Quando Cândido Portinari pintou a famosa série "Os
Retirantes", ele não estava preocupado apenas com valores estéticos.
Estava preocupado, também, com a miséria - e com todas as suas trágicas
consequências: a fome, a subnutrição, a mortalidade infantil, a falta de
higiene, as doenças endêmicas. E a morte.
Para denunciar a realidade dessa época, Portinari não fez os
seus quadros apenas com tinta. Ele os fez com lágrimas, com ódio, com sangue e
violência, porque seus pincéis eram o único meio de que ele dispunha para
tentar mudar tudo isso, para tentar sacudir as pessoas em sua inércia, e chamar
sua atenção para o horror que elas não queriam ver.
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CANDIDO PORTINARI, Retirantes (Retirantes), 1944 |
De Portinari para os dias atuais muita coisa mudou,
melhorou, mas a miséria, essa continua presente em nosso país, principalmente
no Nordeste e nas periferias das grandes cidades. Na verdade, o pintor nunca
esteve sozinho em sua angústia. Todos nós, que de alguma forma podemos influir
nos rumos da sociedade, temos a mesma preocupação. E a maioria quer fazer
alguma coisa. Para isso, cada um de nós, na área de sua competência e na medida
de suas responsabilidades, deve dar a sua contribuição e fazer a sua parte -
como Portinari fez pintando seus quadros. O governo deve contribuir através de
ações contra a corrupção que desvia o dinheiro destinado ao combate à seca, ao
saneamento básico e a outros programas sociais.
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