Islândia: Terra do Fogo e Gelo

A Islândia, grande ilha do Atlântico Norte - a segunda do continente europeu -, está situada a noroeste da Inglaterra, a meio caminho entre Nova Iorque e Moscou. Apresenta uma superfície de 103 mil quilômetros quadrados de terras geologicamente novas, cujo processo de formação ainda continua. O interior é constituído de planaltos e ásperas montanhas que se revelam totalmente inadequados à cultura e à sobrevivência do homem. A altura média do país gira em torno de 500 metros acima do nível do mar, sendo o ponto culminante o monte Hvannadalshnúkur, que tem 2.119 metros, no sudoeste da ilha. O litoral sul possui a maior porção de terras baixas, sendo a quase totalidade dos seis mil quilômetros de costas da ilha formada de baías e fiordes, terminais dos extensos vales que descem das terras altas. O país possui uma beleza e variedade inigualáveis.
A Islândia e conhecida como a terra do fogo e do gelo. Do gelo, devido as suas numerosas geleiras – resultantes de sua alta latitude, que a situa junto ao Circulo Polar Ártico –, de onde correm inúmeros e caudalosos rios. Devido aos violentos desníveis do solo da ilha, muitos desses rios formam gigantescas cascatas. A maior de todas as geleiras è a de Vatnajokoull, que ocupa uma área de 8.400 km2 (igual em tamanho a todas as geleiras do continente europeu juntas).
Se a Islândia é também conhecida como a terra do fogo, isso se deve ao fato de ela constituir o país que possui a maior quantidade de vulcões ativos do mundo. Cerca de duzentos deles surgiram após o ultimo período glacial, sendo que uns trinta já entraram em erupção, uma ou mais vezes, depois do estabelecimento do país, no século IX da nossa era. Em média, há uma erupção de cinco em cinco anos. Um desses vulcões, o Lakagígar, que tem mais de trinta quilômetros de extensão e apresenta cem crateras separadas, lançou em 1783 a maior quantidade de lava jamais produzida por qualquer outro vulcão do mundo, cobrindo uma área superior a 500 km².
Contudo, se os vulcões não bastassem para justificar o apelido de terra do fogo, a Islândia contaria ainda com os gêiseres e as fontes de água quente. Existem na ilha cerca de duzentas áreas vulcânicas com mais de 800 fontes de água quente, cuja temperatura média é de 75 graus centígrados. Esse fenômeno começou a ser explorado, a partir de 1925, para o aquecimento de casas, sendo que em Reykjavík, a capital, todas elas são aquecidas dessa maneira.

História
A Islândia foi colonizada pelos nórdicos no tempo dos vikings, quando estes cruzavam os mares do norte e do sul da Europa com seus drakkar - barcos resistentes e velozes que chegavam a atingir trinta metros de comprimento. Os vikings começaram a estabelecer-se na Islândia em meados do século IX, tendo a colonização se estendido pelo século X, época em que surgiu também grande número de outros colonizadores procedentes da Ilhas Britânicas, em especial da Irlanda e da Escócia.
A colonização foi de tal forma grandiosa que deixou uma marca indelével na memória nacional, dando origem a muitos contos e lendas.
Segundo Ari Thorgilsson, o Sábio, que viveu entre 1067 e 1148, e a quem se deve a mais antiga historia da Islândia, o primeiro colonizador foi Igólfur Arnarson, que chegou à ilha na segunda metade do século IX, provavelmente em 874, vindo da Noruega, de onde fora desterrado devido às sangrentas lutas internas entre diversos chefes feudais.
Quase no final do Período do Povoamento, no ano de 930, os habitantes da Islândia sentiram a necessidade de organizar a terra como um Estado. Criou-se, então, o Althing, o Parlamento Nacional, que dividiu o país em 39 chefias independentes - uma espécie de Commonwealth que durou ate 1262, ano em que a Islândia foi dominada pela Noruega.
Até essa data, o país passou por dois acontecimentos importantes, ambos no ano mil. Um deles foi a adoção do cristianismo como a religião oficial do país e o outro seria a chegada de Leifur Eiríksson o Afortunado, filho de Eirik o Ruivo, descobridor da Groenlândia, às costas da América do Norte, 500 anos antes de Colombo.
Em 1380, a Noruega passou para o domínio da Dinamarca, de que a Islândia ficou sendo uma província. A igreja Luterana foi introduzida à força em 1539. O surto de nacionalismo que se verificou em todo o mundo com a chegada do século XIX não poderia deixar de se refletir também em terras islandesas, onde se iniciou uma renovação cultural que estimulava as exigências de independência. Foi então que surgiu o grande estadista Jon Sigurdsson, hoje herói nacional. Em 1843 Sigurdsson conseguiu restaurar o Althing - que havia sido dissolvido no principio do século -, derrubou as barreiras de comércio e abrandou a rigidez do governo com o estabelecimento de uma constituição em 1874. Em 1918 a Islândia tornou-se um Estado soberano sob a coroa da Dinamarca, e em 17 de junho de 1944, o Althing proclamou a Islândia um Estado totalmente independente.
Há muitos lugares na Islândia que devem ser visitados. A capital Reykajavík, situada a pouco mais de duzentos quilômetros do Círculo Polar Ártico, é a metrópole mais setentrional do mundo. Sendo que mais da metade da população do país reside nessa cidade ou em suas cercanias. Cidade destituída de fumaça poluidora, cujas casas de coloridos telhados se espalham em torno de um lindo lago, Reykajavík é um centro de comércio e de governo, de indústria e de cultura.
Partindo de Reykajavík, pode-se chegar a qualquer parte do país e constatar-se porque o chamam de terra do fogo e do gelo. Pode-se visitar também Gullfoss, cujas cataratas muitos consideram as mais belas da Europa. Ou então Stong, onde foram encontradas ruínas medievais. Ou, ainda, Hlidarendi e Bergthoshvoll.
O islandês é, ao mesmo tempo, um povo alegre e heróico, vivendo em paz numa terra onde a natureza se mostra violenta. Terra selvagem e bela, a Islândia é habitada por um povo que luta há mil anos para domá-la com sua coragem e perseverança dignas dos seus lendários antepassados, os vikings, e que em dois simples versos resume os contrastes da sua ilha: "Abraça-a por um lado uma corrente quente / Agarram-na pelo outro os gelos do mar.