Potes de Farmácia

  
Peças de porcelana francesa pintada coleção particular - RJ  
  
 Quem visita antiquários, casas de leilão ou feiras de antiguidades, costuma se deparar com potes de farmácia de porcelana lindamente pintada, apresentando nomes, iniciais ou abreviações incompreensíveis. Juntos com instrumentos científicos antigos, vasilhames, utensílios e balanças, são antiguidades raras e preciosas.
   Usados até a metade do século passado, os potes de farmácia cumpriam duas finalidades ao mesmo tempo: guardavam medicamentos, essências e outros produtos, e decoravam as prateleiras. Eram geralmente de fabricação francesa, em porcelana sem marca, de cor branca, com decorações de pássaros, plantas, flores, e frisos dourados. Numerados, ou com os nomes dos produtos escritos em latim, os potes de farmácia têm mais valor quando encontrado aos pares.
 
   
  Os elementos decorativos desses potes, tirados da flora, apresentam, pintados em seu bojo, plantas medicinais como as papoulas, digitalis e goivos, sempre cercando o símbolo da farmácia. Da medicina, os símbolos usados eram a cobra, a taça e o caduceu. Raros são os potes que apresentam o nome do estabelecimento gravado. No Brasil, os mais famosos são os da Santa Casa de Macaé-RJ, por serem decorados em grisaille, pelo seu tamanho e inscrição em português, mas fabricados na França.
   No final do século passado, uma fábrica francesa, de nome Villeroy Bosch, fabricou alguns potes que foram muito usados em nosso país. Essa fábrica, que trabalhava pensando mais no lado comercial, fazia seus trabalhos decalcados numa espécie de faiança, enquanto os anteriores eram executados em porcelana e pintados à mão. No começo do século passado apareceram potes em faiança, sem decoração alguma, guarnecidos de frisos simétricos, em tonalidade azul-rei. Nestes potes eram adaptados artísticos rótulos coloridos, onde, em letras douradas, eram pintados, às vezes em português, os nomes dos medicamentos.
   No Brasil Império apareceram potes de farmácia guarnecidos do brasão imperial. Os potes mais raros são conhecidos como tampa de coroa, pelo fato de terem uma cobra enrolada em sua tampa, semelhante a uma coroa achatada. Várias casas de caridade e hospitais da época do Império ainda possuem potes ou boiões de farmácia, como também são conhecidos em São Paulo. Na Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro, ainda existe uma rara coleção destes potes.  
  Existem alguns potes de farmácia em opalina e em cristal leitoso, de origem portuguesa, da antiga fábrica de Vista Alegre, em Aveiro - Portugal, que no início fabricou vidros raros. Documentos antigos falam, não só de vidros, dos potes de apotecários, como também de uma centena de peças de vidraria. Também para as boticas, como uso decorativo, entram em uso vidrões gigantes, com suas tampas em forma de pinha ou lapidadas em bola, utilizados cheios de água colorida. A cristaleria francesa de Baccarat também fabricou potes de opalina e de cristal de cor e ainda os mesmos boiões decorativos.

   Os alemães também fabricaram potes de porcelana e de vidro, mas esse fabrico já é do século passado industrializado, não sendo considerados como verdadeiras antiguidades. O vidro já é refratário e se apresentam nas cores azul-safira, verde, amarelo, conhaque e branco, possuindo mesmo uma nomenclatura já em desuso na farmacopéia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário