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A Ceia de Ismailovitch

A Ceia de Ismailovitch


Ismailovitch - A Ceia Brasileira - Homenagem ao Aleijadinho. Ost, 100 x 150cm, coleção particular.

A exposição "A Ceia Brasileira de Ismailovitch- Homenagem ao Aleijadinho", com curadoria de Eduardo Cavalcanti, especialmente concebida para a Jornada Mundial da Juventude 2013, reúne 17 pinturas e estudos preparatórios, apresentando o processo criativo do artista russobrasileiro, na criação de sua obra prima "Ceia - Homenagem ao Aleijadinho". Segundo o critico Antônio Bento, "Esta Ceia de Ismailovitch intitula-se, muito adequadamente, "Homenagem ao Aleijadinho". Trata-se, no gênero, de uma composição bem estruturada, onde as imagens de Aleijadinho estão agrupadas numa assembléia cheia de trágicos prenúncios, à véspera da Paixão. É ainda uma das telas mais representativas, feitas  no Brasil, para enaltecer a glória e a vigorosa criação plástica do grande mestre do barroco mineiro".
Considerado um mestre do realismo, Dimitri Ismailovitch (1890-1976) retorna ao cenário artístico brasileiro, após quatro décadas de ausência.
A exposição - que reúne ainda uma pintura do Santuário  Bom Jesus de Matosinhos em Congonhas do Campo, um autorretrato, fotos e uma trilha sonora de Villa-Lobos, especialmente elaborada pela equipe do Museu Villa-Lobos, além de textos de Antônio Bento e Carlos Drummond de Andrade. A exposição dialoga ainda com o Triptico Sôdade do Cordão e o retrato de Villa-Lobos, ambos de autoria de Ismailovitch e pertencentes ao acervo permanente do Museu Villa-Lobos.A mostra fica em cartaz de 23 de julho, a 30 de setembro no Museu Villa-Lobos, rua Sorocaba, 200, Botafogo -Rio de Janeiro. (Eduardo Mendes Cavalcanti)
"Durante uma excursão a Ouro Preto,realizada a mais de trinta anos, o pintor Dimitri Ismailovitch interessou-se vivamente pela obra de Aleijadinho, em torno da qual fez vários desenhos e quadros. O maior desses trabalhos é a Ceia Larga, em que todos os comensais tem cabeças modeladas sobre figuras iconográfiacas produzidas pelo grande escultor brasileiro.
Assim, o Salvador aparece com a mesma fisionomia do Cristo de madeira do Passo II de Congonhas.Alguns dos apóstolos são os profetas de Congonhas.Pedro é o mesmo do passo VI e outro apóstolo tem  a cabeça do São Jorge que se encontra no museu de Ouro Preto.
Finalmente, o traidor é o próprio Judas da Igreja de N.Sa das Mercês.Esta Ceia de Ismailovitch intitula-se, muito adequadamente, "Homenagem ao Aleijadinho". Trata-se, no gênero, de uma composição bem estruturada, onde as imagens de Aleijadinho estão agrupadas numa assembléia cheia de trágicos prenúncios, à véspera da Paixão. É ainda uma das telas mais representativas, feitas  no Brasil, para enaltecer a glória e a vigorosa criação plástica do grande mestre do barroco mineiro" (Rio de Janeiro, janeiro de 1970 - Antonio Bento - 1902-1988)

Biografia
Pintor e desenhista, Dimitri Ismailovitch nasceu em 11 de abril de 1890, no então Império Russo, na  cidade de Satanov na Ucrânia. Era filho de Basilio e Natalia Ismailovitch. Estudou na escola militar Paulo I, em São Petersburgo, e já como tenente, assistiu as grandes manobras militares na França em 1911. Estudos e visitas a museus de Paris. Com o início da Primeira Guerra Mundial, serviu inicialmente na frente de batalha como metralhador, sendo posteriormente promovido a oficial membro do estado-maior do general Brusilov.
Em paralelo, havia também se dedicado à pintura, tendo tido os primeiros estudos com os professores Zinoviev, Evlampiev, Dmitriev-Kavkazski e Selezniov. Ingressou na Academia de Belas Artes da Ucrânia em 1918, tendo aulas com os professores  Juk, Buratchek e Kritchevski, apresentando então, sua primeira exposição individual. Em meados de 1919, fugindo do regime imposto pela Revolução Bolchevique de 1917, se exilou em Constantinopla, onde estudou arte bizantina e persa.
Influenciado pelo pintor de vanguarda russo Alexis Gritchenko (1883-1977), pintou óleos e aquarelas fundindo a arte bizantina e russa antiga, com o modernismo europeu. Copiou afrescos e mosaicos da mesquita de Kahrié-Djami, antigo mosteiro bizantino de Chora, com o intuito de prosseguir, por conta própria, o trabalho interrompido pelo Instituto Arqueológico Imperial Russo.
Saiu de Constantinopla no início de 1927, passando pela Grécia, onde fez exposição individual no Hotel Splendit, viajando em seguida para os Estados Unidos. No mesmo ano, fez exposições individuais na Gordon Dunthorne Gallery, em Washington DC, e no Brooklin Museum, em Nova York. Na ocasião, contou com a ajuda de Edith Wilson, esposa do ex-presidente norteamericano Woodrow Wilson.
Chegou ao Rio de Janeiro ainda no ano de 1927, onde expôs individualmente na embaixada norte-americana, com catálogo prefaciado por Ronald de Carvalho. Conheceu Graça Aranha, escritor modernista, que o introduziu no meio artístico e intelectual.
No ano de 1828, realizou exposição individual no Victoria & Albert Museum, em Londres, com grande repercussão.
Participou do Salão Revolucionário de 1931, na Escola Nacional de Belas Artes, ao lado de nomes como Tarsila do Amaral, Victor Brecheret, Ismael Nery, Cícero Dias, Guignard e Portinari.
No mesmo ano, fez uma exposição individual na rua Barão de Itapetininga 6, sob o patrocínio de Olívia Guedes Penteado, e a convite de Lasar Segall, participou da decoração do baile da Sociedade Pró-Arte Moderna(SPAM), em São Paulo.
Participou do Salão Paulista em 1939, 40, 49 e 1952; do Salão Nacional de Belas Artes de 1939, 52, 64, 66 e 1970; Exposição no Pavilhão Brasileiro da Feira Mundial de NovaYork e no Riverside Museum , juntamente com Portinari, e outros artistas, em 1939; Exposição individual no Museu de Belas Artes de Bordeaux, em 1948; Exposição individual no Museum fur Kunst und Gewerbe Hamburg, em 1966;Bienal de São Paulo; Salão Nacional de Arte Moderna (RJ), em 1966; entre outras exposições nacionais e internacionais. Ilustrou em 1936, o livro Mucambos do Nordeste de Gilberto Freyre e em 1943 e 1947, os dois volumes de Introdução à Antropologia Brasileira, de Arthur Ramos.
Naturalizou-se brasileiro em 1937, e consolidou-se como o retratista. A convite de Villa-Lobos, participou com Di Cavalcanti e a pintora Maria Margarida Soutello, da ornamentação do bloco carnavalesco Sôdade do Cordão em 1940.
Entre seus quadros mais famosos destaca-se a "Ceia-Homenagem ao Aleijadinho", baseado nas melhores obras do mestre do barroco mineiro.
Notabilizou-se como retratista, embora tenha se dedicado com igual talento à paisagem, à natureza morta, a arte sacra, aos estudos etnográficos, à documentação da flora e à abstração.Expôs individualmente no Museu de Arte de São Paulo (MASP), em 1952.Suas obras podem ser vistas no Museu Pushkin, Harvard Art Museum, Museu Nacional de Belas Artes(RJ), Museu de Arte Moderna(RJ), Museu Nacional(RJ), Pinacoteca do Estado de São Paulo, Bibliothèque Nationale de France, dentre outros. Entre seus discípulos mais destacados estão a pintora luso-brasileira Maria Margarida Soutello e o pintor russo Vasiliev-Kadik.
Faleceu no Rio de Janeiro no dia 16 de outubro de 1976.

Serviço
A Ceia Brasileira de Ismailovitch
Período: de 23 de julho, a 30 de setembro de 2013, de segunda a sexta de 10h às 17h.
Finais de semana de 12h às 18h. Entrada franca.
Local: Museu Villa-Lobos
Endereço: Rua Sorocaba, 200, Botafogo - Rio de Janeiro.

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