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Por Litiere C. Oliveira

Louvre: novos museus

Prestes a inaugurar sua mais nova ala, dedicada à arte islâmica, o Museu do Louvre anuncia a abertura de uma filial na cidade de Lens, situada no norte da França, e de outro museu, este um pouco mais longe, em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos. A nova ala, uma estrutura parecida com a pirâmide de vidro, mas em formato que lembra um tapete voador, exibirá obras de arte islâmica da sua reserva e outras que estavam expostas no museu, totalizando 18 mil peças. O museu de Lens se voltará mais para a arte contemporânea e deve ser inaugurado em dezembro de 2012. Já o Louvre Abu Dhabi, um projeto do arquiteto Jean Nouvel, ao custo de 70 milhões de Euros, deverá abrir suas portas somente em 2014. O Louvre de Paris recebeu quase 9 milhões de visitantes no ano passado.

A Bienal da inadimplência
Depois da Bienal do Vazio e da muito criticada Bienal dos Terreiros, a 30ª Bienal Internacional de Arte de São Paulo poderá não ser realizada. Por recomendação da Controladoria Geral da União (CGU), o Ministério da Cultura (MinC) decretou a inadimplência da Fundação Bienal, que teve suas contas bloqueadas. Assim, esta não pode dispor dos R$ 12 milhões já captados via Lei Rouanet nem buscar no mercado os R$ 8 milhões já reservados por empresas. Os R$ 5 milhões de patrocínio conseguidos fora da lei de incentivo fiscal são insuficientes.
O Relatório da CGU acusa a Fundação de irregularidades em 13 prestações de contas, entre 1999 e 2006, totalizando R$ 33 milhões. No ano passado, a Bienal assinou um Termo de Ajuste de Conduta, devolvendo R$ 700 mil ao MinC, valor de uma obra irregular, feita sem licitação.
Criada por Ciccillo Matarazzo em 1951, a Bienal de São Paulo já expôs obras de artistas do porte de Pablo Picasso (incluindo o quadro Guernica), René Magritte, Alberto Giacometti, Vincent Van Gogh, Sigmar Polke, Marc Chagall, Jackson Pollock, Lasar Segall, Francis Bacon, Brecheret, Alfredo Volpi, Lygia Clark, entre outros. Mas isso foi antes, no século XX.
A Bienal de 2010 foi a dos urubus em cativeiro, dos "terreiros". Nesses espaços, milhares de jornais rasgados e jogados aleatoriamente no chão, caixotes amontoados, pedras dentro de saco pendurado, cavaletes com madeira sustentando computadores e televisões velhas, coisas estranhas. Como atenuante ao desastre cultural promovido, quem visitou a Bienal na sua abertura, e viu a manifestação de artistas de todo o Brasil no entorno do pavilhão, apreciou mais obras de arte dignas desse nome do lado de fora do que dentro do pavilhão. Formado por artistas plásticos, o movimento Mitos Vadio II fez a seguinte declaração: "Convocamos artistas a pacificamente contestarem sobre o conceito, ou a falta dele, de uma Bienal de política obscura, que deturpa a arte e manipula conceitos".
No artigo que escreveu sobre esta Bienal, Arnaldo Jabor disse: "A sensação dominante que tive foi de ruínas ou de despejos da civilização. Saí triste. Os trabalhos repetem os mesmos códigos e repertórios: terra arrasada, materiais brutos e sujos, desarmonia, assimetria, uma vergonha de ser "arte", vergonha de provocar sentimentos de prazer".
A Realização da 30ª Bienal Internacional de Arte de São Paulo depende agora de um acordo entre a Fundação, o Minc, os Ministérios Públicos Estadual e Federal, o Tribunal de Contas da União (TCU) e a CGU. Difícil!!!

2012: em vez do fim do mundo, uma nova era
Recentes descobertas arqueológicas no sítio de Tortuguero, no sudeste do México, revelaram que, em vez da catástrofe que poderia acabar com o nosso planeta, o que os maias previram foi o início de uma nova era e a volta de um novo deus. Essa história do fim do mundo começou com a descoberta de uma placa do século VII que trazia a inscrição 4 Ajaw 3 K'ank'in , que corresponde à data de 21 de dezembro de 2012. Segundo Orlando Casares, arqueólogo do Instituto Nacional de Antropologia e História do México, "A associação do fim do mundo com as profecias maias partiu de grupos místicos que exploram concepções de tempo de culturas antigas para criar uma visão apocalíptica". As descobertas de novas placas no sítio arqueológico revelaram que a previsão dos maias nada tem de apocalíptica. Podemos dormir tranquilos.

O quadro é bom
Essa cena aconteceu no Rio de Janeiro e eu assisti: O cliente chegou a uma casa B de leilões com um quadro de Di Cavalcanti debaixo do braço, querendo devolver a obra porque um dono de galeria A afirmara que a tela era uma falsificação. O leiloeiro B ligou para a galeria A e colocou o telefone no viva-voz. Estavam presentes o comprador, uma pessoa que o acompanhava, o leiloeiro B e este jornalista. A conversa foi a seguinte:
- Fulano - disse o leiloeiro B -, eu estou aqui com um cliente que quer devolver um quadro porque você disse pra ele que o quadro não era bom.
- Ele disse que eu falei que o quadro não era bom?
- Disse, ele está aqui do meu lado.
- Não, eu não disse que o quadro não era bom, disse que o quadro não me interessava.
- Mas você examinou o quadro, o quadro é bom?
- O quadro é bom.
O cliente pegou o quadro de volta, pediu desculpas e foi embora.
Esse tipo de coisa precisa acabar no mercado de arte.

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