Museu d'Orsay


Poucos museus no mundo podem se dar ao luxo de emprestar 85 obras importantes de seu acervo para uma mostra itinerante, sem prejuízo da qualidade de sua exposição permanente. Detentor da mais importante coleção de obras impressionistas, o Museu d'Orsay cedeu 85 obras para a exposição "Impressionismo: Paris e a modernidade, Obras-Primas do Acervo do Museu d'Orsay de Paris, França', que ficou seis meses em exibição, primeiro no CCBB de São Paulo, e depois no CCBB do Rio de Janeiro, atraindo milhares de visitantes em filas que vararam a madrugada.
Antes do encerramento da mostra do CCBB, A Relíquia esteve no Museu D'Orsay e constatou que a grande maioria dos visitantes não acusou a ausência de nenhuma pintura na mostra permanente do museu, sendo que muitos estavam eufóricos com a exposição temporária "O Impressionismo e a Moda". Entretanto, os visitantes bem informados e aqueles que já’ tinham estado no Museu d'Orsay, sentiram falta, por exemplo, de "O Tocador de Pífaro", de Edouard Manet; das "Dançarinas subindo escada" de Edgar Degas; "Meninas no piano" de Pierre-Auguste Renoir; "A Estação de São Lázaro" de Claude Monet;  "A dança de salão em Arles", de Vincent van Gogh, entre outras menos citadas.
O Museu de Orsay é uma instituição privilegiada pela riqueza de suas coleções, possuindo cerca de 5.000 obras. Nele encontramos exposto todo o tipo de obras de arte: pinturas, esculturas, obras arquitetônicas, objetos de arte, mobiliário e decoração. A coleção de pinturas impressionista é tão grande que, mesmo com a retirada das obras que vieram para o Brasil, e o deslocamento de diversas pinturas para a mostra "O Impressionismo e a Moda", no local destinado a exposições temporárias, os salões do último andar, onde são exibidas as obras dos impressionistas, não ficaram esvaziados. Com exceção de "Olympia", de Edouard Manet, apontada pelos historiadores como a primeira pintura do estilo impressionista, que está exposta numa sala à esquerda, logo na entrada do museu, lá em cima estão enfileirados obras e mais obras de todos os principais pintores impressionistas.
Nesta matéria, vamos nos concentrar somente nas pinturas, ordenadas cronologicamente desde do período de 1848 até 1914. O que também diferencia o d'Orsay é precisamente o fato que ele suporta o acesso a todo o aspecto da história da arte. A coleção do museu possui muitas telas nas quais o público não consegue mais entender os ecos dos eventos a que elas se referem, como por exemplo, o quadro "Jovem negro com espada" (1850) de Pierre Puvis de Chavannes (foto acima) que evoca a abolição da escravatura decretada pela República, ou "Mal'Aria" (1848-49) de Ernest Hébert (foto à esquerda) que nos confronta com a violência do governo de Louis-Napoleão Bonaparte, somente para citar dois exemplos.

Pierre Puvis de Chavannes - Jovens
mulheres à beira-mar, ost 205 x 154 cm, 1879

A história
O Museu d'Orsay situa-se na margem esquerda do rio Sena, no VII Arrondissement, em frente ao Jardim das Tulherias, no local onde antes existia o Palais d'Orsay, um antigo edifício administrativo, construído para acolher o Conselho de Estado em 1840. O palácio foi destruído por um incêndio em 1971 e o local onde se situava foi comprado em seguida pela Compagnie du Chemin de fer de Paris à Orléans (Companhia do Caminho de ferro de Paris a Orleães), que aí ergueria a sua nova estação ferroviária, a Gare d'Orsay, um projeto  do arquiteto Victour Laloux.
O Palais d'Orsay foi inaugurado em 1898, a tempo da Exposição Universal de 1900. Em 1939, deixou de ser o terminal da linha que ligava Paris a Orleães devido ao comprimento reduzido do cais, passando a ser apenas uma estação da rede suburbana de trem; e mais tarde, durante a Segunda Guerra Mundial serviu de centro de correios. A estação foi fechada em 1º de Janeiro de 1973. Em 1977, o Governo francês decidiu transformar o espaço num museu. Foi inaugurado pelo presidente de então, François Mitterrand, em 1º de Dezembro de 1986. Os arquitetos Renaud Bardon, Pierre Colboc e Jean-Paul Philippon foram os responsáveis pela adaptação da estação.

Adolphe-William Bouguereau - Dante e Virgílio,ost 280 x 225 cm, 1850

As coleções
Certamente, o Museu d'Orsay é o guardião de um tesouro. As coleções do museu apresentam principalmente pinturas e esculturas da arte ocidental do período compreendido entre 1848 e 1914. As coleções do museu provêm essencialmente de três locais: do Museu do Louvre, as obras de artistas nascidos a partir de 1820, ou que tenham emergido no mundo da arte com a Segunda República; do museu do Jeu de Paume, as obras impressionistas desde 1947; e do Museu de Arte Moderna de Paris, as obras mais recentes. Para complementar, uma série de empréstimos de outros museus e instituições públicas, como Artes Decorativas, Versailles, Fontainebleau, Mobiliário Nacional e da Manufatura de Sèvres. Ocorreram muitas doações generosas e algumas aquisições importantes foram feitas depois. Estas coleções abrangem várias vertentes das artes plásticas tais como a pintura, a escultura, a fotografia, entre outras.
O Museu d'Orsay é um daqueles lugares onde o passado e o presente se encontram em formas que estão sendo constantemente redefinidas.
No início, o Museu d'Orsay estava mais interessado em obras acadêmicas patrocinadas pelo Estado, recebendo muita interferência de políticos, mas depois se voltou para obras de artistas que tinham sido excluídos do Salão de Arte de Paris. Assim, o sucesso da arte acadêmica caiu diante da perspectiva modernista que prevaleceu até meados do século XX, levando junto os avanços formais e intelectuais das vanguardas e da arte abstrata.
Ao lado de importantes telas de Bouguereau, Barrias, Robert-Fleury, Gervex, Dinet e até Geoffroy, estão ai presentes obras de Van Gogh, Gaugin, Maurice Denis, Odilon Redon, e Degas, Manet, Monet, Renoir, entre outras. Existem também exposições temporárias que decorrem paralelamente à exposição permanente.

Vista do pátio das esculturas no primeiro piso do museu

Para conhecer o Museu d’Orsay, comece passeando pela Galeria das Esculturas, a do centro, que está no nível 0. De um lado e outro, várias salas com pinturas de diversas épocas. Visite a galeria de Van Gogh e Gaugin, ou pegue o elevador e vá diretamente ao andar dos impressionistas. Se você é um apaixonado por móveis e decoração, visite no primeiro andar a ala dedicada ao modernismo e art noveau, com muitos móveis do belga Victor Horta.


Serviço

Museu d'Orsay
1, Rue de la Legion d'Honneur 75007  - Paris - França.
O museu fecha na segunda-feira. Na terça, quarta, e de sexta a domingo abre das 09h30min às 18:00 horas. Na quinta faz serão, e fica aberto até às 21h45min horas.
Metro: Solferino / Musée d'Orsay (Linha 12). O RER-C tem uma estação na frente do museu; os ônibus 24, 68 e 69 também param praticamente na frente, e nas proximidades também param os ônibus: 63, 73, 83, 84 e 94.

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