O belo prédio amarelo de seis andares do Centro Cultural CEEE Erico Verissimo, no coração do Centro Histórico de Porto Alegre, abriga valioso acervo do autor de O Tempo e o Vento
A partir deste mês o Centro Cultural CEEE Erico Verissimo convida para uma viagem pela vida e obra do escritor. Uma vasta coletânea com mais de três mil itens, divididos entre mais de 34 volumes originais, manuscritos, correspondências, desenhos, fotos, mapas, vídeos, filmes e fortuna crítica, compõe o rico acervo que vai ocupar dois dos seis andares do prédio construído entre 1926 e 1928, com influência da arquitetura francesa do século XX.
Referência fundamental para quem quer conhecer a obra e o processo de criação do autor de O Tempo e o Vento e do também aclamado Olhai os Lírios do Campo, o Memorial Erico Verissimo reúne os acervos de dois amigos do escritor: o jornalista e bibliógrafo, Mário de Almeida Lima, e o doutor em Letras, Flávio Loureiro Chaves, este último tinha convivência muito próxima e foi quem organizou o segundo volume de memórias de Erico, Solo de Clarineta, deixado inacabado por ocasião de sua morte súbita, em 28 de novembro de 1975.
Mapa em 3D |
Originais, Linha do Tempo, mapas em 3D e espaço para público infantil
No terceiro andar do Centro Cultural, os visitantes terão a oportunidade de conhecer originais de obras como Fantoches, uma coletânea de histórias que marcou a sua estreia em 1932, a novela Noite, o segundo livro da trilogia O Tempo e O Vento, O Retrato, publicado em 1951, o segundo volume da autobiografia Solo de Clarineta, e o espaço Nanquinote, dedicado às crianças. Também será revelador conhecer detalhes do seu processo de trabalho, como as rasuras de seus textos feitas à mão, em diferentes cores a cada revisão. "Temos manuscritos todos com apontamentos, com avanços e recuos que nos permitem perceber que um livro não nasce pronto, é fruto de um trabalho minucioso que pode demorar muito, como O Tempo e O Vento, que levou 15 anos para ser concluído", exemplifica a doutora em Letras e professora da UFRGS, Márcia Ivana de Lima e Silva, coordenadora do projeto.
Outra notável curiosidade que pode ser conferida sobre a maneira de delinear suas histórias, é o costume que o escritor tinha de desenhar personagens e lugares, a exemplo do mapa da cidade fictícia, onde se passa Incidente em Antares, e o mapa de El Sacramento, cenário de O Senhor Embaixador. A geografia dos lugares estará exposta em 3D, no centro deste andar, e lá será possível identificar, no caso de Incidente em Antares, o coreto, as mansões das famílias Vacariano e Campolargo e a loja do sapateiro comunista. "O pai tinha mesmo esse costume de desenhar. Ao criar um romance, ele esboçava no papel as personagens para torná-las mais reais, palpáveis", relembra o filho, também escritor, Luis Fernando Verissimo.
Ainda no terceiro pavimento será exibida uma linha do tempo, construída a partir de recursos iconográficos, que traça um paralelo entre acontecimentos históricos e a vida do escritor. A interatividade será estimulada por uma ilha de computadores e pelo acesso a vídeos, entrevistas, filmes e depoimentos. De acordo com o curador do projeto, o bibliófilo Waldemar Torres. "É um espaço para um público bastante amplo, para todas as idades. O objetivo é ousado, mas a ideia é bem essa: cada público vai absorver aquilo que é capaz", diz.
Biblioteca O Continente , lugar para pesquisas e mergulho na obra do escritor
No sexto andar, o tradicional espaço de consulta do CCCEV, a Biblioteca O Continente, ganhou novas instalações e mobiliário, dedicados a exibir parte da coleção. É um espaço destinado a estudos e pesquisa tanto para acadêmicos como para o público em geral. "O Memorial tem características únicas pela tecnologia e democratização de materiais com a importância dos que disponibilizaremos de maneira presencial e virtual. Tudo está digitalizado e disponível também pela internet", explica Regina Leitão Ungaretti, diretora do Centro Cultural CEEE Erico Verissimo.
O Memorial, que apresenta um dos maiores ficcionistas brasileiros e um dos autores mais traduzidos no mundo, foi possível graças à iniciativa e ao envolvimento do CCCEV e aos patrocínios do Grupo CEEE, Gerdau e Pro-Cultura RS. A produção cultural é assinada pela Backstage.
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