Arte conceitual

Por Tais Luso de Carvalho

  Arte Conceitual surgiu na década de 1960, como um desafio às classificações impostas à arte por museus e galerias. As galerias afirmavam categoricamente ao público: Isso é arte. Já a arte Conceitual buscava questionar a própria natureza da arte perguntando: O que é arte?
  O primeiro a empregar a expressão arte-conceito foi o escritor e músico Henry Flynt em 1961, em meio às atividades associadas ao grupo Fluxus, de Nova Iorque, querendo dizer com isso que a arte conceitual é um tipo de arte que o material é a linguagem.
  Os artistas conceituais tinham como meta popularizar a arte; fazer com que ela servisse como veículo de comunicação. A arte conceitual foi importante para debates e abriu caminhos para outros tipos de artes, como as instalações e arte performática.
Joseph Kosuth - Uma cadeira real, 
a fotografia da cadeira e uma definição de cadeira
  Na  década de 60 e 70, o nome conceitual foi empregado para designar uma multiplicidade de atividades com base na linguagem, na fotografia e processos nos quais se equivaliam num embate que se efetuava entre a arte minimalista e várias práticas antiformais, num crescente radicalismo cultural e político.
  Portanto a ideia e o conceito da obra era mais importante que o produto acabado. Do que a estética. Essa noção remonta a Duchamp, mas só se estabeleceu no mundo artístico a partir de 1960, quando se tornou um fenômeno internacional de grande importância. Duchamp marcou sua posição com um suporte para garrafas, uma pá de neve e um urinol, embora tenha usado esta linguagem como uma crítica à arte. Em suas obras, trocadilhos e brincadeiras os artistas levantaram sérias questões sobre as fronteiras da arte.
  Muitas iniciativas surgiam diretamente das formas de uma arte conceitual politizada, embora os envolvidos se vissem, depois do rompimento com o exercício da arte enquanto tal, totalmente desvinculados dessa esfera, em nome de um envolvimento mais prático com as mais amplas instâncias sociais.
A característica comum de toda a obra chamada e vista como conceitual não é ver o objeto, sua plástica, mas sim seu recado, a discussão de um assunto, a comunicação, passar a ideia, a interação entre o artista e o espectador. Levantar discussões e reflexões.
  Assim, a obra conceitual  vem para apresentar no tempo e no espaço certas situações ou acontecimentos. Comunicação. Os artistas sentiram-se livres da representação pictórica, e declararam o processo mental como obra de arte. Nada era mais importante do que isso.
  Logicamente muitos artistas apresentam obras desinteressantes, comuns, triviais do ponto de vista visual: mapas, diagramas, fitas de som e de vídeo, fotografias, textos etc.
Um exemplo conhecido é a obra Uma e Três Cadeiras, de Joseph Kosuth (Museu de Arte Moderna em Nova Iorque / 1965) que combina uma cadeira real, a fotografia da cadeira e uma definição de cadeira  - dada pelo dicionário.
  A abordagem de Joseph Kosut fez-se cada vez mais aguçada, forçando o ritmo em uma série de obras que se tornaram ícones da arte conceitual.
  O Conceitualismo assumiu uma dupla identidade: uma arte conceitual analítica é rebaixada, como arte feita por homens brancos racionalistas, atolados no próprio modernismo que almejavam criticar.

História das Latinhas de Manzoni
Merda d'artista / 1961 - Piero Manzoni
  Como a arte conceitual também era uma arte que tinha por meta reagir à arte como mercadoria, o artista italiano Piero Manzoni produziu, em 1961, 90 latinhas com o rótulo de Merda d'artista. Cada lata, supostamente, continha fezes do artista e valia seu peso em ouro. Como se acreditava que,  abrindo as latas significaria destruir o valor da obra, durante muito tempo não se soube ao certo o que as latinhas continham de fato. Porém, em 2007, depois que algumas latas foram vendidas alcançando o valor de US$ 80 mil, o colaborador de Manzoni, Agostino Bonalumi afirmou a um jornal italiano que as latas continham gesso!





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