Fazenda São Luiz da Boa Sorte
|
Primeira exposição de
Mobiliário e Arte dos Séculos XVIII e XIX, realizada na Fazenda São Luiz da Boa
Sorte em Vassouras - RJ começa a resgatar a memória brasileira referente a uma
época de opulência e esplendor proporcionado pelo ciclo econômico do café na
região do Vale do Paraíba.
Varadão ambientado por Gorete Colaço
|
Realizada entre os dias 13 e 28 de julho passado, a Mostra
Casa Real, surgiu não apenas como um título, mas como patrimônio material
restaurado, capaz de apresentar um momento capturado pelo olhar de
historiadores, especialistas em arte, arquitetos, designers e paisagistas. Ela
reuniu cerca de trezentas peças, criteriosamente selecionadas, que representam
o estilo de vida dos Barões em suas fazendas no período áureo do Ciclo do Café.
O ciclo econômico
do café foi relativamente curto - durou menos de um século - mas, além de
trazer riquezas para o Brasil e para uma casta de fazendeiros, deixou para a
posteridade as magníficas sedes das fazendas, casarões e solares, verdadeiros
palacetes. Deixou, também, o luxo dos interiores, com colunas e pilastras,
pinturas e painéis decorativos, tudo sugerindo uma ambientação neoclássica,
seguido depois pelo ecletismo da arquitetura. Os salões eram mobiliados com o
mesmo luxo das melhores residências da corte. Traziam da Europa espelhos e
cristais venezianos, baixelas de prata e ouro, finas tapeçarias orientais e
móveis de jacarandá estilo inglês, porcelanas chinesas, pratas inglesas e
portuguesas, pinturas, obras de arte as mais variadas.
São exatamente
esses ambientes das sedes das fazendas do ciclo cafeeiro, que a Mostra Casa
Real procurou recriar. Para realizar esse projeto, os proprietários da Fazenda
São Luiz da Boa Sorte, Nestor Rocha e Liliana Rodriguez, convidaram Antiquários
do Rio de Janeiro e São Paulo, colecionadores e arquitetos, decoradores e
designers que ambientaram os espaços que foram mostrados ao público.
Sala dos Senhores, arquitetos Ricardo Melo e Rodrigo Passos
|
Na Europa, Casa
Real, em geral, é uma denominação familiar utilizada pela realeza. No Brasil,
apenas no século XIX os Monarquistas criaram a Casa Imperial Brasileira. Um dos
objetivos da exposição foi levar o visitante, a partir do momento em que
transpôs os portões da sede da Fazenda, a fazer uma viagem ao passado através
do contato com a beleza representada em cada obra de arte e mobiliário de
época, descritos num catálogo preparado para o evento.
Um selecionado
acervo de obras de arte e antiguidade foi disponibilizado entre mobiliário,
pinturas, prataria, porcelanas, bronzes, tapetes, tapeçarias, luminárias,
cristais, esculturas, imaginarias, e muitos itens inusitados que representam o
período do Império Brasileiro, com forte influência francesa.
Foram reunidas mais
de trezentas peças, como uma raríssima Nossa Senhora da apresentação, de
Portugal do Século XVIII, um imponente Armário Pintado, de Portugal, também do
século XVIII; um Par de Monumentais Esculturas de Jardim, de ferro fundido,
França, século XIX; excepcional oratório de Portugal do século XVIII; um
Retrato a Óleo do Conselheiro Ferreira Viana, Redator da Lei Áurea; um Serviço
de Cia. das Índias do Conde e Visconde de Ipanema; retrato único de Infante da
Casa de Bragança, de autoria de Ernest Karl Papfp, um dos pintores oficiais da
corte; par de Serafins, Portugal, século XVIII, que pertenceu ao Rio Palace
hotel; par de cachepots Imari e duas raras galerias Ferahan, século XIX.
Teve ainda objetos
curiosos como o bidê Cia. das Índias do século XIX, usado nos banhos de
assento; Buda de Madeira, Laca e Ouro, Camboja, século XIX e coleção de
almofarizes de bronze, ferro e mármores, utilizados tanto na culinária, quanto
na manipulação de farmácia, desde a época dos Mouros. Essas obras foram
disponibilizadas para compra, alguma através de venda direta no local, e outras
num leilão especialmente montado para o evento.
Escritório do Barão por Paula Neder
|
Participaram da ambientação os Arquitetos
Gorete Colaço - Varandão, Paula Neder - Escritório do Barão, Thoni Litsz -
Quarto do Barão, João Reis - Alcova, Ricardo Melo e Rodrigo Passos - Sala dos
senhores, Claudia Brassaroto - Sala das senhoras, Dani Parreira e Flávia
Santoro - Quarto do Padre, Mariana Dornelles, Fillii Sartori e Luciana Arnaud -
Quarto do Filho Viajante e quarto das meninas, Roseli Muller - Quarto do Conde
D'eu, Alexandre Lobo e Fábio Cardoso - Cozinha, Tatiana Lopes - Quarto do
Padrinho, Cristina e Laura Bezamat - Galeria, Beth Reis - Quarto da tia. A
mostra teve ainda os trabalhos da Paisagista e Decoradora Adriana Fonseca -
Jardim frontal e jardim das jabuticabeiras, e do decorador Ovídio Cavalleiro -
Capela. A curadoria da mostra ficou a cargo de Antonio José Bethencourt-Dias,
que também ambientou a Sala de jantar.
Na abertura da
Mostra Casa Real, cerca de 500 convidados prestigiaram a primeira exposição de
Mobiliário e Arte dos Séculos XVIII e XIX, realizada na Fazenda São Luiz da Boa
Sorte em Vassouras, no Vale do Café. Estiveram presentes autoridades,
celebridades, artistas, políticos, antiquários e colecionadores. Foi realmente
uma excelente oportunidade para se conhecer um pouco da história do Ciclo do
Café, que foi beneficiado com a vinda de D. João e a família Real ao Brasil, em
1808, que aumentou o incentivo à plantação do café, e fez surgir imensas
fortunas e a consequente construção de verdadeiros palácios financiados pelo
"ouro-verde" que enriqueceu o país. A história do apogeu e da
opulência dos Barões, do cotidiano da vida na sede das vivendas, e do trabalho
escravo que levou o Brasil a ser o maior produtor do grão no mundo.
Sala das Senhoras por Cláudia Brassaroto
|
A Mostra Casa Real
não apenas começa a resgatar a memória desse período áureo, como coloca novamente
o Estado do Rio de Janeiro no calendário dos grandes eventos de arte, no mesmo
nível dos melhores salões de antiguidades. O evento será realizado anualmente,
sempre inserido na programação do Festival do Vale do Café, que é organizado
com sucesso há 11 anos pelo Instituto Preservale.
Sala de Jantar ambientada por Antonio José Bethencourt-Dias
|
Quarto do Conde D’Eu Roseli Müller |
Nenhum comentário:
Postar um comentário