Meu olhar sobre Giverny


Por Litiere C. Oliveira


Uma coisa é ver nas fotografias de livros e revistas, ou assistir a filmes no cinema e na televisão. Outra, bem diferente, é olhar pessoalmente, entrar num templo da arte impressionista, passear pelos bucólicos jardins, sentir nos dedos a textura das flores, pisar nos caminhos percorridos pelo mestre Claude Monet, procurar os ângulos escolhidos pelo artista para pintar seus quadros, atravessar as pontes somente vistas antes nas suas pinturas em museus, admirar as ninféias. Emocionante também é subir a escadinha que leva até sua casa, entrar na sua intimidade, ver sua cama, seus móveis e objetos pessoais, a poltrona onde dormitava, admirar o seu studio... uma tela esperando inutilmente no cavalete, ouvir o seu riso ecoando nas paredes e sentir os odores da sua comida na cozinha com a mesa arrumada, como se de repente ele fosse entrar com o avental todo sujo de tinta.

Giverny é emocionante.

De todas as janelas da casa de Monet
se avista os jardins de Giverny
Claude Monet (1840-1926) mudou-se para Giverny em 1883, e ali viveu durante 43 anos, até a sua morte. A propriedade está localizada na Normandia, a sessenta quilômetros de Paris, próxima ao rio Sena. Ele mesmo criou os jardins, sua grande fonte de inspiração, onde deu início a uma nova fase de sua produção artística pintando uma série de paisagens em diferentes horas e com diferentes incidências de luz, muitas das vezes utilizando o mesmo ângulo. Ele acreditava que isolar um momento, pintando-o uma única vez, era negar a passagem do tempo, pois a cada instante a luz muda e, com ela, o aspecto da paisagem - a pura essência do impressionismo.

As pequenas pontes japonesas, as flores, os chorões e o lago das ninféias inspiravam o artista.
O quadro de Monet, ao lado, parece ter sido pintado do mesmo ângulo onde a foto foi feita
Quase todo dia Monet percorria e cuidava dos jardins. Com seu cavalete, o grande pintor francês do impressionismo saia à procura de novas imagens, novos ângulos. Quando se decidia, abria seu pára-sol e pintava a mesma cena em diversas horas do dia. As pequenas pontes japonesas, as flores, os chorões, o lago das ninféias e o barco o inspiravam na criação de suas pinturas. A partir de 1900 até a data de sua morte ele pinta a série "Ninféias", num total de dezenove painéis, que depois doou ao governo francês.
A tranquilidade do lago com ninfeias
Depois da morte de Claude Monet, Giverny foi herdada por seu filho, Michel. Coma morte deste e por sua vontade, a casa passou a pertencer a Academia de Belas-Artes, que não cuidou da propriedade. Giverny ficou praticamente abandonada e, em 1977, a casa e os jardins, em ruínas, estavam quase irreconhecíveis. Foi quando começaram os trabalhos de restauração da propriedade, sob a responsabilidade do professor Gerald van der Kemp, conservador do Palácio de Versalhes. O financiamento da obra ficou por conta de um grupo de admiradores de Monet, que arrecadaram dois e meio milhão de dólares. O trabalho só foi possível porque a casa se encontrava ainda em pé e os móveis originais estavam guardados. Os jardins foram reconstituídos de acordo com planos, fotos e quadros do artista. Depois de restaurados e transformados em Fundação e Museu Claude Monet, atualmente a casa e os jardins se encontram exatamente como os criou o pintor.

Vista da casa através das flores dos jardins
Existem muitas publicações e livros imensos sobre Giverny. Mais do que escrever, a minha intenção foi fotografar os jardins e a casa de Monet, mostrando o meu olhar sobre Giverny através da minha máquina fotográfica.
Outro ângulo da casa de Monet

Vista do lago

O studio do pintor
O sofá do studio fica ao lado do janelão

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