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A Guilda de São Francisco

Hoje dedico minha modesta coluna, justa homenagem ao amigo de longa data, Cláudio Valério Teixeira, renomado restaurador, historiador, crítico de arte e artista plástico, dentre inúmeras atividades culturais a serviço da Artes Plásticas Brasileira.
Não diferente nossa relação de amizade e profissional, seu pai, o grande artista Oswaldo Teixeira também foi grande amigo de meu pai, Rachid Kimaid; sem dúvida alguma, ambos escreveram importantíssimas páginas na história das artes plásticas brasileira, fundamental passo para a formação desse mercado de arte brasileiro, hoje uma realidade pulsante. Hoje, Cláudio e eu, nos sentimos orgulhosos em ver nossos filhos trilhando esse caminho tão bem iniciado por nossos saudosos pais, e quiçá nossos netos dêem continuidade com a mesma dedicação.
O Museu Nacional de Belas Artes, que outrora fora dirigido pelo seu pai, grande artista e exímio desenhista, hoje abriga uma importante mostra dos trabalhos de seu filho Claudio, não menos artista e desenhista, feito em parceria de Célio Belem e Milton Eulálio, também expressivos artistas e restauradores, sob o título “Guilda de São Francisco”.
Essa mostra ilustra com muita fidelidade a pintura Flamenga, remanescente do século XVII, com um atrativo interessante, organizada e executada por três artistas, justificando o título da exposição, Guilda (Associação de pessoas com um interesse comum existente na Idade Média que formavam-se, assim, guildas de arte, caridade, religiosas, e de fins sociais), e de São Francisco, pelo fato do atelier estar situado no Bairro de São Francisco, Niterói-RJ.
Trata-se de um projeto planejado, pesquisado e executado ao longo de seis anos, desenvolvido nas horas vagas, uma vez que o seu Ateliê de restauração por ser muito concorrido, absorvem, em muito, seus tempos, fora as demais atividades culturais exercidas por eles.
Um trecho do ótimo texto crítico feito por Jorge Coli, em outras palavras, analisa com muita propriedade o aprisionamento que o artista se submete ao aderir ao modernismo; hoje o artista é livre para fazer o que quiser, desde que seja moderno, e para ser moderno, não há lugar para tradições, não há espaço para o figurativo ou o decifrável, para o belo, o poético ou o lúdico.
Cada pintura executada para essa mostra, contem subsídios suficiente para escrever um livro de grosso calibre, se consideramos as pesquisas feita pelos autores, principalmente pela cultura que a envolve; cultura, essa palavra hoje tão desprezada pelos neófitos!
Uma obra de tamanha envergadura, realizado pelos Cláudio, Célio e Milton, sem pretensões mercadológicas, feito a partir de uma pesquisa minuciosa, e do esmero na sua execução, honra o verdadeira artista, aquele que coloca seu amor pela arte muito acima de qualquer ambição material.
Recebam publicamente os “parabéns” de um dos uníssonos defensores da verdadeira cultura, e convido todos leitores desse jornal que apreciam a arte em toda sua essência e extensão, para assistir essa impecável exposição no MNBA até o dia 05 de fevereiro de 2012.



Milton Eulalio, Claudio Valerio, eu e Celio Belem


Ricardo Kimaid
tel 21 2273-3398

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