No ano do centenário de Iberê Camargo, a Fundação que leva o
nome do artista abre o calendário de 2014 em 14 de março com uma grande
exposição de Antonio Dias, nome fundamental da arte brasileira, assinada pela
curadoria do crítico e historiador de arte, Paulo Sergio Duarte. No dia 29 do
mesmo mês, as pinturas realizadas por Iberê nos anos 1980, quando deixou o Rio
e regressou a Porto Alegre, foram selecionadas por Lorenzo Mammi para Iberê
Camargo: As Horas - O Tempo como Motivo. Com uma abordagem do conceito
antropológico de "dádiva", o sempre surpreendente Nuno Ramos
apresenta no dia 30 de maio Duas Dádivas, com a curadoria de Alberto Tassinari.
No mesmo dia abre a coletiva Liberdade em Movimento, com proposta curatorial de
Jacopo Visconti, que utiliza o movimento (do artista ou da própria obra) como
estratégia criativa. Já 22 de agosto será dedicado à Arte Povera, um dos
principais movimentos da história da arte do século XX, com Traçar o Espaço
Marcar, o Tempo, que tem curadoria do italiano Gianfranco Maraniello, diretor
da Instituição dos Museus de Bologna.
O grande momento da Programação acontece no dia 18 de
novembro, dia em que
Iberê Camargo estaria completando 100 anos. O centenário vai
receber uma homenagem à altura do mestre, um dos mais importantes artistas
brasileiros do século XX, com obras e apresentações exibidas nos três andares
expositivos do prédio, rampas, átrio e parte externa. A montagem das atividades
e da mostra oficial tem curadoria do Comitê Curatorial da Fundação, integrado
por Icleia Cattani, Jacques Lenhardt e Agnaldo Farias. A programação dedicada a
Iberê vai se estender até março de 2015.
Antonio Dias
Potência da Pintura
Com abertura programada para convidados em 14 de março, a
aventura cromática, a força do elemento pictórico e a contundência plástica da
pintura de Antonio Dias, considerado como um elo entre o modernismo, o
neoconcretismo e os artistas da década de 70, poderá ser conferida em Antonio Dias -
Potência da Pintura, exposição concebida especialmente para a Fundação Iberê
Camargo, em Porto
Alegre. A mostra reunirá 28 obras recentes do artista
(1999-2011) - 23 pinturas, esculturas, objetos e instalações - divididas entre
o terceiro e o quarto andar do prédio. O boneco "peludo", com o
tamanho real de um homem, Seu Marido (2002), construído com latas de
refrigerantes e recoberto por lycra amarela imitando pelos, e a tela História
Resumida para Crianças (2005), receberão o público já no átrio. Em seus
múltiplos meios de expressão, que contemplam tela, instalações, performances,
gravura, fotografia, um LP, vídeo, objetos, a pintura dos últimos 13 anos é o
ponto evidenciado no recorte do crítico e historiador de arte Paulo Sergio
Duarte, curador da exposição e grande especialista na obra do artista.
"É uma exposição que eu mesmo espero ver, no sentido de
me fazer perceber o que foi feito nestes últimos anos. Raramente tenho a
oportunidade de ter quatro ou cinco telas recentes no meu atelier, são sempre
poucos trabalhos e as exposições - proporcionalmente - são muitas. Às vezes,
quando quero conviver mais com um trabalho, tenho que escondê-lo em outro
atelier, para que eu possa ficar mais tempo pensando no que ele me propõe.
Deste ponto de vista, a mostra é uma ocasião única também para mim. Isto foi
possível graças à generosidade dos vários colecionadores e galeristas que
emprestaram as obras", diz Antonio Dias.
Para Paulo Sérgio, a pintura de Antonio Dias sempre desafia,
produzindo simultaneamente superfície plana e volume. "A intensidade se
divide e se movimenta de plano para plano. Diferencia-se porque cada momento da
tela ao lado da tela, ao lado da outra tela, varia. Tem atritos, conflita entre
si, essa briga interna, entre planos pacíficos, os vermelhos, por exemplo, que
eclodem da sua verdade, evidente, e as superfícies ambíguas, que flutuam, nos
cobres, dourados e verdes de malaquite".
O processo para alcançar nuances tão ricas e únicas, com a
dissolvição de cores segmentadas em porções de pinturas, já foi descrito por
Antonio em entrevistas: "Às vezes é pigmento, na maior parte são minerais,
mas é mais um material derramado, um banho de pós e aglutinantes que eu deixo
escorrer na superfície. A única cor que é realmente tinta de pintura é o
vermelho, que uso quase sempre chapado, sem marcas de pincel".
O deboche ganha forma com a obra Seu marido, cuja pele em
tecido elástico amarelo foi confeccionada pela Coopa-Roca, uma cooperativa de
artesanato e costura da comunidade da Rocinha, no Rio de Janeiro. "Ele é o
retrato do homem contemporâneo. É grande, e exorbita na sua pele, tem pelos
enormes, seria quase um gorila, não fosse amarelo. Seu membro é enorme, é um
quinto membro, pois concorre com suas pernas. Vive sentado, nunca fica em pé,
mas de vez em quando tem uns tremeliques. Excita-se, treme, mas depois se
acalma. Essa imensa figura patética e tão divertida, sua existência quase
inerte, realizada por espasmos, não tem um pouco de cada humano diante da
imensidão do Ser? Esse deboche é quase um retrato", comenta o curador.
Na instalação Satélites (2002), latas de queijo fundidas em
bronze transformam-se em esculturas aéreas. "Esse microuniverso, de
satélites sem planeta, sugere que o planeta somos nós. Ao observarmos, temos
apenas nossos satélites que, por um momento, nos pertence", comenta Paulo
Sergio.
Serviço
Exposição Antonio Dias - Potência da Pintura
ABERTURA: 13 de março, das 19h às 21h
VISITAÇÃO: 14 de março a 18 de maio de 2014
Local: Fundação Iberê Camargo, Av. Padre Cacique, 2000,
Porto Alegre - RS. ENTRADA FRANCA
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