Museu Histórico Nacional reabre e mostra ao público seu riquíssimo acervo

O Museu Histórico Nacional está cheirando a tinta fresca. Depois de sete anos de obras de restauração e modernização, reabre suas portas ao público para exibir o seu rico acervo com mais de 270 mil itens, incluindo obras de arte, objetos históricos, relíquias e a maior coleção de numismática da América Latina.

Numa ponta que avançava sobre o mar, localizada no centro histórico do Rio de Janeiro, entre as então existentes praias de Piaçaba e Santa Luzia, posteriormente conhecida como Ponta do Calabouço, os portugueses construíram em 1603 a Fortaleza de Santiago, origem do conjunto arquitetônico que abriga o Museu Histórico Nacional.
Outras edificações somaram-se à Fortaleza, como a Prisão do Calabouço (1693), destinada a escravos faltosos; a Casa do Trem (1762), para a guarda do “trem de artilharia” (armas e munições); o Arsenal de Guerra (1764) e o Quartel para abrigar as tropas militares (1835). Por sua localização estratégica para a defesa da Baía da Guanabara e da própria cidade, a região foi uma área militar até 1908, quando o Arsenal de Guerra foi transferido para a Ponta do Caju.
Na década de 1920, a Ponta do Calabouço foi aterrada e urbanizada e as edificações do antigo Arsenal de Guerra foram ampliadas e receberam elementos decorativos característicos da arquitetura neo-colonial.
Em 1922, foram abertas ao público, abrigando o “Palácio das Grandes Indústrias”, um dos mais visitados pavilhões da Exposição do Centenário. Em duas galerias desse Pavilhão foi instalado o Museu Histórico Nacional, criado naquele mesmo ano pelo então Presidente da República, Epitácio Pessoa, para dotar o Brasil de um museu dedicado à história nacional.
Durante o século XX, o Museu passou a ocupar todo o espaço arquitetônico e formou um dos maiores acervos do país, que representa atualmente 67% das coleções nacionais em museus pertencentes ao Ministério da Cultura. Reúne mais de 270 mil itens, entre objetos históricos e artísticos, documentos, livros raros e a mais significativa coleção de numismática da América Latina, uma das mais expressivas do mundo.


Da Fortaleza de Santiago e da Prisão do Calabouço, restam apenas as fundações. No entanto, permaneceram até hoje a Casa do Trem, totalmente recuperada na década de 1990, o prédio do Arsenal de Guerra e seu imponente Pátio da Minerva e o Pavilhão da Exposição de 1922, atual Biblioteca do Museu.

Recuperar uma parte da arquitetura original, ampliar espaços destinados ao público, aprimorar os serviços oferecidos aos visitantes, democratizar o acesso dos mais diversos segmentos da sociedade e viabilizar a circulação e o percurso adequados ao discurso museográfico: essas foram as diretrizes que nortearam o “Projeto de Restauração e Modernização do Museu Histórico Nacional”, seguindo a tendência mundial dos grandes museus nacionais de se adequarem às necessidades impostas pelo aumento do fluxo de visitantes e à valorização das instituições culturais nesse novo milênio.

As obras de restauração, após sete longos anos, finalmente chegaram ao final e no dia 23 de novembro passado, quatro galerias dedicadas a mostras de longa duração foram abertas ao público. Até dezembro, toda a área de visitação estará em funcionamento.
No 1º andar, as mudanças respeitaram a arquitetura original e a coleção permanente foi organizada de forma cronológica. Acompanha-se a trajetória do Brasil desde a pré-história, passando pela cultura indígena e pelo processo de descobrimento e emancipação, até a chegada, na última galeria, aos dias atuais — parte ainda em fase de finalização.

Móveis e objetos do século XIX que não eram expostos havia décadas deixaram a reserva técnica. Nos largos corredores, recursos multimídia e linhas do tempo abastecem o visitante de informações. “Com a integração das galerias, o passeio ficou mais lógico”, explica Luís Antonelli, arquiteto responsável pela museologia da casa.

Exposição: A construção da Nação - vestido e louças

A espera compensou: o resultado da empreitada é uma instituição completa, organizada e moderna. Uma novidade para os visitantes: além de peças tradicionais, algumas há muitos anos longe do olhar do público, obras contemporâneas integram o novo circuito, como por exemplo, as três obras em 3 D lenticular, com efeito tridimensional, do artista plástico Carlos Vergara que fazem uma releitura contemporânea da missões jesuíticas de São Miguel das Missões; o altar de Oxalá, criado pelo artista plástico e diretor do Museu Afro Brasil, Emanoel Araújo, e o painel grafiti do Grupo Rimas e Tintas, com uma interpretação da questão habitacional no Brasil.
O novo circuito de exposições conta com uma série de recursos multimídia para auxiliar o visitante na compreensão de nossa história: multivisão panorâmico com as rotas de todas as grandes navegações portuguesas; a leitura da "Carta de Caminha" na voz do inesquecível Paulo Autran; a leitura de trecho da obra de Gilberto Freyre por Maria Bethânia e vídeos ilustrativos da história contemporânea.

Ao lado de pinturas ícones da história do Brasil - "O Combate Naval do Riachuelo", de Vitor Meireles e "O Baile da Ilha Fiscal", de Aurélio de Figueiredo e Melo, louças brasonadas, quadros e bustos dos personagens da história, peças de numismática, entre outros, também integram as exposições itens do cotidiano, tais como uniformes de trabalho, brinquedos, eletrodomésticos, documentos pessoais, urnas e cédulas de votação. Vale a pena programar uma visita para admirar esse belíssimo acervo.

Serviço
Local: Museu Histórico Nacional - Telefone: 21-25509220
Endereço: Praça Marechal Âncora, s/nº, Pça. XV - Centro
Visitas: de terça a sexta, 10h às 17h30; sábado, domingo e feriados, 14h às 18h.

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