Autor homenageado na
Flip 2012
A Festa Literária
Internacional de Paraty - FLIP, que acontece de 4 a 8 de julho de
2012, elegeu Carlos Drummond de Andrade como o autor homenageado
deste ano. A programação terá três eventos sobre o poeta na Tenda
dos Autores. No dia 4, Uma sessão dupla abre a décima edição da
Flip. Em comemoração aos dez anos do evento, Luis Fernando
Verissimo começa a noite falando sobre o valor da literatura, razão
de ser da festa. Silviano Santiago e Antonio Cicero fazem em seguida
a conferência sobre o autor homenageado da Flip 2012, Carlos
Drummond de Andrade, cujo nascimento completa 110 anos em outubro. Do
panorama da relação de Drummond com o século XX à leitura
detalhada de um de seus poemas, Santiago e Cicero descrevem os traços
fundamentais da obra de um dos maiores escritores brasileiros.
No dia 6, "Drummond
- o poeta moderno" é o tema desenvolvido por Antonio C. Secchin
e Alcides Villaça. Antes mesmo de sua estreia em livro com Alguma
poesia (1930), Carlos Drummond de Andrade é reconhecido e se afirma
como um poeta moderno em artigos e poemas publicados em jornais e
revistas. Como demonstra, no entanto, sua correspondência com Mário
de Andrade, essa modernidade não implica uma adesão irrestrita ao
ideário modernista. O que significa, então, ser moderno para
Drummond? Alcides Villaça e Antonio Carlos Secchin discutem essa
questão abordando tanto os livros mais famosos do poeta quanto
escritos praticamente desconhecidos de seus anos de formação.
No dia 8, "Drummond
- o poeta presente": Poucos autores parecem tão importantes
para pensar o que se escreve hoje na poesia brasileira quanto Carlos
Drummond de Andrade. Não é fácil, no entanto, precisar exatamente
em que consiste essa importância e de que maneira ela se manifesta.
Três poetas brasileiros exploram diferentes possibilidades de
resposta a essa questão. Num depoimento em vídeo gravado por Walter
Carvalho, Armando Freitas Filho fala de sua relação com Drummond,
partindo de uma definição inesperada do poeta mineiro como um autor
do Lado B. A mesa segue com uma discussão entre Eucanaã Ferraz e
Carlito Azevedo.
Mas a homenagem a
Drummond começou bem antes da festa literária de Paraty. A Flip e a
Fundação Casa de Rui Barbosa reuniram, no final de junho, críticos
de três gerações para um debate sobre a obra do poeta Carlos
Drummond de Andrade. O encontro é parte do Dia D, série de
comemorações em homenagem ao dia do nascimento de Drummond, 31 de
outubro, coordenadas pelo Instituto Moreira Salles. Com o tema
"Arquivo e Memória em Drummond", a mesa foi realizada no
auditório da Casa Rui Barbosa, no Rio de Janeiro. com a participação
dos críticos Marlene de Castro Correia, Júlio Castañon Guimarães
e Luciano Rosa. A mediação foi do jornalista Miguel Conde, curador
da Flip 2012.
O Dia D foi uma
iniciativa do Instituto Moreira Salles coordenada pelo poeta Eucanaã
Ferraz e pelo jornalista Flávio Moura, co-curador da homenagem a
Drummond na Flip 2012. O evento veio mobilizar críticos, escritores
e artistas em encontros organizados por diversas instituições em
Brasília, Belo Horizonte, Itabira, Lisboa, Paraty, Porto Alegre, Rio
de Janeiro e São Paulo.
Alguma Poesia
Desde 1930, quando
publicou seu primeiro livro, "Alguma Poesia", que o nome de
Carlos Drummond de Andrade abandonou o "alguma" e passou a
ser sinônimo da própria poesia. Seus versos foram, aos poucos,
mineiramente, tomando conta do Brasil, de tal modo que passaram a ser
parte de vida intelectual do país e ponto de referência para as
emoções de um povo, marcando a presença do poeta nascido há 110
anos, em 31 de outubro de 1902.
"Tenho apenas duas
mãos, e o sentimento do mundo" - foram palavras que se
incorporaram à filosofia de vida de muitos brasileiros, como outras
que ele veio compondo, ininterruptamente, até morrer, em 1987. Com o
tempo, sua poesia passou a ser lida em toda a América Latina,
traduzida para o espanhol, ao ponto de, por volta dos anos 60, não
haver um só poeta latino-americano que não tivesse alguma
influência de Drummond.
Com o tempo, estendeu
seu domínio também para a prosa. Produziu, para jornais, rios e
mais rios de crônicas, além de contos, relatando, numas e noutros,
com o mesmo ritmo pessoal, o mesmo sentimento do mundo, que havia nos
seus poemas. Como nos conselhos que deu a um compadre que desejava
fazer uma viagem ao Rio de Janeiro: o poeta avisa que a cidade está
muito cara, que venha depressa. Dizia ele: "venha correndo antes
que o ar seja cobrado na cidade do Rio de Janeiro, e a brisa custe
uns trocados, e lua outros, compadre, venha gozar das coisas
gratuitas e boas, mas venha depressa."
Apesar de ligeiros
pessimismos ocasionais, termina assim um de seus poemas em prosa:
"Admira é que existam a pesquisa de antibióticos, a Cruz
Vermelha internacional, Mozart, o amor."
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