Opalina

a beleza que nasceu do erro

Muito apreciadas e valorizadas, as opalinas apareceram na França no ano de 1840, sendo seu primeiro fabricante a cristaleria de Baccarat. Nasceu de um erro da manufatura francesa, pois uma mistura de areias destinada ao fabrico de uma massa de cristal, repentinamente se apresentou com um colorido e decomposição de cor, meio nebuloso, que lembrava a opala, pedra que possui as cores do arco-íris. Daí o nome "Opalina".
Tornando-se moda no período romântico, vamos encontrar neste material os mais diversos objetos: lavatórios, lustres, castiçais, caixas, vidros para perfume, copos, jarros, enfim uma série de peças ornamentais e algumas de utilidade. Além da Baccarat, outras fábricas fizeram cristal de opalina: São Luís, Clichy e, na Bélgica, Val Saint-Lambert.
As cores da opalina são poucas, embora de tonalidades variadas: as mais raras são as amarelas, cor de gema de ovo. As rosas aparecem em diversas tonalidades, desde o rosa intenso cor de goiaba, até o rosa seco. As verdes se apresentam na cor verde-alface, verde-folha e verde-água. As azuis vão desde o azul-cobalto (azul-real), ao azul-turquesa, ao azul-lavanda e levemente lilás. As mais comuns e menos valorizadas são as brancas que, como curiosidade, possui na sua composição o arsênico, um poderoso e fatal veneno.
Peças de grande valor são as compostas de duas ou mais cores. São peças raras devido às emendas feitas nas cores, pois cada peça de cor diferente tem que ter o ponto de fusão igual, para que não se rache ao ser emendada. As opalinas douradas e pintadas à mão também são raras, pelo fato de a opalina não suportar o calor do forno para secar a pintura e sua decoração.
Alguns potentados do Oriente, notadamente da Pérsia e da Turquia, encomendaram por volta de 1850 peças com decoração oriental à cristaleria de Baccarat; daí encontrarmos exemplares de gosto oriental, conhecidos sob a denominação de "turquérie" ou "à la turque", decoradas com gosto oriental ou ainda com decoração de esmalte em relevo, com a presença de pequenas pedras em "cabuchon" e colorido variado. Nas tampas das garrafas nota-se uma característica bem oriental: sua forma lembra os minaretes pontiagudos das inúmeras mesquitas do longínquo oriente.
Por volta de 1870 vão aparecer, no auge da Era Vitoriana, as opalinas mais leves, com suas bocas plissadas, conhecidas pela denominação de opalinas da Boêmia: fruteiras, cornucópias, pratos, lustres e vasos que recebem essa decoração de gosto vitoriano; pássaros e flores, às vezes em relevo, principalmente a chamada flor-da-saudade, a fúcsia, a rosa-de-bess, os brincos de princesa e borboletas aparecem pousadas então, singelamente, nos galhos de flores. Surgem nesse período as opalinas duplas, feitas inicialmente em branco e depois capeadas de outra cor. Já no final da época Vitoriana, aparecem as opalinas inspiradas no "art-nouveau" que apenas pela sua decoração característica relatam e documentam uma época perto de nós e realmente consideradas, até pouco tempo, de gosto duvidoso.
Em 1980 uma fábrica francesa, com o nome de "Portieux" copiou peças Baccarat, prensando-as, as quais, fabricadas em opalinas e cristal, eram de gosto popular. São manteigueiras em forma de conchas, caixas, saleiros, etc. Logo depois do aparecimento dessas peças, as opalinas entraram em decadência e chegou ao fim o seu fabrico. Mais recentemente, a fábrica de Baccarat produziu peças de opalina em forma moderna, mas sem a beleza e aquela categoria imensas que possuem as peças fabricadas há muitos anos pela mesma cristaleria, as quais, talvez, o primitivismo e o próprio tempo tenham enobrecido.

Um comentário:

  1. obrigada... estou lendo um livro onde uma das personagens é apaixonada por peças de opalina, sonha obssessivamente com elas, mas não há descrição alguma, e eu não sabia o que era "opalina". agora, eu já sei.... e sei que são raras e caras!
    vi algumas imagens, e achei lindas, realmente... obrigada!

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