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O percurso de Tarsila

Até o final de abril fica em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB-RJ) a exposição Tarsila do Amaral - Percurso Afetivo. São 87 obras, entre pinturas, desenhos, objetos e gravuras (a única série que é reconhecida como sendo da artista) que ocuparão todo o segundo andar da Instituição. A mostra também marca o fim de um jejum de 43 anos em que o Rio de Janeiro não recebia uma individual da artista.

Cartão Postal - 1929 - ost - 127,5x142,5cm
A ideia central para Tarsila do Amaral - Percurso Afetivo surgiu a partir da descoberta do Diário de Viagens - preciosidade em poder da família da artista. É documento de caráter íntimo, e possibilita essa intromissão bem-vinda nos aspectos mais particulares da vida de Tarsila do Amaral. O conceito curatorial se baseou a partir do Diário e foi reunido o maior número possível de obras para um percurso emocional, afetivo e único para aquela que Oswald de Andrade chamava de "caipirinha vestida por Poiret". "Para esta mostra não foram considerados os períodos - Pau-Brasil, Antropofágico e Social - habitualmente identificados na obra de Tarsila. O enfoque dado, em primeiro lugar, foi intimista; depois, temático e, quando possível, cronológico. Há um proposital e aparente caos, planejado para que o visitante possa sentir-se mais próximo da vida da artista e admire as obras individualmente, livres de classificações mais rígidas", explica Antonio Carlos Abdalla, curador da mostra, que também tem Tarsilinha do Amaral (sobrinha-neta de Tarsila) como curadora pela família da artista.
A Negra (2ª versão) - 1940 - ost - 100 x 80cm
Uma ousadia finaliza o percurso: a inclusão da pouco mostrada segunda versão de A Negra (que a artista deixou inacabada) sugere de continuidade para a leitura de seu trabalho e abertura para inúmeras possibilidades de interpretação da obra fundamental de Tarsila do Amaral que permanece, assim, em aberto.
Além das obras, a mostra tem uma programação paralela que vai aproximar ainda mais o público da grande artista do modernismo brasileiro. No dia 14 de março, acontece um concerto organizado por Anna Maria Kieffer, no Teatro 2 do CCBB. Dentre as músicas apresentadas destacam-se obras dedicadas a Tarsila do Amaral e a Oswald de Andrade, como Choros nº 3, de Heitor Villa-Lobos, ou a ela oferecidas em manuscrito com dedicatória, como a série Ludions, do compositor francês Eric Satie, e de Viola Quebrada, melodia e texto de Mário de Andrade, arranjada por Villa-Lobos a ela oferecida pelo próprio Mário. Já nos dias 15 e 16 de março acontecem debates com a participação de Aracy Amaral, Maria Alice Milliet, Camilo Osório e Fernando Cocchiarali.
Carnaval em Madureira-1924 - ost - 76 X 63cm
Tarsila teve três mostras individuais no Rio de Janeiro: em 1929 e 1933, no Palace Hotel e em 1969, no Museu de Arte Moderna. Grande número das obras presentes nessas mostras voltará à cidade, para o CCBB. Mais de 80 obras se reúnem nesta importante exposição, com destaque para: Antropofagia (onde duas das obras emblemáticas da artista se entrelaçam - A Negra e o Abapuru, (1929); Carnaval em Madureira (1924); Manacá (1927); O touro (c. 1925); A feira III (1953); São Paulo (1924); Urutu (1928); Lagoa Santa (1925); Cartão postal (1929); O sapo (1928); Sol poente (1929); O sono (1928); A feira II (1925); Composição - Figura só (1930); O mamoeiro (1925); Morro da favela (1924) e O lago (1928), entre várias outras.
A exposição Tarsila do Amaral - Percurso Afetivo é produzida pela Cult Arte e Comunicação que já realizou mostras importantes como Anita Malfatti - 120 anos de nascimento, Carlos Oswald - O resgate de um mestre, Niobe Xandó - Mostra Antológica, O Jardim Monumental de Burle Marx, Marcello Grassmann - sombras e sortilégios, entre outras.
A curadoria é Antonio Carlos Abdalla, um especialista em museologia, curador e pesquisador em artes visuais, que já organizou mais de 160 eventos e exposições. Além das mostras históricas de Raquel de Queiroz, Jorge Amado e Santos Dumont, Abdala trabalhou os seguintes artistas em curadorias, pesquisas e livros: Aldemir Martins, Arcângelo Ianelli, Burle Marx, Eduardo Muylaert, Emanoel Araújo, Gisela Eichbaum, Hans Georg, Heitor dos Prazeres, Marcello Grassmann, Niobe Xandó, Reynaldo Fonseca, Sonya Grassmann, entre outros.

Antropofagia - 1929 - ost - 126x142 cm
Serviço
Exposição Tarsila do Amaral - Percurso Afetivo
Local: Centro Cultural Banco do Brasil - CCBB Rio de Janeiro
Endereço: Rua Primeiro de Março, 66 - Centro
Data: até 29 de abril de 2012. De terça-feira a domingo, de 9h às 21h.Entrada grátis.
Informações: (21) 3808-2020 - www.bb.com.br/cultura

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