França Impressionista


"Impressão, Nascer do Sol - eu bem o sabia! Pensava eu, se estou impressionado é porque lá há uma impressão. E que liberdade, que suavidade de pincel! Um papel de parede é mais elaborado que esta cena marinha".
Foi por causa dessa crítica acima, feita pelo pintor e escritor Louis Leroy ao quadro "Impressão - Nascer do Sol" (foto) de Claude Monet (1840-1926), que surgiu o termo Impressionismo. Como se observa, foi usado originalmente de forma pejorativa, mas Monet e seus colegas adotaram o título, sabendo da revolução que estavam iniciando (ou continuando) na pintura.
O quadro de Monet foi pintado em 1872, e a crítica de Leroy foi escrita em 1874, quando houve a primeira exposição de um grupo de artistas no ateliê do fotógrafo Maurice Nadar. Entretanto, muito antes desse evento, em 1865, segundo historiadores, nascia realmente o estilo de pintura que depois seria conhecido como Impressionismo. Foi quando o pintor Edouard Manet (1832-83), expôs o quadro "Olympia", considerado por ele mesmo a sua obra-prima, no Salon de 1865. A pintura foi execrada pela crítica: foi qualificado de obsceno, porque "não excitava os sentidos com sugestões epidérmicas complacentes"; foi considerado feio, "porque lhe faltavam todas as modulações insinuantes" e, também, por contrariar o conceito tradicional de modelação e espaço pictural. O público tomou como afronta a aguda confrontação criada por Edouard Manet.
Segundo o historiador Norbert Lynton, Olympia (1863) “é um quadro na tradição dos nus reclinados que remonta à Vênus de Giorgiani, podendo ser descrito como uma síntese de elementos recolhidos de Giorgiani, Ticiano, Velásquez, Goya e Ingres". Manet tinha uma profunda admiração por um número considerável de velhos mestres e pretendia basear sua obra em seus quadros. Mas também representa o caso extremo de um pintor que acaba desenvolvendo um idioma considerado altamente artificial por pessoas que o observavam menos atentamente. As imprecações dirigidas a Olympia estabeleceram um novo "ponto-baixo" nas relações pintor-público e o ano de 1865 marcou a consolidação final do grande cisma - produto do romantismo - entre o artista e o seu público. E para Manet, que desejava ardentemente um reconhecimento oficial e uma aura de res-peitabilidade, foi uma penosa experiência que teve como consequência imediata transformá-lo num revolucionário e também reunir à sua volta um grupo de artistas mais jovens que consagraram Edouard Manet como o seu herói. 

Claude Monet (1840-1926) - Impressão - Nascer do Sol
Edouard Manet não se considerava um impressionista, mas foi em torno dele que se reuniram grande parte dos artistas que viriam a ser chamados de Impressionistas. O Impressionismo possui a característica de quebrar os laços com o passado e diversas obras de Manet são inspiradas na tradição. Suas obras no entanto serviram de inspiração para os novos pintores. Eram estes os impressionistas, principalmente Monet, Renoir, Pissarro e Sisley. O objetivo desses pintores era representar o caráter óptico da paisagem e outros temas, com exclusão de outros aspectos da realidade. Claude Monet desenvolveu uma técnica revolucionária: a de cobrir uma tela branca com pinceladas justapostas de tintas não mescladas. A brancura da tela reforça o brilho das cores e estas não são encobertas pela mescla na paleta nem pela mistura na tela. Os impressionistas acrescentaram a isso o gosto pelos tons claros e uma aversão quase canônica ao preto, imprimindo uma claridade a suas obras que na época parecia insuportável.
Claude Monet foi o mais implacável de todos os impressionistas, o primeiro a rejeitar a arte dos museus em sua totalidade. Ele desenvolveu a técnica característica da pintura impressionista e seus colegas trabalharam de maneira semelhante à dele, antes de encontrarem um estilo mais pessoal. Embora os pintores talvez não estivessem cientes disso, as consequências desse gênero resultou numa nova espécie de unidade pictórica - ou pelo menos, num restabelecimento da unidade pictórica que existia na pintura medieval e no começo da pintura do Renascimento, até o desenvolvimento do claro-escuro, mas com uma série de elementos novos. A ênfase conferida à pincelada, representando os raios de luz, impedia o delineamento das formas, tornando difícil para os contemporâneos distinguir os motivos das pinturas impressionistas.
Os autores impressionistas passaram a não mais se preocuparem com os preceitos do Realismo ou da academia. A busca pelos elementos fundamentais de cada arte levou os esses pintores a pesquisar a produção pictórica não mais interessados em temáticas nobres ou no retrato fiel da realidade, mas em ver o quadro como obra em si mesma. A luz e o movimento utilizando pinceladas soltas tornam-se o principal elemento da pintura, sendo que geralmente as telas eram pintadas ao ar livre para que o pintor pudesse capturar melhor as nuances da natureza.
A emergente arte visual do Impressionismo foi logo seguida por movimentos análogos em outros meios, os quais ficaram conhecidos como, música impressionista e literatura impressionista.
São as seguintes as orientações gerais que caracterizam a pintura impressionista: A pintura deve mostrar as tonalidades que os objetos adquirem ao refletir a luz do sol num determinado momento, pois as cores da natureza mudam constantemente, dependendo da incidência da luz do sol; e também, com isto, é uma pintura instantânea (captar o momento), recorrendo, inclusivamente à fotografia; as figuras não devem ter contornos nítidos pois o desenho deixa de ser o principal meio estrutural do quadro, passando a ser a mancha/cor (a linha é uma abstração do ser humano para representar imagens); as sombras devem ser luminosas e coloridas, tal como é a impressão visual que nos causam, o preto jamais é usado em uma obra impressionista plena; os contrastes de luz e sombra devem ser obtidos de acordo com a lei das cores complementares - assim um amarelo próximo a um violeta produz um efeito mais real do que um claro-escuro muito utilizado pelos acadêmicos no passado (Essa orientação viria dar, mais tarde, origem ao pontilhismo); preferência pelos pintores em representar uma natureza morta do que um objeto; as cores e tonalidades não devem ser obtidas pela mistura das tintas na paleta do pintor, pelo contrário, devem ser puras e dissociadas no quadro em pequenas pinceladas. É o observador que, ao admirar a pintura, combina as várias cores, obtendo o resultado final. A mistura deixa, portanto, de ser técnica para se tornar óptica.
Entre os principais expoentes do Impressionismo estão, além de Edouard Manet (que não se considerava um impressionista), Claude Monet, Edgar Degas (1834-1917 - considerado clássico por alguns), Auguste Renoir (1841-1919), Camille Pissarro (1830-1903), Alfred Sisley (1839-99), Morisot, Caillebotte, Boldini, Mary Cassatt, Turner e Vincent Van Gogh (1853-90), este considerado pós-impressionista, juntamente com Paul Gauguin (1848-1903), Georges Seurat (1859-91) e Paul Cézanne (1839-1906), entre outros.

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