabalhos na Exposição Geral de Belas Artes daquele ano, a primeira organizada no período republicano, obtendo pequena medalha de ouro. Pela primeira vez realiza uma pintura histórica, sob encomenda. Embrenha-se nas florestas tropicais, reproduzindo nas telas o clima e o mistério que existem na flora e na fauna locais, com verdes intensos e cores fortes. Marinhas e cenas campestres completam a sua produção artística, que o coloca entre os principais paisagistas do Brasil.
Em fevereiro de 1906 embarca novamente para a Europa; passa por Portugal e se estabelece em Paris. Retorna ao Brasil em 1907, e em 1908 segue para Belém, de onde se transfere para Paris levando consigo o filho Dakir, para iniciá-lo na pintura. Em 1909, em Paris, inscreve a pintura de nu Fantasia no Salon de laSocietéNationale de BeauxArts, obtendo grande sucesso. De volta ao Brasil, em 1910 parte novamente para Paris, onde inscreve no Salon a pintura Frineia, aceita por unanimidade pelo júri. Passa então a ser conhecido na Europa como pintor de nus. Apresenta posteriormente Dolorida, 1910; Flor brasileira, 1913; Nonchalance, 1914, e Modelo em repouso, 1920.
São poucas as paisagens realizadas na década de 1920. Contudo, prossegue na realização de pinturas históricas. Pelas dificuldades em obter encomendas de pinturas históricas nos anos seguintes, Parreiras volta-se novamente para a pintura de paisagens. Adoece progressivamente a partir de 1932, e, ao morrer, deixa prontos os originais da segunda parte de seu livro de memórias, História de um pintor contada por ele mesmo, cuja primeira edição data de 1926. Segundo ele próprio, realizou ao longo de aproximadamente 55 anos, mais de 850 pinturas, das quais 720 em solo brasileiro, tendo feito 39 exposições no Rio de Janeiro e em vários outros estados do Brasil.
A exposição vai de 06 de outubro a 03 de março de 2013.

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