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Fundação Iberê Camargo: abertura de três exposições em junho


A partir de 14 de junho, a Fundação Iberê Camargo, em Porto Alegre, renova todo o seu espaço expositivo ao abrir as exposições Ione Saldanha: O Tempo e a Cor, Tomie Ohtake - Pinturas Cegas e O "outro" na Pintura de Iberê Camargo. O período de visitação será de 15 de junho a 12 de agosto de 2012 para as duas primeiras, estendendo-se até março de 2013 para a mostra sobre Iberê.

Ione Saldanha
Ione Saldanha - “Casas Verdes” OST – 1953
Passados dez anos da morte de Ione Saldanha, a Fundação recupera o legado desta importante artista. Nascida em Alegrete, no Rio Grande do Sul, Ione passou a maior parte da vida no Rio de Janeiro, onde faleceu em 2001, deixando uma obra conservada nas principais instituições e coleções brasileiras. Em seu extenso catálogo, os trabalhos denunciam uma experimentação constante com suportes e materiais, mas a sua sensibilidade apurada no emprego da cor, uma influência do pintor Alfredo Volpi, está presente em todos.
Ione Saldanha: O Tempo e a Cor é composta por quase 70 obras, entre desenhos, estudos, pinturas e objetos tridimensionais que estarão dispostos no terceiro andar do museu. Eles refazem o percurso artístico de Ione desde o seu período formativo até a produção derradeira, nos anos 90. A partir das figuras e fachadas realizadas nos anos 40 e 50, a disposição cronológica das obras permite ao visitante perceber como as pinturas vão se tornando mais geométricas e complexas do ponto de vista da forma e da cor até o momento em que adquirem caráter abstrato. Ao final da década de 60, Ione abandona a superfície bidimensional e pinta cuidadosamente sobre ripas, bobinas, e bambus. O maior volume de obras na exposição data da década de 1960 até os anos 80, quando Ione atinge a maturidade poética. O curador da retrospectiva, Luiz Camillo Osorio, comenta o trabalho da artista: "Sua obra consegue combinar o rigor formal da tradição concreta com a experimentação constante de novos materiais e suportes, sem abrir mão, entretanto, da dimensão lírica da cor. Trata-se, portanto, de uma artista que viveu de dentro a passagem do período moderno para o contemporâneo".

Tomie Ohtake
O quarto andar da Fundação Iberê Camargo recebe Pinturas Cegas, o resultado de uma experiência na qual a artista Tomie Ohtake, nascida no Japão e naturalizada brasileira, decide pintar uma série de quadros com os olhos vendados. As telas, produzidas entre 1959 e 1962, nasceram de um questionamento da artista a respeito do seu saber pictórico e do aprofundamento de sua pesquisa em questões óticas e oftalmológicas. Com as pinturas fora do seu campo de visão, Tomie estava livre para engajar-se na experiência e concentrar-se em outras formas de perceber a sua arte, como a importância do gesto e da intuição. Ela também trabalhou questões centrais que permeiam o conjunto de sua obra, como a contraposição do acaso à intencionalidade, o diálogo com o tempo, e elementos provindos da cultura Zen japonesa.
Para compor a mostra, exibida pela primeira vez no Instituto Tomie Ohtake entre 13 de abril e 19 de junho de 2011, o curador Paulo Herkenhoff se lançou a desafiadora tarefa de reunir cerca de 30 obras provenientes de acervos e coleções particulares espalhadas pelo Brasil. Dessa maneira, a exibição representa a primeira oportunidade de acesso a esta série realizada há mais de 50 anos.

Iberê Camargo
Iberê Camargo - “autorretrato” - OST - 1943.
A mostra O "Outro" na Pintura de Iberê Camargo busca alargar o entendimento do público a respeito da obra do artista ao colocar em evidência uma faceta desconhecida do seu trabalho. Para tanto, a curadora Maria Alice Milliet recupera o verso da imagem que o grande público tem de sua pintura, "esse rio de águas turvas", conforme ela coloca. Um total de 73 obras estarão à mostra no segundo andar do museu, entre pinturas (31), desenhos (14) e gravuras (28) integrantes do acervo da Fundação Iberê Camargo e de importantes instituições brasileiras. Em sua maior parte, os trabalhos datam de década de 1940 e 50, talvez o período menos estudado da obra do artista. Ao contrário da tinta espessa e sombria pela qual Iberê se tornou conhecido, os trabalhos expostos mostram uma certa limpidez e luminosidade. Seus temas incluem as vielas silenciosas do bairro carioca de Santa Tereza, os célebres carretéis e ainda garrafas que sugerem uma aproximação com obras do italiano Giorgio Morandi.
"A exposição apresenta, sobretudo, paisagens e naturezas mortas e algumas obras de 1961, que já são escuras. Mas o que eu pretendo enfatizar é o lado claro de Iberê. O equilíbrio, e não a angústia", explana Maria Alice. Essa duplicidade do artista está expressa na escolha de dois autorretratos, ambos sem título: o quadro de 1943 apresenta um Iberê de olhar incisivo pintado em tons de azul sobre uma superfície lisa e de composição bastante equilibrada, enquanto o de 1946 figura um Iberê inquieto, envolto por formas geométricas, e pinceladas de tinta pastosa em tons de amarelo e vermelho. As obras mais recentes da exposição são integrantes da série Fiada de Carretéis e datadas de 1961. Nelas, os tons escuros predominam e sinalizam ao visitante a agitação das grandes telas que Iberê viria a pintar posteriormente.


Serviço
Exposição Tomie Ohtake - Abertura: 14 de junho.
Visitação: De 15 de junho a 12 de agosto de 2012
Exposição Ione Saldanha - Abertura: 14 de junho.
Visitação: De 15 de junho a 12 de agosto de 2012
Exposição Iberê Camargo - Abertura: 14 de junho.
Visitação: De 15 de junho a 10 de março de 2013
FUNDAÇÃO IBERÊ CAMARGO Horário: Terça a domingo, das 12h às 19h e quinta, das 12h às 21h.
Endereço: Av. Padre Cacique, 2.000. Porto Alegre
Entrada Franca - Tel: 3247.8000. Site: www.iberecamargo.org.br

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