Charlottenburg - O Palácio de Sophie Charlotte

Vista do Palácio de Charlottenburgo vendo-se em primeiro plano a estátua equestre de Frederico III de Brandemburgo, obra de Andreas Schlüter de 1696

A maior das residências da Casa dos Hohenzollern, em Berlim (Alemanha), o Castelo de Charlottenburgo (Schloss Charlottenburg) é um antigo palácio da Prússia, localizado no distrito berlinense de Charlottenburg-Wilmersdorf. Foi construído no estilo barroco-italiano, entre 1695 e 1699, seguindo o projeto do arquiteto Johann Arnold Nehring (1659-1695) por ordem de Sophie Charlotte Herzogin von Braunschweig und Lüneburg (ou Sophie Charlotte von Hannover, 1668-1705), a terceira esposa do Príncipe Eleitor de Brandemburgo Frederico III (1657-1713). 
Retrato de Sofie-Charlotte pintado em 1702-1705
 por Friedrich Wilhelm Weidemann

 Uma das mais belas construções do mundo, o castelo reúne uma belíssima combinação de edifícios, interiores, obras de arte e jardins que promovem uma verdadeira viagem pela história da corte de Brandemburgo-Prússia. Este é um local excepcional, que convida todos os visitantes a embarcarem em uma viagem através da história e da cultura dos últimos três séculos.
Inicialmente concebido como um palácio de verão, o edifício original, de dimensões reduzidas, com base no modelo holandês, foi batizado de Lietzenburg, e correspondia ao desejo de Sofhie Charlotte de possuir um retiro rural, onde pudesse se recuperar da agitação do Palácio Real de Berlim. No entanto, ao se tornar a primeira rainha da Prússia, depois da coroação de Frederico III como rei Frederico I, em 1701, surgiram exigências que o pequeno palácio Lietzenburg não podia satisfazer.
Sob a direção do arquiteto sueco Johann Friedrich Eosander (1669-1728), o edifício foi magnificamente ampliado, transformando-se em um palácio de três alas, no mais puro estilo barroco-francês da época. No coração do edifício central do palácio antigo ergueu-se uma cúpula de 50 metros de altura, com lanterna, encimada por uma estátua dourada com a forma da deusa da Fortuna. Nos anos de 1701-1702 o eixo longitudinal de Charlottenburg se prolongou para leste e oeste, e de frente para o jardim foi construída uma fachada luxuosa inspirada no Palácio de Versailles, a residência de Luís XIV na França.   
Escadaria do edifício principal
 do Palácio de Charlottenburg
Depois do falecimento da rainha Sophie, ocorrido em 1705, Frederico I deu o nome de Charlotte ao palácio e à povoação adjacente. Entre 1710 e 1712, o palácio seria uma vez mais ampliado, recebendo um pátio de honra e uma Orangerie situada a oeste. O pátio de honra é destinado a convidados e delimitado por duas alas: uma espécie de torre de vigia e um portão decorado com estrelas da Ordem Prussiana da Águia Negra. Mas, Frederico I não viveu o suficiente para ver toda a obra pronta, pois ele faleceu em 1713.
raticamente um canteiro de obras. Apesar dos muitos construtores ali empregados, como Nehring, Eosander, Georg Wenzeslaus von Knobelsdorff, Carl Gotthard Langhans, Gents e Karl Friedrich Schinkel, e dos diferentes jardineiros e arquitetos paisagistas, como Siméon Godeau, Johann August Eyserbeck e Peter Joseph Lenné, o resultado é uma excepcional construção barroca.
Em 1951 seria reerguida a estátua equestre de Frederico III de Brandemburgo, obra de Andreas Schlüter de 1696. A ala leste do castelo foi construída entre 1740 e 1747, por Frederico II (1712-1786), "o Grande", que a usou como residência de verão até se mudar para o Palácio de Sanssouci, em Potsdam e, em frente a essa parte do palácio, encontra-se desde 1977 uma escultura de bronze erigida a partir de "Quadriga", estátua de mármore do Brandenburg Tor (Portão de Brandemburgo), esculpida por Johann Gottfried Schadow em 1793.
Após a morte prematura da "Rainha Filósofa", como era chamada, com apenas 37 anos de idade, em 1705, extinguiu-se a chama da vida cultural em Lietzenburg e, depois do falecimento de Frederico I, em 1713, Charlottenburg teve uma existência sombria durante o reinado do sucessor deste, Frederico Guilherme I (1688-1740). No entanto, o palácio não foi abandonado, e as medidas de conservação necessárias não faltaram ao edifício. Além disso, Frederico Guilherme I sabia usar o palácio exclusivamente para fins oficiais e de representação.
Imediatamente depois da morte de Frederico Guilherme I, o novo rei, Frederico II, "o Grande" (1712-1786), escolheu Charlottenburg para sua residência. Frederico II encarregou o arquiteto Knobelsdorff (1699-1753) de ampliar o palácio, ao estilo rococó, de acordo com as suas necessidades. No lugar onde originalmente ficaria a Orangerie oriental, emergiu uma nova ala. No entanto, Frederico II acabou por perder o interesse por Charlottenburg, virando a sua atenção para o Palácio de Sanssouci, concluído em 1747. O palácio adquiriu sua presente forma durante o reinado de Frederico Guilherme II (1744-1797), sobrinho de Frederico II, "o Grande", com a conclusão, na parte ocidental, do Teatro do Palácio e da Pequena Orangerie. O Teatro do Palácio desempenhou um importante papel na história do teatro alemão, pois Frederico Guilherme II deu grande atenção à Literatura de Língua Alemã, anteriormente negligenciada por seu tio. Frederico Guilherme II tinha um apartamento de Inverno na "Nova Ala", localizado na parte sul do primeiro andar, e aposentos de Verão no rés do chão da ala norte.
A estátua de mármore de Carrara 
para o  sepulcro da Rainha Luisa,  
obra de Christian Daniel Rauch
Posteriormente, durante o reinado de Frederico Guilherme IV (1795-1861), entre outras coisas, foram renovadas, nos estilos cerimoniosos do classicismo tardio e do neorrococó, as salas do primeiro andar do Palácio Antigo (seção central), as quais passaram a constituir um novo apartamento para o rei e para a sua esposa, Elizabeth. Depois da morte de Frederico Guilherme IV, a Rainha Elisabeth passou a usar Charlottenburg como sede de sua viuvez.
Depois, Wilhelm I (1797-1888), rei da Prússia e imperador da Alemanha, mostrou pouco interesse por Charlottenburg. No chamado "Dreikaiserjahr" ("Ano dos Três Imperadores", 1888), o palácio serviu de residência a seu filho, o rei Friedrich Wilhelm Nikolaus Karl von Preußen (1831-1888) - ou Frederico III, rei da Prússia e também imperador da Alemanha -, que se encontrava em fase terminal de uma doença, durante os 99 dias do seu reinado.
Os jardins do Palácio de Charlottenburg (ou Schlosspark - parque do palácio), iniciados em 1697, são de uma beleza e diversidade maravilhosas, uma mistura dos estilos inglês e francês: ao norte, na direção do rio Spree, observa-se a naturalidade artística de um jardim inglês, no qual se cruzam magníficas trilhas com esteiros pitorescos, pequenas elevações que oferecem belos panoramas e gramados entre árvores antigas que convidam para um descanso; ao sul, na direção dos prédios extensos do castelo, observa-se a geometria rígida de um jardim francês, com um repuxo octogonal no centro e, em suas laterais, alamedas de tílias que oferecem proteção contra o sol e contra a chuva.
Outras obras importantes do complexo de Charlottenburg são O Belvedere e o Mausoléu. O Belvedere foi construído entre 1788 e 1790 por Langhans, na beira do jardim ao norte do palácio. Era usado inicialmente como casa de chá e torre de observação. Hoje abriga a coleção de porcelanas berlinenses dos séculos XVIII e XIX e, principalmente, obras da Real Manufatura de Porcelanas de Berlim.
Langhans foi o precursor do Classicismo na Prússia e o autor do maior símbolo de Berlim, o Portão de Brandemburgo. O Mausoléu, situado a oeste do parque, foi construído entre 1810 e 1812, que serviu de túmulo para a Rainha Luise. Lá se encontram os cenotáfios do rei Frederico Guilherme III e da Rainha Luise, projetados por Christian Daniel Rauch (1777-1857), assim como os cenotáfios do imperador Guilherme I e da imperatriz Augusta, ambos projetados por Erdmann Encke (1843-1896). Ao leste da ala projetada por Knobelsdorff encontra-se o Neuer Pavillon, de Schinkel, erguido entre 1824 e 1825, com uma estrutura quadrada e rígida. Em frente desse prédio estão dois projetos de Rauch de 1840, os pilares de granito com estátuas de duas deusas aladas da vitória.
O Mausoléu, construído em 1810
 tem inspiração nos templos clássicos
Parcialmente destruído durante a Segunda Guerra Mundial e completamente reconstruído e restaurado depois de 1945, o Castelo Charlottenburg atualmente é um museu, onde estão pratarias, porcelanas e numerosos quadros, notadamente uma importante coleção de pintura francesa do século XVIII, onde está incluída a obra "Pèlerinage à l'île de Cythère" (1717), de Jean-Antoine Watteau (1684-1721). O museu mostra também o apartamento de Frederico II, "o Grande", insígnias reais de Frederico I e de sua esposa, Sophie Charlotte. Na pequena Orangerie abriu-se um restaurante. Separadamente, pode-se visitar a coleção de porcelanas da Real Manufatura, em exibição no Belvedere, e o Novo Pavilhão. Desde 1952 a estátua equestre de Frederico III encontra-se colocada no pátio de honra.
Grupo princesas de 
Gottfried von Schadow

A lenda barroca

A história do Palácio Charlottenburg contém ainda um capítulo considerado por muitos como uma lenda. Trata-se da construção de uma Bernsteinzimmer, uma sala completamente coberta de âmbar, mais tarde conhecida como a "oitava maravilha do mundo". A sala de âmbar foi desenhada pelo arquiteto e escultor Andréas Schlüter e a realização do trabalho foi confiado ao ambarista dinamarquês Gottfried Wolffram, provavelmente a serviço de Frederico I desde 1701. Em 1706, a execução foi transferida para dois artistas oriundos de Danzig (Polônia), Ernst Schacht e Gottfried Turau, por causa do preço de Wolfframs ser considerado elevado. Em 1712 o trabalho ainda era mencionado, no entanto a obra em Charlottenburgo nunca seria concluída. Partes da cobertura mural em âmbar foram levadas para o Palácio de Berlin (Berliner Stadtschloss), onde foram instaladas num gabinete adjacente ao Salão Branco. Em 1716, a Sala de Âmbar foi oferecida por Frederico Guilherme I ao Czar russo Pedro, o Grande, seu aliado de então, o qual, em agradecimento, lhe enviou 55 soldados da sua guarda. A sala de âmbar foi, então, instalada no Palácio de Catarina, em Tsarkove Selo.

As coroas de ouro maciço de Frederico I e Sofie- Charlotte



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