A Catedral de Marselha |
Um século mais tarde, Marselha via-se atacada pelos sarracenos que, depois de consumada a conquista da Península Ibérica, procuravam estabelecer novas cabeças de ponte em outros países da Europa. No entanto, a cidade não demorou a ficar livre desses seus novos invasores.
Quando decidiram libertar Jerusalém - a Cidade Santa - que permanecia nas mãos dos infiéis, os cristãos organizaram as cruzadas, que contaram com o apoio de vários monarcas europeus e provocaram, a princípio, grande entusiasmo nos países cujos fiéis obedeciam à orientação do papa. Marselha tornou-se naquela época o ponto de partida ideal para o embarque dos soldados da Cruz em demanda da Terra Santa. O porto encheu-se de embarcações de diversas nacionalidades e os comerciantes aproveitaram a ocasião para vender mantimentos, agasalhos e armas aos soldados.
Anexada à França em 1481, Marselha já disputava com Gênova, há vários anos, o domínio comercial do Mediterrâneo. Seu fastígio, contudo, ficou seriamente comprometido a partir do início da Revolução Francesa(1789).
Um corpo de combatentes recrutados na região e enviados para Paris, em 1792, para colaborar com os revolucionários, adotou como hino (e espalhou na capital francesa) o Canto de Guerra do Exército do Reno, o qual, composto na cidade de Estrasburgo, destinava-se a levantar o ânimo das tropas que deviam combater os austríacos, depois de cruzarem a fronteira assinalada pelo Reno. De tal forma o Canto de Guerra e o entusiasmo dos que cantavam agradaram os parisienses que aquela melodia se transformaria no hino nacional francês, logo após a proclamação da República, ficando conhecida, daí por diante, pela denominação de A Mersalhesa. Proibida posteriormente, sob o Império e a Restauração, a canção voltaria, após a queda do Segundo Império, à condição de hino da França.
A proclamação da República Francesa, a que se seguiu o advento do Primeiro Império, provocou forte reação militar por parte da Inglaterra, que, com sua poderosa marinha de guerra, bloqueou os portos franceses, prejudicando a economia de Marselha. Felizmente, depois da derrota de Napoleão em Waterloo e com a volta de Louis XVIII ao trono francês, normalizou-se a situação nos diversos portos do país.
Seguiu-se depois o início da expansão colonial da França, com a conquista da Argélia, em 1830, e de outros territórios no continente africano, além da anexação da Indochina, na Ásia, completada em 1885. O comércio com essas colônias era feito, em sua maior arte, através da utilização do porto de Marselha, para onde afluíam comerciantes e exportadores não só franceses como de outras nacionalidades.
Outro fator importante que ajudou Marselha foi a abertura do Canal de Suez em 1869, que teve como principal resultado o encurtamento da rota marítima para o Oriente, o que fez com que o porto passasse à privilegiada condição de escala praticamente obrigatória dos navios que faziam o transporte de passageiros e mercadorias que se destinavam não só aos países asiáticos, como também às colônias européias estabelecidas na África oriental.
A navegação a vapor, que se intensificara em todo o Ocidente a partir da segunda metade do século XIX, forçava as embarcações a fazer escalas em vários portos, a fim de que pudessem ser renovadas suas provisões, tanto de combustível (carvão) como de água e mantimentos. Marselha foi assim sensivelmente beneficiada, graças à sua localização geográfica, e as principais companhias de navegação francesas aí estabeleceram suas sedes, além disso, a cidade ainda abrigava numerosas agências de empresas estrangeiras cujos navios utilizavam seu porto como parada.
Na segunda década do século XX teve início a Primeira Guerra Mundial. O porto de Marselha, a salvo dos ataques da marinha de guerra alemã, tornou-se a mais segura base para o abastecimento da França. Tal fato já não ocorreria durante o segundo conflito, em virtude de a situação se ter modificado inteiramente. Com a capitulação francesa em 1940, a cidade passou a integrar o território sujeito ao governo de Vichy, condição que fazia com que ela fosse considerada zona de guerra inimiga pela poderosa marinha de guerra inglesa que, dominando o Mediterrâneo, efetuava rigoroso bloqueio a todos os portos localizados no sul da França.
Em novembro de 1942 os nazistas ocuparam Marselha, situação que perdurou até 1944, quando Paris foi tomada pelos exércitos aliados. Seguiu-se, então, um período de grande atividade para o porto de Marselha. A população da cidade aumentou consideravelmente e houve grande desenvolvimento econômico e cultural. Cercada ao longe por várias montanhas e localizada perto do delta do Ródano de um lado, e das principais cidades da Cote d'Azur do outro, Marselha, em sua condição de maior cidade da Provença é ponto de parada para todos quantos desejam conhecer não só o progresso como também as belezas naturais, monumentos e construções históricas dessa região da França meridional.
Igreja de Notre Dame (Notre-Dame de la Guarde) vista no alto de uma colina |
Notre-Dame de la Garde (literalmente Nossa Senhora da Guarda), é a igreja basílica de Marselha. Foi construída no estilo Neo-bizantino pelo arquiteto Henri-Jacques Esperandieu sobre as fundações de um antigo forte localizado no ponto mais alto natural em Marselha, a 149 metros de um afloramento calcário no lado sul do Porto Velho. É um importante marco da cidade e local de uma peregrinação anual popular que acontece no dia 15 de agosto.
A basílica foi consagrada em 05 de junho de 1864 e substituiu a igreja de mesmo nome, construída em 1214 e restaurado no século XV. Foi serguida sobre as fundações de uma fortaleza do século XVI construída por Francisco I de França para resistir ao cerco de 1536 pelo imperador Charles V . A basílica é composto de uma igreja inferior ou cripta, no estilo românico esculpido na rocha , bem como uma igreja superior. no estilo Neo- bizantino, decorada com mosaicos. A praça da torre do sino de 41 metros, encimada por um campanário de 12,5 metros, suporta uma monumental e pesada estátua da Nossa Senhora com o Menino feita de cobre dourado com folha de ouro.
Os habitantes de Marselha tradicionalmente vêem a Notre-Dame de la Garde como o guardião e protetor da cidade. Os moradores geralmente se referem a ela como la bonne mère ("a boa mãe").
Catedral de Marselha
A Catedral de Marselha (Cathédrale Sainte-Marie-Majeure de Marseille ou Cathédrale de la Major) é uma igreja construída em uma enorme escala no estilo românico- bizantino. Começou a ser construída 1852 e finalizada em 1896, com mármore e rochas, o que deu um aspecto diferente comparado às outras catedrais. É a sede da Arquidiocese de Marselha. Ainda restam algumas estruturas modestas da catedral mais antiga que foi em grande parte demolida. O compositor Charles Desmazures foi organista da Sé Velha.
A Catedral de Marselha é um dos principais pontos turísticos da cidade, está localizada um pouco fora do centro, próximo ao porto.
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