Galleria Degli Uffizi

"Sem o acervo da Uffizi a história não poderia ser escrita"



(Carlo Ludovico Ragghianti)




A Galleria degli Uffizi abriga a maior e mais importante coleção de arte renascentista do mundo. O majestoso prédio da galeria fica de frente para o Rio Arno, bem próximo da célebre Ponte Vecchio




A Galleria degli Uffizi abriga a maior e mais importante coleção de arte renascentista do mundo, possuindo mais de cem mil obras. Lá estão importantes pinturas dos gênios do início da Renascença, como Cimabue, Giotto, Duccio e Simone Martini, que prepararam o terreno para Piero della Francesca, Pallaiolo e Botticelli evoluírem nos termos da "arte natural"; e lá estão magníficas obras de Leonardo da Vinci, Michelangelo e Rafael, entre outros grandes mestres como Ticiano, Tintoretto e Caravaggio. A Galeria guarda ainda excelentes trabalhos de artistas franceses, alemães, flamengos e holandeses.


Se Florença é considerada o berço da Renascença, a Uffizi é o templo da arte renascentista. A própria galeria é uma das grandes obras, "com sua forma de proporções harmoniosas que permitiram sua ampliação e as alterações feitas através dos séculos, sem perder sua identidade. Esta forma foi criada por Vasari para o edifício que mais tarde abrigaria a Uffizi", afirmou a diretora Luísa Becherucci, que continua:

"A galeria apresenta-se na forma especializada de pinacoteca, isto é, uma coleção feita principalmente de obras de arte pictórica. Esta coleção contém os trabalhos fundamentais de uma das maiores fases da civilização, a Renascença, que alcançou na arte sua maior expressão. A proposição reconhece que nestes trabalhos básicos, mais que nos textos literários e filosóficos, a Renascença revelou o novo espírito de investigação, que renovou a concepção do mundo, pois era uma direta experiência da natureza e do homem, em cada aspecto do ser. Os meios usados nesta experiência foram os artísticos. Não foi o olho físico, mas o intelectual, auxiliado pelos recursos matemáticos da nova ciência da perspectiva, que partiu da multiplicidade de fenômenos para investigar suas relações infinitas. Na afirmação, através de imagens, do 'incessante vir-a-ser' e do 'movimento como causa de vida', a perspectiva foi a precursora da ciência moderna. Atualmente, na Uffizi podem ser vistas as fases essenciais desta aventura da mente".

O majestoso prédio da galeria fica de frente para o Rio Arno, bem próximo da célebre Ponte Vecchio. A Galeria dos Ofícios foi construída por ordem de Cósimo I de Médici, para conter os escritórios administrativos e judiciais do Estado Florentino (daí o nome Uffizi - ofícios).





GIOTTO DI BONDONE (1267 ?-1337) - "Madona e o Menino em Majestade". Painel do começo do século XIV que marcou uma nova tendência na arte florentina. Med. 325x204 cm





GIOVANNI BELLINI (1430-1516) - "Alegoria Sagrada". Painel 73 x 119cm. Uma obra fascinante cujo significado não foi totalmente entendido. Chegou na Uffizi em 1795


O projeto do palácio foi entregue a Giorgio Vasari e as obras começaram em 1560, durando vinte anos. Entretanto, antes da construção ficar pronta, Cósimo decidiu unir o Palácio Velho ao Palácio Pitti, nova residência da família Médici, através de um caminho particular e elevado, também executado por Vasari e nomeado "Corredor de Vasari", que usava a galeria, a Ponte Vecchio sobre o rio Arno e uma passarela coberta sobre a rua.


A construção completa-se no governo de Francesco de Médici, que sucedeu Cósimo a partir de 1574. Em 1581 é concluída a decoração do teto com afrescos e finalmente Francesco reúne no último andar a sua coleção de pinturas, estátuas, objetos de arte antigos e da época, armaduras, miniaturas e medalhas. Para acomodar a coleção, o arquiteto Buontalenti constrói no braço longo da galeria a chamada "Tribuna", com formato octogonal.


SANDRO BOTTICELLI - "A Primavera" 314x203cm (detalhe). O surrealismo parece estar presente na obra do gênio




RAFAEL (1483-1520) - "São João Batista", ost 163 x 147 cm






LORENZO DI CREDI (1455?-1537) - "Anunciação", Têmpera e óleo s/madeira, 88 x 71 cm




LEONARDO DA VINCI (1452-1519) - "Anunciação", osm, 104 x 217. Originário do Convento di Bartolomeo



DOMENICO GHIRLANDAJO (1449-1494) - "Adoração dos Magos", Têmpera sobre madeira - 172 cm de diâmetro. Entrou na galeria em 1780





MICHELANGELO (1475-15640 - "Sagrada Família". Resina e têmpera s/madeira, 120 cm de diâmetro. A belíssima moldura é de Domenico di Francesco del Tasso, em desenho de Michelangelo




 
Com o fim da era dos Médici, somente com Pietro Leopoldo de Lorena voltam as obras na Galeria Uffizi, com a construção de uma nova entrada. Com isso, em 1769, permitiram que o grande público passasse a visitar a galeria.


O prédio da Uffizi é composto de dois corpos com pórticos juntados na parte inferior, ao fundo, com um terceiro bloco com arcadas que fica de frente para o rio. Entre os blocos principais se forma um pátio central muito florido, com pilastras abrigando nichos com estátuas de ilustres personagens e artistas florentinos como Maquiavel, Giotto, Leonardo da Vinci, Michelangelo e Donatello, entre outros. As esculturas foram ali colocadas entre 1842 e 1856. No meio do pátio se forma uma grande fila de visitantes da galeria e de um lado e de outro, estátuas vivas se misturam com mal humorados senegaleses e outros imigrantes que vendem desde reproduções de pinturas famosas até falsificações de relógios e bolsas de grife.

No térreo do edifício pode-se admirar o que restou da igreja românica de São Pietro Scheraggio, que foi descoberta e restaurada em 1971. O destaque aqui, são os valiosos afrescos de Andrea del Castagno. O primeiro andar apresenta muitas janelas e no segundo andar existe um alpendre corrido. Esse andar abriga o Arquivo do Estado que conserva documentos raros da história da cidade.

Famosa em todo o mundo, a Galeria dos Ofícios é a mais célebre da Itália. Sua pinacoteca oferece, através de importantes obras de arte, um imenso panorama das diversas escolas da pintura florentina.
 
 

ANDREA DEL SARTO (1478-1531) - "São Miguel Pesando Almas", osm 21 x 43 cm. Parte de um retábulo da igreja de Romitorio delle Celle



TICIANO (1448?-1576) - "Flora", ost 79 x 63 cm. Originário da coleção do Arquiduque Leopold Wilhelm de Viena



CARAVAGGIO (1573-1610) - "Jovem Baco", ost 93 xs 85 cm. Tido como o primeiro quadro do artista




FRANCESCO GUARDI (1712-1793) - "Aldeia com Canal", ost 30 x 53 cm



O editor de A Relíquia no Pátio dos Ofícios, esperando para entrar na galeria. O Palácio dos Ofícios foi construído pela família Médici para conter os escritórios administrativos e judiciais do Estado florentino. O projeto da obra é de autoria de Giorgio Vasari. O prédio resistiu intacto a atentados e a muitas enchentes do Rio Arno



Possui também inúmeras coleções das escolas italianas, principalmente a veneziana, assim como da escola flamenga, sem falar na famosa coleção de auto-retratos. No primeiro andar fica o Gabinete de Desenhos e Gravuras, uma importante coleção iniciada pelo Cardeal Leopoldo de Médici no século XVII. Na ala oeste se encontra o visitadíssimo Corredor Vasariano. No segundo andar tem início a visita ao grande museu, que só passou a ser patrimônio público em 1737, quando Anna Maria Ludovica de Médici, a última representante da poderosa família, fez a doação à cidade. Legou-a fazendo a seguinte declaração: "Como um ornamento do Estado, para a utilidade pública e para atrair a curiosidade dos estrangeiros". E como atraiu! Milhares de visitantes de todo o mundo fazem filas diariamente na porta da galeria, podendo o tempo de espera chegar a cinco horas se o ingresso não for marcado por antecedência.


"A Galeria Uffizi foi o início do primeiro museu, no sentido moderno de um diálogo entre o homem e a arte. Os grandes sistemas enciclopédicos das igrejas medievais, com seus afrescos e ritos celebrando uma história humana com final sobre-humano, foram sucedidos, na Renascença, pela exposição de objetivo exclusivamente cultural. Desta premissa começa a evolução do museu moderno como meio de adquirir uma nova experiência, e daí começa a refinar seus métodos e aumentar suas especializações. O museu de arte, a galeria, se diferencia do museu científico e auxilia na formação de uma nova disciplina: a história da arte" - escreveu Luísa Becherucci.

Os duques e depois os grãos-duques da Toscaca, membros da família Médici, se empenharam, até por motivos políticos, em aumentar as coleções de arte.



            
ANDREA DEL SARTO (1486-1530 ) - 'Madona com Menino, São Francisco e São João Batista" (Detalhe),  osm 207x178 cm






TINTORETTO (1519-1594) "Leda com Cisne", ost 162 x 218 cm






JACOB VAN RUISDAEL (1628-1682 ) - "Paisagem rural", ost 52 x 60 cm






REMBRANDT VAN RIJN (1606-1669) - "Autorretrato", osm 61 x 52 cm






HERCULES SEGHERS (1589-1590 ) - "Paisagem montanhosa", ost s/madeira, 55 x 100 cm






CANALETTO (1697-1768 ) - "Vista do Palácio Ducal de Veneza', ost 51 x 83 cm






JEAN-MARC NATTIER (1685-1766 ) - "Henriqueta de França representada como Flora", ost 94 x 128 cm





PAUL BRILL (1554-1626 ) - "Marinha", ost 86 x 116, pertenceu a Carlo de Médici
 
 
 

O Cardeal Leopoldo foi o responsável pela Galeria de Autorretratos. A partir de 1587, com Ferdinando I, houve novos acréscimos, como uma coleção de retratos, uma seção de cartografia e uma coleção de instrumentos científicos. A Sagrada Família, de Correggio, foi presente do Duque de Mântua a Cósimo II. O Trípico de Mantegna veio do acervo de Don Antônio de Médici, enquanto dois retratos de Piero della Francesca, o Autorretrato de Rafael e um grupo de obras de Ticiano, que incluía Vênus de Urbino, vieram da herança da Grã-Duquesa Vittoria.


Em 1635, a Sagrada Família, de Miguel Ângelo, já estava exposta na Uffizi. Descanso na Fuga para o Egito, de Correggio, foi adquirido do Duque de Módena em 1639. Cósimo III foi responsável pela aquisição de duas grandes obras: Retrato do Rabi Morteyra, de Rembrandt e Adoração dos Magos, de Leonardo da Vinci. Já Ferdinando, filho e sucessor de Cósimo III preferiu saquear obras de arte de igrejas e conventos para sua coleção, que depois, em 1713, foram para a Uffizi.

Depois de 1780, graças à nova classificação introduzida por Luigi Lanza, houve uma reorganização das coleções e vários objetos foram levados para outros museus. O interesse ficou concentrado nas pinturas e esculturas. Em 1779 já tinha chegado um conjunto de esculturas clássicas da vila Médici de Roma. Esta época foi marcada por importantes aquisições, como as que chegaram através de trocas com museus vienenses, destacando-se Flora, de Ticiano; Adoração dos Magos, de Dürer e Alegoria Sagrada, de Giovanni Bellini.

Corredores e mais de 45 salas e salões da Uffizi guardam preciosos tesouros, como por exemplo: Nascimento de Vênus, de Botticelli; a Anunciação, de Leonardo da Vinci; A Sagrada Família, de Miguel Ângelo; a Vênus de Urbino, de Ticiano; a Adoração dos Pastores, de Lorenzo de Credi; a Virgem com o Menino e os Santos, de Ghirlandaio; a Virgem de Todos-os-Santos, de Giotto e muito, muitíssimo mais.






FRANCISCO GOYA (1746-1828 ) -"Retrato de Maria Teresa de Vallabriga a cavalo", ost 82,5 x 61,7 cm






JEAN-ANTOINE WATTEAU (1684-1721 ) -"Cerchia de Flautista", ost 37 x 48 cm






CLAUDE GELLÉE (1600-1682 ) - "Porto com Villa Médici", ost 102 x 133 cm








MARC CHAGALL (1887-1985 ) - "Autorretrato", ost 61,5 x 51 cm. No quadro estão sua mulher, um galo (emblema da sua terra), a Catedral de Notre-Dame, a Torre Eiffel e uma ponte.de Paris







Fotos: A Relíquia/Reproduções


Um comentário:

  1. gostei muito das obras,se o ser humano olhasse mas para a arte o mundo seria muito diferente

    ResponderExcluir