João Baptista da Costa foi e ainda é exemplo de que a arte pode ajudar a superar
as dificuldades de uma infância pobre. Apesar de uma vida cheia de tropeços e
adversidades, marcada por perdas insuperáveis, ele se tornou um dos maiores
paisagistas do Brasil. Dedicou sua vida à pintura, alcançou o reconhecimento e,
sobretudo, nos deixou um rico acervo, que nos remete a uma época em que a natureza
intocada ainda predominava em nossa paisagem.
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"Rio Piabanha" (atual Rua Visconde do Rio Branco), Petrópolis, assinado e datado de 1910, medindo 33,5 x 47 cm |
Nascido na cidade de Itaguaí, interior do Estado do Rio de Janeiro, no ano de 1865,
Baptista da Costa perdeu os pais aos oito anos de idade. Durante pouco tempo morou
com parentes, mas as dificuldades de adaptação e a rebeldia o levaram a perambular
pelas ruas até ser recolhido em um orfanato, o Asilo de Menores Desamparados. O
que seria um infortúnio para uns, acabou por se configurar na sorte do menino João.
No internato ele aprendeu diversas coisas, pode cursar a escola, tocar na banda e fazer cursos de desenho.
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“Menina na Escada", ost 30 x 22 cm, de 1895 |
Percebendo logo o talento daquele menino, o professor Antônio Araújo de Sousa
Lobo se torna um de seus maiores incentivadores. Aos 20 anos, Baptista da Costa se
inscreveu na Imperial Academia de Belas Artes, iniciando um curso que durou até 1889.
Depois de deixar a Academia, integrou a Exposição Geral de Belas-Artes com o retrato
de uma jovem. Além de ganhar a menção honrosa, conquistou o coração da moça,
Margarida Berna, que aparece na tela premiada sob clara luminosidade, contra um belo
bosque.
Em 1894, o artista recebe o prêmio de viagem a Europa, o primeiro a ser concedido pelo
Salão Nacional de Belas-Artes. Já casado com Margarida e motivado pelo sucesso do
Salão, realiza três exposições individuais, no Rio, em São Paulo e na Escola Nacional
de Belas-Artes. Em seguida, vai direto para Paris, onde ficou por nove anos e passou
a freqüentar a Academia Julien. Também pinta nas cidades de Roma, Nápoles e Capri.
Mais uma vez, Baptista da Costa recebe um golpe do destino com a morte inesperada de
sua esposa Margarida.
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Antiga Usina da Luz em Corrêas, RJ (detalhe) |
Retornou ao Brasil em 1906 e para superar mais uma perda, passa a dedicar-se
integralmente ao trabalho. Na mesma época é nomeado diretor da Escola Nacional de
Belas-Artes. Durante toda sua carreira, participou diversas vezes do Salão Nacional e
chegou a ser agraciado com a medalha de ouro de primeira classe no ano de 1904, com
o quadro "Fim de Jornada". Segue pintando incessantemente até seu falecimento, em
1926, aos 61 anos. No mesmo ano a Escola Nacional de Belas-Artes organizou uma
retrospectiva de sua obra e em 1965, uma exposição comemorativa pela ocasião de seu
centenário fez sucesso no Museu Nacional de Belas Artes.
Belo e delicado trabalho que retrata uma época
ResponderExcluirpoética, tal e qual a paisagem retratada!